Capítulo
4 – O Feitiço Veritas
Por
um momento, eles só olharam um para o outro. Então Hermione chegou perto de
Draco, que estava totalmente despreparado para o ataque dela e bateu nele
nas costas. Ele caiu no chão com Hermione batendo com ambas as mãos em
suas costas.
-
ONDE ESTÁ HARRY?_ ela berrou – O que você fez com ele? Onde você está
escondendo ele? Você não o matou, você precisa dele para continuar fazendo a
Poção Polissuco...
-
Hermione!_ Draco não estava fazendo o menor esforço para se defender dos tapas
nas costas que estava levando de Hermione – Eu juro para você que eu não o
machuquei...
-
MENTIROSO!_ ela o agarrou pelo colarinho das vestes, puxou sua cabeça para cima
e bateu-a de novo no piso de pedra. Draco viu estrelas quando ela remexeu suas
mangas em busca de sua varinha. Ela apontou para o coração dele – Se você
machucou Harry, se você cortou os dedos dele para fazer sua poção horrível...
- Olhe!_ disse Draco, lutando para ficar calmo – Eu não
fiz nada mais que dar um corte de cabelo no seu namoradinho idiota. Se é que
ele pode ter um corte de cabelo... Eu não tenho feito a Poção Polissuco. Esta
é a mesma da aula de Snape, mas simplesmente não voltamos ao normal.
Hermione
estava tremendo, mas seu aperto na varinha continuou na mesma intensidade.
-
Você espera que eu acredite nisso?_ ela perguntou
Draco
olhou para ela.
-
Meu pai me ensinou Magia Negra, Artes das Trevas, você sabe.
-
Não mude de assunto, Malfoy!
-
Ponha um feitiço da verdade em mim!_ ele disse – Eu te mostro como fazer
isso!
-
Isso é Magia Negra Avançada!_ disse Hermione, parecendo muito pálida – Seu
uso é severamente controladfo pelo Ministério...
-
Muito bem!_ disse Draco, agarrando a varinha dela, que estava apontada para o
seu coração e falou, sem move-la:
-
Veritas!
Um
jato de luz preta saiu da varinha e atingiu Draco no peito. Ele já havia visto
seu pai usar o feitiço da verdade em várias pessoas, mas nunca havia imaginado
como era a sensação de estar sob o efeito dele. Agora ele sabia, e a sabia
porque isso era considerado Magia Negra, ele sentiu como se dois enormes ganchos
de prata tivessem entrado em seu peito, bem embaixo de suas costelas, e estava
rasgando tudo, deixando seu coração sem nada para protegê-lo.
-
Me pergunte rápido!_ ele disse – Isso dói!
Hermione
olhou para ele chocada, mas ela ainda tinha sua inteligência. Rapidamente, ela
disse:
- Harry… Harry está bem?
-
Sim!_ disse Draco, sua voz parecia esquisita e estranhamente transparente, até
para seus próprios ouvidos.
Ela
pestanejou.
-
Por que você roubou a aparência dele?
-
Quando nós tomamos a poção na aula do Snape, nós não voltamos ao normal
como todo mundo. Harry pensou que eu tinha feito algo à poção, mas eu não
tinha feito nada. Ele não acreditou em mim, ele me bateu, eu bati nele de volta
e ele foi a nocaute. Aí eu percebi que todos pensavam que eu era ele. Eu levei
isso adiante.
-
Por quê?
-
Eu queria saber como era isso._ disse Draco – Eu primeiro pensei que fazendo
isso, eu poderia ver o que tinha de bom em ser Harry. Descobrir seus segredos.
Usá-los contra ele. Mas não funcionou como eu queria._ ele disse ofegante,
cada palavra parecia arrancada de dentro dele – Foi como se alguma coisa de
Harry, como se uma parte de Harry ficasse dentro de mim por causa da poção. Eu
comecei a agir como ele e eu não posso controlar isso. Eu salvei o sapo de
Neville, e você do balaço. Eu sinto coisas, agora. Coisas que eu nunca senti
antes.
-
Como piedade?_ perguntou Hermione impiedosamente
-
Sim._ disse Draco
-
Onde está Harry?_ ela perguntou
-
Quando eu te disse que o pai de Draco Malfoy veio busca-lo, eu disse a verdade.
Só que em vez de mim, ele levou Harry.
