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a lira do delírio
Anecy Rocha: "Se eu morrer amanhã..."
Brasil, 1978
Direção, argumento e roteiro: Walter Lima Jr
Produção: Walter Lima Jr, R. F. Farias, Embrafilme
Fotografia: Dib Lutfi
Montagem: Mair Tavares
Edição final: Amauri Alves
Cenografia: Régis Monteiro
Figurino: Nazareth Teixeira
Música: Paulo Moura
Som direto: Mário da Silva e José Antônio Ventura
Cenas adicionais: Renato Laclete e João Carlos Horta
Duração: 105 minutos 
Cor    16 e 35 mm

Elenco: Anecy Rocha (Ness Elliot), Cláudio Marzo, Paulo Cezar Pereio, Antonio Pedro, Tonico Pereira, Otoniel Serra, Pedro Bira, Jorge Rocha de Lima (Guri Guri) , João Loredo, Lene Nunes, Rosita Tomas Lopes, Álvaro Freire, Jamelão, Isabela Campos, Jorge Mourão, Flávia, Marilza e Olinda Ribeiro.

Prêmios de melhor direção, atriz (Anecy), montagem, fotografia e ator-coadjuvante (Pereio) do Festival de Brasília 1978; Golfinho de Ouro de melhor filme 1978.
Dois momentos na vida de um grupo de personagens cariocas. No bloco carnavalesco “A Lira do Delírio”, eles vivem o êxtase e a violência. Fora do carnaval, cruzam-se num cabaré da Lapa. Ness Elliot, dançarina e taxi-girl, tem o seu bebê seqüestrado e cai nas malhas de Claudio, misto de malandro e homem de negócios. O repórter de polícia Pereio faz tudo para ajudá-la enquanto também investiga o atentado a fogo contra o homossexual Toni.

Experiência singular no cinema brasileiro, o filme foi realizado em duas etapas. Na primeira, rodada em 16mm no carnaval de Niterói de 1973, os atores envolveram-se em episódios reais de violência nas ruas. Na segunda, três anos mais tarde, improvisaram boa parte da história policial de seqüestro e assassinato, usando seus próprios nomes e o temperamento pessoal de cada um. Esses dois tempos articulam-se livremente, mesclando memória, sonho e imaginação.

Walter Lima Jr. conciliou aqui uma liberdade típica do cinema marginal com um acabamento de cinema industrial. Experimentação e emoção em perfeita intimidade. O trágico desaparecimento da atriz Anecy Rocha antes da montagem adicionou outra camada de significados a uma história que já tematizava a fantasia e a morte. O filme tornou-se, então, uma homenagem póstuma a sua estrela, flagrando-a no momento mais intenso de sua carreira.
“A fase mais rica do cinema brasileiro não é a do Cinema Novo, mas a que veio em seguida e perdura até hoje (1979). Esta é a fase mais interessante porque está baseada na invenção, na poesia, na metáfora, no trabalho de criação avançada, peculiaridades do cinema nacional que, justamente por não ter uma infra-estrutura, possibilita esse descompromisso com a indústria. Em lugar de experimental, eu prefiro falar em invenção e aventura”. Walter Lima Jr.
Leia crítica de Paulo Perdigão
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