Harry Potter e a Filha do Auror
by Talita Teixeira

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Capítulo 3 ~ O convite

Harry acordou na manhã da véspera de seu aniversário sentindo-se muito dolorido e com a cabeça inchada. Seus olhos mal se abriam e ele tinha dores no pescoço. Parecia que não havia dormido mais do que cinco minutos, quando a tia esmurrou a porta, gritando:

_ Vamos! Levante! Preciso de você para carregar as compras!

Harry desceu as escadas ainda calçando as meias e os sapatos. Encontrou meia torrada com geléia lhe esperando, e, na ausência de tio Válter e Duda, deduziu que haviam saído cedo, tendo comido panquecas no café da manhã, dado os restos nos pratos.

_ Ande ligeiro com isso! - tia Petúnia virou um pouco de leite dentro de um copo e colocou na frente do sobrinho.

_ Onde estão Duda e tio Válter? - perguntou Harry.

_ Assuntos de Smeltings! Tia Petúnia empertigou-se muito ao mencionar o nome da escola onde Duda estudava, e geralmente fazia isso para menosprezar a escola de Harry. Não fazia mal, pois Harry sabia que "assuntos de Smeltings" significava que Duda estava encrencado. Disfarçando um sorriso, Harry sabia perfeitamente que Duda estava prestes a ser expulso da escola.

Depois de ajudar a tia a lavar toda a louça do café, tirar a mesa, varrer a casa, carregar as compras e guardá-las, Harry pode sair para o pátio. Era uma manhã ensolarada e bonita de julho, e Harry sentou-se em um banco próximo a sebe no jardim, no mesmo lugar onde, três anos antes, Dobby lhe observara os movimentos. Seus pensamentos voltaram para as estranhas fotografias que encontrara naquela noite. Quem as colocara no álbum? Com que intenção? Há quanto tempo? e, o pior: será que as fotos estavam envolvidas por Magia Negra?

Rapidamente, a mente de Harry começou a funcionar da forma mais maluca possível, conjecturando as piores conspirações: o homem morto poderia ser seu avô, o garotinho poderia ser seu pai, Snape poderia ter ameaçado sua mãe a participar do concurso. Decididamente, as imagens em movimento das três fotos não lhe saíam da cabeça. Quem eram aquelas pessoas? Porque o menino escondia-se embaixo da cama? Será que o homem morto era seu pai? E aquela foto em Hogsmeade? Snape, Malfoy e Rabicho não pareciam ter mais do que dezesseis anos. "Não haviam mudado muito", pensou Harry. Snape, certamente, fora o que menos mudara. Aos dezesseis anos, já tinha os cabelos oleosos e o nariz de gancho, só a expressão parecia ser mais alegre, de uma alegria que incomodou Harry, por se tratar de uma alegria que lhe era familiar. "Ele também tinha amigos"....como isso era possível? Harry recordou, por uns breves momentos, o mestre de poções, e as inúmeras vezes em que eles estiveram se confrontando. Snape o odiava, assim como odiara Tiago Potter, Sirius Black e Remo Lupin. No entanto, apesar de o odiar, Snape salvou-o de ser derrubado da vassoura em seu primeiro jogo de quadribol, quando Quirrel, sob inspiração de Voldemort, decidira matá-lo e parecer um acidente. Bem, Snape devia a vida a Tiago, quando foi salvo de encontrar Lupin transformado em lobisomem. Mas Snape, decididamente, tinha a confiança de alguém que Harry prezava acima de tudo: Alvo Dumbledore.

Harry lembrava-se perfeitamente do dia em que estivera no escritório de Dumbledore e invadira suas memórias através da penseira. Lembrou-se do velho professor defendendo Severo Snape durante o julgamento de Karkaroff. Se Snape fora de fato um agente duplo, passando informações das frentes inimigas para Dumbledore, então realmente ele era um homem corajoso. E Harry ouvira da própria boca de Voldemort que Snape e Karkaroff seriam mortos algum dia por suas traições. Lembrou-se, também, que o professor assumiu, na frente do Ministro da Magia, que havia sido um Comensal da Morte, e, para isso, mostrara-lhe a marca negra tatuada em seu braço para provar que o Lord das Trevas estava de volta. Cornélio Fudge não acreditara, e, naquele momento, como disse Dumbledore, os caminhos se separavam. Harry estremecia sempre que pensava nisso, pois achava que, quanto mais bruxos lutassem contra Voldemort, mais ele estaria vulnerável. Mas Snape fora de fato corajoso ao assumir seu passado. Não era difícil imaginar o porquê dele ser tão amargurado: aquela fotografia alegre provava a Harry o quanto deveria ser doloroso trair os amigos, e Lúcio Malfoy fora, decididamente, amigo de Snape, senão, como explicar a proteção que ele dava a Draco e tudo o mais? E haviam outras coisas, também: o aperto de mãos entre Sirius e Snape, o fato de Snape ministrar religiosamente a poção de Mata-cão a Lupin (que controlava os acessos de fúria quando este tinha que se transformar em lobisomem) e, ainda que indiretamente, ensinar o feitiço de desarmamento que tirara Harry de tantas enrascadas: o expelliarmus. Harry sabia que era difícil aturar Snape, mas, como é que dizia aquele ditado.....ruim com ele...pior sem ele.