Hermione,
sendo Hermione, percebeu a importância disso e estremeceu. Seu aperto na
varinha, contudo, continuava firme.
-
O que te faz pensar que ele está bem?_ ela questionou
-
Eu posso sentir isso._ disse Draco, ele se assustou com a própria resposta –
Eu não tinha notado isso até agora, é como a cicatriz de Harry. Ele e
Voldemort estão ligados pelo feitiço que falhou, agora eu estou ligado a Harry
pela poção que falhou. Eu pude sentir isso quando ele deixou o castelo, foi
por isso que eu corri para cima durante o jantar. Eu pude sentir quando ele
acordou.
-
O que você iria fazer?_ ela perguntou – Continuar sendo Harry? Alguém
descobriria. Eu descobri. Qual era o seu plano?
-
Eu não tinha um plano._ disse Draco - Eu
estava pensando em uma forma de chegar a Harry.
-
O que te importa se algo acontecer a Harry? O que te importa se ele morrer?
-
Olhe, eu estou te dizendo!_ disse Draco, cada palavra era um esforço – Tem
uma parte de Harry em mim agora. Que me faz fazer coisas que normalmente eu
nunca faria. Agora eu penso que é preservação pessoal. Harry tem uma força
de vontade muito forte, eu acho. Tem uma voz na minha cabeça que não pára de
dizer: vá até Harry, vá até Harry!_ ele sorriu, o espectro de seu
detestável velho sorriso – Porque se fosse meu antigo eu, eu provavelmente o
deixaria morrer.
Hermione
não se assustou com essa afirmação. Ela estava olhando para ele.
-
Por que você me beijou?_ ela perguntou
-
Não me perunte por isso._ Draco disse, fechando os olhos, mas isso não era
bom, ele tinha que responder – Você._ ele disse – Eu gosto de você. Você
me faz querer ser uma pessoa boa.
-Ele
abriu seus olhos e olhou para Hermione. Por um momento, eles se entreolharam com
expressões id~enticas de espanto. Então, um sorriso matreiro apareceu no rosto
dela.
-
Malfoy!_ ela falou – Você já fez sexo?
-
Não._ ele disse, e depois berrou com o máximo de sua voz – HERMIONE, TIRE
ESSE FEITIÇO DE MIM AGORA!
-
Está bem, está bem!_ ela disse rindo – Finite Incantatum!
A
dor e o sentimento de ser rachado desapareceram.
Draco puxou ar, ofegando; ele sentiu como se tivesse acabado de correr
uma maratona.
-
Hermione_ ele disse, não sem alguma admiração – Isso foi sacanagem sua!
-
Eu sinto muito!_ ela disse, porém ela não parecia nem um pouco sentida – Eu
tinha apostado isso com o Ron. E você mereceu isso por ter me beijado e ter me
feito pensar que foi Harry._ ela se levantou, e para surpresa dele, ofereceu uma
mão para ajudá-lo a se levantar – Nós devemos ir. Há sensores por todo o
castelo que podem detectar o uso de Magia Negra. Alguns professores já devem
estar vindo para cá agora.
-
Ah, sim!_ ele disse – Eu lembro disso de Hogwarts, uma história!
Hermione
parou e olhou para ele:
-
Você já leu Hogwarts, uma história?
-
Já!_ ele disse – Por quê?
-
nada não! Vamos!
**
Depois
que Macnair foi embora, Lúcio Malfoy desapareceu, dizendo a Harry e Narcissa
que ele tinha trabalho a fazer. Harry, não querendo demorar e ter conversas
desatradas com a mãe de Draco, decidiu explorar a mansão e ver se ele
encontrava as entradas do tal calabouço. Sirius estaria lá amanhã; Harry
queria estar preparado.
Primeiro,
ele resolveu andar pelo lado de fora da mansão tentando ter uma idéia de seu
tamanho e forma, Isso acabou sendo um erro. À primeira vista, quase
interessante, mas também muito sinistro. A mansão era muito grande, feita do
que parecia ser uma contínua laje de granito preto. Harry descobriu um jardim
de pedras, alguns estábulos para cavalos (vazios), e lugares muito deprimentes,
além de um labirinto enorme, que Harry repentinamente evitou (desde seu quarto
ano em Hogwarts, ele não gostava muito de labirintos). Em volta do labirinto,
ele achou um pequeno jardim, no qual haviam arbustos esculpidos na forma de
animais. Animais mágicos, ele se corrigiu: havia um hipogrifo, uma fênix, um
unicórnio, um trasgo segurando um machadinho, e um dragão, além de mais
algumas criaturas detestáveis que Harry não reconheceu.
