BARCA DI VENETIA PER
PADOVA
ADRIANO BANCHIERI ( 1567-1634
)
O Bel Canto
montou um trecho da comédia
madrigalesca do compositor Adriano Banchieri, "Barca di
Venetia per Padova", que conta história de uma viagem de barco de
Veneza a Pádua, na Itália Renascentista, na época o único meio de tansporte
entre as duas cidades, e o que se passa com os passageiros durante o percurso.
A
montagem foi feita em parceria com o grup[o de teatro GRUTHUM, e foi apresentada
no Museu de Pesca de Santos, em meio aos ossos de uma baleia (veja em Fotos
e em Músicas Midi). Apresentou também uma
outra versão na Pinacoteca Benedicto Calixto, com atuação do ator
Maurício Ferraz e acompanhamento de Espineta , por Cecília Bandeira Ferreira e
Viola da Gamba, por Elias de Almeida
Nos dias em que a única maneira de
entrar e sair da Sereníssima República de Veneza era
por via aquática, a rota era a que liga Veneza a Pádua.
Graças ao encanto cênico da jornada, mas também
à companhia original que se poderia encontrar entre os
passageiros, a viagem no burchiello se tornava uma
experiência notável, de que foram escritos muitos
relatos no curso de séculos. É portanto de se presumir
que essa experiência tenha inspirado também o padre
Adriano Banchieri, um monge de Monte Oliveto (perto de Bolonha), no
sentido de relatá-la em música quando foi para Veneza
em 1605, para assumir o posto de organista por um breve
período no Convento de Santa Helena.
Músico importante, teórico
e escritor, Banchieri nasceu em Bolonha em 3 de setembro de 1568. Seu
nome verdadeiro era Tommaso: Adriano foi o nome que adotou ao
ingressar em sua Ordem, o que fez aos 19 anos de idade. Depois de
receber instrução musical desde a infância,
tomou-se aluno do altamente considerado Gioseffo Guami em Lucca,
provavelmente em 1592 ou 1593. Depois de ter sido organista em Imola
, Gubbio, Veneza e Verona, voltou finalmente à sua cidade
natal em 1606. Aí se associou a muitos músicos de
destaque e foi o centro de um círculo que se organizou em duas
Academias, uma após outra; até 1628 Banchieri foi o
Principal da Segunda Academia. Prejudicado em seu trabalho por falha
de visão nos últimos anos de vida, Banchieri morreu de
uma síncope em Bolonha em 1634.
A Barca di Venetia per Padova foi ouvida
pela primeira vez em Veneza em 1605, mas essa versão só
está preservada em parte. A revisão publicada em 1623
tem consideráveis diferenças da primeira
edição. Quanto à disposição geral,
os oito primeiros e os dois últimos números
estão onde estavam. Entre eles havia originalmente duas cenas
separadas, que foram reunidas e ajustadas na segunda versão:
primeiro, cinco consecutivos madrigais, e depois o episódio de
Rizzolina. Os madrigais foram reduzidos a quatro, dos quais apenas
dois eram da primeira edição e mesmo eles foram
re-arranjados. O episódio de Rizzolina, por outro lado, foi um
pouco ampliado. Além disso, grandes alterações
de texto, e musicais, foram feitas nas várias
peças.
O dom para a observação
aguda e a caracterização, e para formulá-las em
termos elegantes ou ferinos que marca o espírito da
Renascença Italiana, é também típico, em
alto grau, das obras humorísticas de Adriano Banchieri. Por
quanto fosse vivida ou, como muitas vezes, drástica, a
descrição dos personagens e da ação, o
tratamento musical é sempre perfeito.
O Umore, que evoca tanto os atores
quanto o público (1), é frequentemente citado como um
exemplo disso. Como com quase todas as figuras que aparecem em tais
obras, a descrição do Umore não se liga a
uma voz em particular: todo o conjunto canta as suas palavras, toda
frase (e também idéias individuais) tem seu
próprio motivo à maneira tradicional, de acordo com o
que as palavras exprimem.
A descrição dos pescadores
e dos remadores das margens venezianas (2) é um belo exemplo
do equilíbrio acima mencionado entre a
ilustração viva e o controle formal: as três
partes (a primeira é repetida depois da segunda) são
escritas sobre o grito dos pescadores (Ostreghe da bruzzo,
etc.) que é cantado três vezes inalterado como um cantus
firmus. Entre os gritos da pequena multidão, o Patrono se
despede de sua Ninetta (3) com o emocionalismo madrigalesco do
lamento dos amorosos em caricatural contraste com o ambiente. A
conclusão alegre em tempo ternário é o sinal
para o pessoal sair. As brincadeiras do Patrono com os passageiros
para passar o tempo (4), as sílabas nasais aqui e ali
são provavelmente uma caricatura de uma maneira peculiar de
cantar e talvez também do próprio dialeto
veneziano.
Então um vendedor de livros de
Florença propõe (5) que cinco cantores - o contingente
normal para a música vocal de câmera da época -
cantem alcune capricciate del Banchieri. Um professor de canto
de Lucca (possivelmente uma reminiscência do período de
estudos de Banchieri ali) secunda a proposta (6) fazendo soar escalas
de solfeggio, que eram sempre atributos de cantores até
bem pelo século 19. Os cinco cantores são reunidos (7)
- quatro italianos de várias regiões e um alemão
que fala um italiano arrastado. Um após outro eles se
apresentam, cada qual em seu próprio dialeto e com sua maneira
pessoal de cantar. A espirituosa justaposição de
dialetos era um costume assentado desde o século 14 e o quadro
do homem do norte que bebe era também parte do
repertório permanente. O número seguinte (8), como o
número 2, é escrito sobre o cantus firmus (repetido
quatro vezes ) do beberrão alemão, que começa e
termina por si mesmo, cambaleando também musicalmente.
Seguem-se dois madrigais seriamente
concebidos (9-10), nos estilos de Carlo Gesualdo da Venosa; depois ,
adiante, outros madrigais à maneira de Luca Marenzio (14) e
Donato Antonio Spano (15), um napolitano contemporâneo de
Banchieri. Há ainda uma outra peça modelada segundo
Enrisco Radesca, de Turim. Como essas alusões devem ser
entendidas, porém, é difícil de explicar
satisfatoriamente. Mal podem ser admitidas como
imitações superficiais, menos ainda como
paródias, pois então se esperariam difíceis
progressões cromáticas no caso de Gesualdo, um
começo com expor adiante. Em todo caso, Banchieri emprega o
estilo de madrigal de seu tempo, com muito uso de quartas
diminuídas, geralmente associadas aos lamentos dos amantes
(já parodiados no nº 3) e aos textos em parte escritos
pelo popular Giovanni Battista Guarini.
A cena do madrigal é interrompida
e depois submersa pelas extravagâncias de Rizzolina;
começa (16-17) com oito versos de uma canção,
dos quais quatro são cantados por Rizzolina e quatro por
Orazio, enquanto que as remanescentes quatro vozes (o solista que
não está no momento atuando como chantre canta a parte
mais aguda) imitam o acompanhamento de "alaúde". A peça
seguinte (18) é reduzida a três vozes, quando os dois
solistas cantam quatro outros versos (cada qual canta o mesmo duas
vezes), novamente em cânon.
A chegada, o pagamento da tarifa e o
desembarque são arrematados (19) com o refrão do
balletto (já conhecido dos números 9 e 13), que
também conclui a viagem propriamente.
O epílogo, com o apelo do falso
soldado (20), pode ser uma alusão a acontecimentos reais, pois
muitos italianos serviram nas campanhas do imperador contra os
turcos.
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