A mais intrigante das fotos era a última. Harry jamais poderia imaginar que sua mãe e Snape estivessem envolvidos em um concurso de práticas mágicas. Só a idéia de pensar que eles tivessem se inscrito como dupla deixava-o abalado. Onde estava seu pai que não inscrevera-se com sua mãe? Ou será que ele não era bom o suficiente para concorrer no concurso? precisava tirar esta história a limpo. Ah, o que não daria para estar, neste exato momento, no trem que partia da plataforma nove e meia em direção a Hogwarts! Mas ainda faltavam mais de trinta dias para o ano letivo começar, e então ele tinha que aturar os Dursley - e este ano era praticamente impossível de ele ir visitar a Toca.

Harry avistou, para o seu desgosto, o carro de tio Válter dobrando a esquina. Resolveu entrar, subir para o seu quarto e desaparecer das vistas do tio, que certamente descontaria sua raiva pelos-incompetentes-em-Smeltings-que-não-entendiam-seu-filho no sobrinho. Ao entrar em casa, porém, o telefone tocou:

_ Atenda! - tia Petúnia gritava-lhe do alto da escada.

Harry não costumava atender os telefonemas da família, até porque os tios preferiam esconder do restante das pessoas o fato de terem um sobrinho como ele. Naquele momento, no entanto, tia Petúnia mandara Harry atender ao telefone.

_ Residência dos Dursley!

A voz do outro lado da linha soou clara e agradável aos ouvidos de Harry:

_ Eu gostaria de falar com Harry Potter.

Emocionado, Harry gaguejou um pouco, bem a tempo de tio Válter entrar bufando sala a dentro.

_ Com quem esse menino está falando, Petúnia? - e, dando passos decididos, arrancou o aparelho das mãos do garoto.

_ Válter Dursley falando! - rugiu.

Harry correu para um outro aparelho que havia no corredor e levantou o gancho, tentando ouvir o que falavam, ao mesmo tempo em que Duda entrava na sala com a pior cara do mundo.

_ Bom dia, Sr. Dursley! Aqui quem fala é a mãe de uma colega de Harry, Hermione Granger, eles são grandes amigos e certamente seu sobrinho já falou dela a vocês.

Harry achou que o tio iria explodir.

_ Olhe, não quero saber do que se trata! E acrescentou, virando-se para a escada: fale com ela, Petúnia!

Tia Petúnia desceu altivamente as escadas e apanhou o telefone com cuidado, lançando um olhar amoroso a Duda e um olhar rancoroso a Harry.

_ Pois não. Petúnia Dursley falando. - sua voz estava mais fria do que o habitual, e seu nariz torcia-se num misto de repulsa e arrogância. Do outro lado da sala, Harry ouvia atento no aparelho. Tio Válter saíra porta afora e Duda afundou-se no sofá.

_ Ah, bom dia, Sra. Dursley. Aqui quem fala é a mãe de Hermione Granger, colega de Harry em Hog...

_ Sim, nós sabemos o nome da escola dele! - tia Petúnia esquecia de vez os bons modos.

_ Que ótimo, então - prosseguiu a mãe de Hermione - gostaríamos de convidar Harry para passar três semanas conosco antes das aulas começarem.

Tia Petúnia tampou o bocal com a mão e olhou para tio Válter, que entrava pela porta.

_ Válter, eles querem levar o menino!

Tio Válter fez um gesto de impaciência com a mão, como se dissesse que vá. Tia Petúnia retornou ao aparelho.

_ Está bem, mas não espere que levemos ele até a estação!

_ Oh, não, Sra. Dursley. Meu marido e eu iremos apanhá-lo de carro aí na próxima Quinta-feira, está bem para vocês?

Tia Petúnia olhou preocupada para a lareira, mas ouvira muito bem a palavra carro.

_ Está certo. - e, dizendo isso, bateu o fone contra o aparelho. Do outro lado da sala, Harry ainda quis dizer "obrigado", mas tio Válter o ergueu pela camisa.

_ O que você pensa que está fazendo, moleque? Ouvindo a conversa, então, não é?!

Harry não pode esquivar-se do tio, que suava e olhava-o ameaçadoramente. Tia Petúnia, sem nem prestar atenção a cena, correu para abraçar o filho.

_ Duda! Meu Dudinha! O que fizeram com você?!!

Duda fez força para ficar vermelho e expelir lágrimas forçadas dos olhos. Tio Válter, comovido, largou Harry no chão, esquecendo-se que estava zangado.

_ Petúnia, Smeltings não é boa o suficiente para Duda!

Harry soube imediatamente do que se tratava. Duda havia sido expulso de Smeltings.

Enquanto os três Dursley abraçavam-se chorosos, Harry esgueirou-se para o seu quarto no segundo andar. Nem bem fechara a porta e tio Válter escancarou-a:

_ Está de castigo, moleque, e sem almoço nem jantar! E atirou-lhe um pacote de biscoitos (ao menos não eram biscoito de cachorros) e uma garrafa de água mineral. "Tudo bem", pensou Harry, que já estava acostumado a ficar trancado no quarto e a passar fome. Além do mais, precisava investigar melhor o álbum de fotografias. Ah, e a notícia de que iria sair da casa dos Dursley e que Duda fora expulso de Smeltings tornou o resto do seu dia decididamente melhor.


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