Desatento,
Harry encostou no arbusto em forma
de trasgo com seu dedo. Era tão real...
Harry
berrou quando o trasgo virou e afundou seus dentes em sua mão. Harry
esquivou-se ao mesmo tempo que o trasgo ergueu seu machado e tentou atira-lo na
cabeça de Harry. O machado era feito de folhas e galhos, mas ele, todavia, fez
um barulho muito sólido “TAC!” quando atingiu o chão. Harry apalpou suas
mangas em busca de sua varinha, ergueu-a e apontou-a para o trasgo, e gritou:
-
Estupefaça!
E
o trasgo congelou em meio-movimento.
Harry
saiu correndo do jardim. Se havia uma coisa que ele se orgulhava, era de seus
feitiços. Mas mesmo ele, não estava certo de como um Feitiço Atordoante iria
funcionar num arbusto.
Sua
mão estava sangrando copiosamente, onde o trasgo havia mordido. Quando ele
chegou à casa, a manga de sua camisa estava encharcada de sangue. Narcissa, que
estava passando pela porta da frente, viu ele e gritou bem alto.
-
DRACO!_ ela gritou – O que aconteceu?_ ela virou a mão dele examinando o
ferimento, no qual ainda haviam algumas folhas cravadas na mordida – Draco,
você sabe muito bem que não deve ir ao jardim dos animais! Seu pai ficaria tão
bravo se... se..._ ela parou de falar e arrastou-o, protestando, até a cozinha,
onde ela fez ataduras em seus ferimentos, primeiro lambuzando a mão de Harry
com um ungüento roxo, que ardia muito.
-
Você terá que vestir suas luvas esta noite, Draco!_ ela disse – Se seu
pai...
-
Esta noite?_ perguntou Harry em alerta, esquecendo de sua mão mordida – O que
tem esta noite?
Narcissa,
que já havia termindado de fazer as ataduras, se ajeitou, e olhou para ele
surpresa.
–
Você sabe que temos companhia às noites de sábado._ ela disse – Os...
colegas de seu pai estarão em pouco tempo.
-
Hã... certo._ disse Harry – Eu tinha esquecido.
Não
ajudava pensar nosjantares na casa dos Dursley com os colegas de tio Válter da
companhia de brocas. Ele estava sentindo, contudo, que um jantar com Death
Eaters seria algo mais.
- Eu tenho que me vestir a rigor?_ ele perguntou sem pensar
-
Draco!_ Narcissa olhou para ele diretamente nos olhos – Você sabe que você
tem que usar as vestes de gala da família Malfoy!
-
Certo!_ disse Harry, mas Narcissa estava olhando-o agora com supeita, e ele
sentiu que era melhor ir embora – É melhor eu ir me vestindo, então. _ ele
disse andando até a porta – Você sabe como são essas vestes de gala...
cheias de zíperes...
Com
Narcissa olhando para ele como se uma segunda cabeça tivesse acabado de crescer
nele, Harry saiu da cozinha e correu pelos corredores até o quarto de Draco.
**
Dizendo
a Draco para esperar no salão comunal da Grifinória porque “Eu sei melhor
onde Harry guarda as coisas dele do que você”, Hermione disparou para as
escadas, e invadiu o dormitório dos garotos, algo que ela só fazia em emergências
(e em manhãs de Natal). Dino Thomas, que estava quase vestindo seu pijama,
gritou e caiu atrás de sua cama.
-
O que você pensa que está fazendo, Hermione?_ele perguntou em voz baixa,
tirando sua cabeça do meio da roupa de cama – Você poderia ter visto...
alguma coisa!
-
Dino, eu não vi nada!_ disse Hermione – Eu juro! Eu só vim aqui para pegar
umas coisas para o Harry. Me dê cinco minutos e você pode voltar a ficar
pelado em paz!
Ela
abriu o baú de Harry e começou a mexer nele. Tirou a capa de invisibilidade de
Tiago, o Mapa do Maroto, e algumas
suéteres para o caso de frio. Ela procurou alguma coisa para guardar tudo, e de
repente viu a mochila de Harry embaixo da cama. Ela puxou-a vagarosamente.
Ela
havia comprado aquela mochila para Harry em seu quinto ano em Hogwarts. Era uma
mochila bem vagabunda, mas ela havia colocado vários feitiços nela: um feitiço
que a mochila nunca iria rasgar, outro que Harry poderia trancá-la, outro que
ele poderia achar a mochila se ele a esquecesse por aí, o que freqüentemente
acontecia. Ela viu também palavras sobre a mochila, não palavras magicamente
colocadas lá, na verdade escritas à mão: “HARRY POTTER APANHADOR DA GRIFINÓRIA”
A
visão da mochila fê-la lembrar-se de Harry, de um modo tão agudo, que ela
ficou asfixiada, e um soluço escapou de sua garganta antes que ela pudesse contê-lo.
Ela estava fazendo tudo até agora como em piloto automático, tentando não
pensar em Harry, porque se ela pensasse nele em perigo, ela iria cair
completamente em pedaços, e não seria mais de nenhuma utilidade...
-
Hã... Hermione..._ Dino aproximou-se dela pelo chão, alertado pelo som das lágrimas.
Hermione não era o tipo de garota que chorava a toda hora – Não chore...
-
Obrigada, Dino._ disse Hermione, levantando uma mão para precavê-lo – e
eu... hã... agradeço o apoio. Você deve quere vestir umas calças, é tudo o
que eu digo, mas eu agradeço o apoio do mesmo jeito.
**
O
mau humor de Hermione não melhorou quando ela voltou ao salão comunal e
encontrou Draco sentado em uma das macias poltronas de lá, dormindo. Ela andou
até ele e o observou.
-
ACORDA!_ ela gritou
Ele
abriu seus olhos verdes e olhou para ela.
-
Estou acordado!_ ele disse
-
Certo!_ ela disse se sentindo idiota – Estou indo atrás de Harry._ ela
continuou – Eu pensei em pegar a Firebolt dele, mas eu tinha certeza de que
você não consegue conduzir uma vassoura para fora de Hogwarts. Então eu estou
andando até Hogsmeade. Há um trem àque parte à meia-noite que vai para a a
plataforma Nove e meia da Estação King’s Cross...
Mas
Draco estava em pé.
-
Você não vai sem mim._ ele disse, suavemente, mas firme – Você nunca achará
a Mansão Malfoy, ela está fora do mapa, assim como Hogwarts. E mesmo que você
a achasse por algum milagre, existem dezessete feitiços na porta da frente, e
cada um deles exige um Feitiço que desarma específico...
-
Malfoy,_ disse Hermione – Eu não estava sequer pensando em ir sem você. Na
verdade, eu iria te ameaçar com o feitiço Veritas se você não concordasse em
me levar até sua horrível casa.
Agora
era a vez de Draco se sentir idiota e não deixar por menos:
-
Hermione, você não pode fazer o feitiço Veritas._ ele disse asperamente –
Fazer magia Negra não se resume a dizer as palavras mágicas.
-
Eu não exibiria tanto meu conhecimento de Magia Negra se eu fosse você._ disse
Hermione rapidamente
Ela
colocou a mochila de Harry sobre seus próprios ombros e saiu pela passagem do
quadro da Mulher Gorda. Draco correu atrás dela. Ele detestava a forma com que
ela sempre dizia a última palavra.
**
Harry
estava sentado no canto da cama de Draco, esfregando seus olhos. Ele havia
dormido um pouco, e teve um sonho estranho, no qual ele estava meio que andando,
meio que correndo por uma estrada escura com Hermione. Tinha sido um sonho muito
real, e quando ele acordou, ele sentiu saudades dela com uma dor que era quase física.
Claro, ele disse a si mesmo, ele sentia falta de tudo em Hogwarts, não só de
Hermione.
Ele
se obrigou a se levantar e ir até o armário, onde ele procurou as “vestes de
gala da família Malfoy”. Era difícil. Ele notou que Draco tinha muitas
roupas, de longos casacos de veludo de todas as cores do arco-íris a camisas de
linho Dolce e Gabanna extremamente caras. Os pais dele deviam ter gastado uma
imensa fortuna no guarda-roupa de Draco, pensou Harry embasbacado. A coleção
de óculos escuros de griffe de Draco devia valer cerca de seiscentas libras. E
essas não eram propriamente roupas de bruxo, mas aparentemente, a aversão
da família Malfoy a todas as coisas de trouxas não incluía jaquetas Armani.
-
Draco!
Harry
pulou de susto. A voz de Narcissa estava ecoando de algum lugar sobre sua cabeça.
-
Você já está pronto? Os amigos de seu pai já estão aqui!
-
Hã..._ disse Harry – Eu não consigo achar minhas vestes de gala!
-
Bem, então vista preto!_ ela disse asperamente
-
Está bem!_ ele gritou.
depois
parou para pensar se ele precisava gritar ou se ela escutava ele bem de qualquer
jeito. Ele se sentiu imensamente idiota. Ele andou até o armário e estava
quase pegando calças pretas quando a voz de Narcissa surgiu de novo:
-
E Draco? Nada de roupas de trouxas!
-
Aaargh!_ disse Harry, mas bem baixo, esperando que Narcissa não o pudesse
ouvir.
-
Estou te enviando Anton!_ ela disse asperamente.
Depois,
Harry ouviu um estalo bem alto, como o de um interruptor sendo acionado. Harry
pensou que ela tivesse terminado o feitiço que a permitia falar com ele, e começou
a praguejar silenciosamente para ele mesmo. Quem era Anton? Será que ele era
algum parente que Harry devia saber quem era? Ainda falando sozinho, ele
escolheu calças de cetim, uma camisa pregueada, e um par de botas altas do
closet de Draco e vestiu-se. Eram as roupas mais de bruxo que ele achou no
closet de Draco, mas ele se sentiu um pateta dentro delas.
Alguém
bateu à porta e Harry foi abrí-la num tom de presságio. Um homem alto,
vestindo um uniforme imaculado de mordomo e carregando o que parecia uma capa de
veludo preto e prateado, estava parado em frente à porta. Ele era transparente.
Ah, pensou Harry. Um
criado fantasma. Isso era legal. Draco estava acostumado com fantasmas.
-
Sua mãe pediu que eu lhe trouxesse isto._ disse Anton-o-fantasma, entregando a
Harry a capa
A
capa era longa e parecia muito cara. Havia uma fivela de prata na parte da
frente do colarinho que tinha a forma de uma cobra. Harry pensou que ele ficaria
feliz se ele nunca mais visse nenhum enfeite em forma de cobra na vida dele
depois disso.
-
Você deixou isso na sala de estar da última vez que você veio aqui._ o
fantasma continuou
Harry
deixou seu estado parado para pegar a capa. O que o fantasma dissera reavivou
algo em sua memória. A sala de estar. Havia algo de importante nesta
frase, algo enormemente importante. O que havia na sala de estar que era
importante?
-
Eu sugiro, jovem Mestre Malfoy,_
disse o fantasma – que o senhor prenda essa fivela na frente do espelho. É
muito complicado.
Se
ele pensou que o esforço de Harry com a capa eram engraçados ou suspeitos, ele
não mostrou isso.
Harry
foi até o espelho, ainda pensando sobre a questão da sala de estar dos Malfoy,
e fez um barulho de nojo. Se Harry fosse uma garota, ele teria pensado que seu
reflexo era sedutor e sofisticado, o belo contraste do louro platinado do cabelo
de Draco com o preto da capa realçava seus olhos acinzentados. Mas como Harry não
era uma garota, ele simplesmente achou que parecia um travesti. Cetim! Pregas!
Sapatos afivelados! Argh!
**
Eles
estavam sentados na plataforma da Estação de Hogsmeade, esperando pelo trem,
quando Draco começou a rir. Hermione virou-se para olhar para ele.
-
O que é engraçado?_ ela perguntou franzindo a sobrancelha?
-
Harry!_ disse Draco – Ele está vestindo minhas roupas e ele detesta isso...
Ei!_ ele adicionou irritado – Eu gosto dessa camisa! Ela não é
afeminada!
Hermione
estava olhando para ele.
-
Malfoy, por favor, pare de sintonizar Harry!_ ela disse – Isso me deixa
loucamente nervosa!_ ela começou a amarrar uma tirinha de sua mochila – Ele
pode ver o que você está fazendo?_ ela perguntou
-
Ele pode, um pouco._ disse Draco –Mas ele pensa que ele está só sonhando com
isso.
-
Por quê?
-
Harry tem uma força de vontade maior que a minha._ disse Draco de modo neutro
– Ele se sobressai mais.
-
Ele..._ começou ela amarrando a tira mais forte do que nunca – ele pensa
sobre mim?
Draco
olhou para ela. Seus olhos verdes estavam ilegíveis.
-
Às vezes!
Hermione
abriu sua boca para perguntar mais, mas nesse momento o trem chegou apitando na
estação. Era um trem pintado de vermelho forte e havia escrito em seu lado em
letras faiscantes HOGSMEADE ---- LONDRES. Ela e Draco subiram a bordo do trem.
Eles eram os únicos passageiros na cabine em que estavam.
-
Hermione..._ disse Draco quando eles se sentaram – Como você sabia que eu não
era Harry?
Hermione
mordeu seu lábio. Por que ele estava perguntando isso para ela agora? Ela
não tinha uma boa resposta, ela ia parecer boba se dissesse que ele não
cheirava direito quando a beijou, que ele não cheirava como Harry. Ela estudou
o rosto dele, mas não pôde ler sua expressão.
Talvez
seja isso, ela pensou.
-
Eu sempre sabia o que Harry estava pensando._ ela disse – Ele nunca se
preocupava em esconder o que ele sentia. Mas quando eu olhava para você, era
como se eu estivesse olhando para o rosto dele, mas como se Harry não estivesse
lá. Eu não conseguia dizer o que você estava pensando.
Draco
não disse nada sobre isso, só começou a olhar pela janela. Eles estavam
deixando a grande área arborizada ao redor de Hogsmeade e entrando num lugar
com campos escuros e pequenos sítios. Uma grande lua branca surgiu.
-
Você quer saber o que eu estou pensando agora?_ ele finalmente perguntou
-
Não!_ disse Hermione –Tenho certeza que é algo bem desagradável.
Ela
imediatamente se arrependeu de ter dito isso, mas não sabia como voltar ao
assunto. Eles ficaram em silêncio.
**
Harry
nunca pensou que uma reunião de Death Eaters pudesse ser tão fantasticamente
chata, como era. Haviam homens assustadores, mesmo sem suas máscaras horríveis.
Lúcio Malfoy presidia a reunião, na cabeceira da mesa; Harry reconheceu alguns
dos nomes: Crabbe e Goyle estavam lá, tão grandes e feios como seus desagradáveis
herdeiros; também lá estava Nott, Zabini, Rosier, e Franz Parkinson.
Ele
esperava que houvesse alguma conversa sobre Sirius, mas não houve. Parecia que
Macnair e o pai de Draco eram os únicos que sabiam sobre o plano. E Rabicho,
claro. Mas eles provavelmente não queriam compartilhar a glória.
Harry
sentou-se espremido entre Hugo Zabini (irmão do Zabini que tentou enviar a
Harry uma vassoura explosiva) e Eleftheria Parpis (a única Death Eater que não
era um homem), uma enorme mulher que vestia vestes de cetim preto e era
provavelmente muito chegada a Lúcio Malfoy: ela ria de tudo que ele dizia e
ficava inclinando-se na mesa para dar a ele uma boa visão de seus fartos seios.
Narcissa, que estava ocupada carregando bandejas de comida para dentro e fora da
cozinha, nem notou.
Zabini,
por outro lado, estava mais interessado em falar com Harry sobre como ele devia
estar se divertindo sendo um sonserino em Hogwarts. Harry, para quem a idéia de
diversão agora parecia só uma fraca e distante memória, estava ocupado
inventando todo o tipo de atividades para Draco e seus companheiros sonserinos.
-
Bem, nós estudamos muito, é claro!_ ele disse – E nós brincamos com os
intrumentos de tortura nas masmorras, e, hã... alguém nos deu um ovo de
basilisco e estamos tentando chocá-lo.
-
Isso é prudente?_ perguntou Rosier, um velho e alto homem cujas sobrancelhas
eram muito finas
Harry,
alertado com o fato de que alguém tinha realmente prestado atenção ao que ele
disse, gaguejou:
-
Bem, Macnair disse que ele o mataria para nós se o basilisco ficar muito
grande.
-
Quanto a mim,_ falou Eleftheria – eu gosto de ver as crianças aprendendo por
si mesmas. Foi por isso que eu mandei os meus filhos para Durmstrang,
onde eles já dominam o Nível Cinco de Magia Negra!
-
É verdade que eles mandam os alunos de Durmstrang para geleiras por dias se
eles forem mal em seus NOMs?_ Harry perguntou com muita curiosidade
-
Não durante a noite!_ disse Eleftheria balançando seu garfo como um leque
Zabini
virou-se para Harry.
-
Severo Snape ainda é o chefe da Sonserina?_ ele perguntou
-
Sim!_ disse Harry
Lúcio
de repente virou-se e cuspiu no chão.
-
Draco_ ele disse entre dentes – é bastante amigável com Severo. Ele
menospreza o fato de que Severo nos traiu. Eu disse a ele que isso é
inconveniente, mas ele não me escuta.
Harry
olhou para o seu prato.
-
Severo vai ter o que merece, Lúcio!_ disse Rosier numa voz que fez o sangue de
Harry gelar – Quando nós pusermos o plano em ação.
Harry
nunca pensou que se sentiria mal considerando a possibilidade de algo ruim
acontecer a Snape, mas ele se sentiu.
-
Pai_ ele disse, antes que pudesse se impedir – Eu não estou me sentindo bem.O
senhor me dá licensa para que eu volte ao meu quarto?
Essa
foi a coisa errada a dizer. Lúcio ficou gelado e olhou firmemente para Harry,
cheio de raiva. Contudo, quando ele falou, sua voz estava serena:
-
Certamente, Draco.
Harry
empurrou sua cadeira e começou a caminhar para sair do salão. Quando ele
passou por Lúcio, entretanto, o pai de Draco agarrou seu braço. Seu toque
estava frio.
-
Você irá encontrar-se comigo na sala de estar depois do jantar, Draco._ ele
disse disfarçadamente – E não se atrase!
-
Sim._ disse Harry mecanicamente, e, soltando seus braços, ele saiu do salão.
Assim
que saiu do salão, ele esbarrou numa parede no corredor, batendo a cabeça. A
voz de Lúcio Malfoy dizendo sala de estar reavivou sua memória, e ele
repentinamente lembrou-se do dia, há quatro anos, quando ele escutou Draco
Malfoy contando a Crabbe e Goyle que sua família mantinha seus objetos de Artes
das Trevas mais poderosos debaixo do piso da sala de estar. Na época, Harry
pensou que deveria existir uma espécie de compartimento secreto debaixo do
piso. Agora, ocorreu a ele o que Draco realmente quis dizer, embora ele não
tivesse certeza de por quê ele sentiu isso, mas ele sentiu que a entrada para
os aposentos na parte inferior da Mansão Malfoy ficava na sala de estar. Talvez
a entrada do calabouço estivesse lá também.
Era
uma chance pequena, mas valia a pena investigar.
-
Anton!_ ele chamou suavemente – Anton!
O
fantasma materializou-se na sua frente, carregando um pano de prato e
perguntando o que Harry desejava.
-
Anton_ disse Harry num sussurro – Como eu chego na sala de estar? Eu esqueci!
Como
Harry esperava, o fantasma não mostrou nenhuma surpresa.
-
Siga-me, mestre Malfoy!_ Anton disse e começou a flutuar pelo corredor
Ele
deixou Harry num aposento enorme, cheio de macias cadeiras de veludo. O quadro
de uma mulher vestindo uma suntuosa gargantilha de rubis estava sobre a lareira,
enquanto um largo tapete persa cobria o chão.
-
Muito obrigado, Anton._ disse Harry desatento
Harry
abaixou-se e empurrou o tapete persa para o lado. Sob p tapete, havia um alçapão
bem delineado com um puxador de ferro. Harry segurou o puxador com força e
puxou.
A
porta abriu facilmente. Harry teve a breve visão de um lugar de pedras
acinzentadas desaparecendo na escuridão, antes que sua cabeça foi quase
rachada pelo barulho mais ensurdecedor que ele já havia ouvido.
-
MESTRE LÚCIO! MESTRE LÚCIO!_
era a mulher do quadro, com a boca aberta enquanto ela berrava – O ALÇAPÃO
ESTÁ ABERTO! MESTRE LÚCIO! A SALA DE ESTAR!_ Harry deixou a porta cair
quando ele colocou as mãos nas orelhas, mas mesmo com a porta fechada, a mulher
continuava a gritar – MESTRE LÚCIO, VENHA RÁPIDO!
**
No
trem, Draco abriu seus olhos em sobressalto.
-
Ah, não!_ ele disse – Harry, seu pirralho idiota, o que você fez?
**
**
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