Provérbios Italianos
Provérbio é frase bem formada, de sentido evidente, expresso em linguagem imediatamente compreensível. Codificado e configurado em uma sentença bem formada, aprimorada com recursos da linguagem poética, o provérbio expressa um pensamento, uma opinião, um conselho, uma advertência, um princípio, um ensinamento, uma norma de conduta, uma súmula de vida Sentença breve e concisa, provérbio é síntese. Provérbio é memória audível, coletiva. É expressão lingüística do fazer e do viver humano. Faz parte da tradição de um povo, a ele pertence como algo noto e universalmente aceito, como verdade indiscutível, como evidência incontestável.
Os provérbios são transmitidos, principalmente, para instruir o povo que não lê, que não pode ler, seja porque não recebeu instrução formal para isto, seja porque não recebeu instrução formal para isto, seja porque não possui disponibilidade de tempo para fazê-lo. O homem simples do campo ou o operário, o homem que trabalha para viver, o homem que trabalha com as mãos, em suma, o trabalhador braçal não tem condições para ler, para refletir sobre o que outros escrevem, mas ele precisa de noções fundamentais para orientar-se em seu dia-a-dia, de princípios e normas para conduzir-se em conformidade com os ditames da sociedade e do mundo em que vive.
A sabedoria contida nos provérbios não é, contudo, prerrogativa do povo humilde, das pessoas de vida simples. O provérbio estende sua verdade a todo ser humano. A verdade difundida pelos provérbios é pré-existente na mente humana. Neste sentido, ao dizer um provérbio, uma pessoa não ensina algo a alguém. O provérbio se ensina a quem o diz e a quem o ouve.
O provérbio ao ser atualizado, põe à luz algo que é verdade previamente existente na mente humana. O seu “estar prévio” na mente de cada indivíduo possibilita-lhe assim aceitabilidade universal. A verdade por ele traduzida estende-se no tempo e aos mais variados lugares, aplica-se a muitos homens. A par desta característica de pré-compreensão, o provérbio possui também um caráter histórico. Ele faz parte de antiga tradição. Por ele é transmitido saber popular, fruto da experiência dos antepassados.
A sabedoria prática, contida nos provérbios, emana da experiência das pessoas mais velhas. Os velhos são depositários dos provérbios e, em sua sabedoria auferida no decorrer da vida, repetem às gerações mais jovens estas fórmulas transmissoras de saber. O provérbio expressa a sabedoria popular acumulada no tempo e transmitida de uma geração a outra. Neste sentido, o provérbio assume cor local, dá conta das nuances peculiares da cultura de cada povo, entra no domínio da coletividade e passa a integrar a tradição oral popular. O provérbio explicita verdades na forma lingüística de cada povo. O provérbio encerra, portanto, esta dupla dimensão: a pré-compreensão e a historicidade.
Os provérbios possuem uma dimensão espaço-temporal. Eles se difundem de um lugar para outro, transpõem as distâncias geográficas, atravessam os séculos. Perpetuam-se e propagam-se na forma escrita ou na forma oral, mas a sua vida por excelência é a sua oralidade. A oralidade é a sua vida e energia. Em termos de sua função comunicativa, o provérbio é, aí e então mais rico e denso de significado. Como expressões bem formadas, estruturados em frases curtas e conceituosas, os provérbios gravam-se facilmente na memória e são repetidos com força nova em cada nova e propícia circunstância da vida em comunidade. O assentamento do provérbio na escrita é uma garantia a mais de preservação para as pósteras gerações. Pela escrita, o provérbio ganha estabilidade e pode ser levado a qualquer parte do mundo sem alterações. O provérbio, contudo, se mantém vivo enquanto verbalizado, expresso pela fala em comunidade. Ele renasce e se inova em cada atualização, ele adquire “status” ao se popularizar na sua forma oral. Em suma, o provérbio compreende, além de outras características, a pré-compreensão, a historicidade, a oralidade e a popularidade.
Os provérbios dialetais italianos, trazidos do Norte da Itália, foram aqui usados e transmitidos na forma dialetal das diversas províncias italianas de origem. Trazidos de outra pátria, encastoados na experiência de vida dos que para cá vieram, os provérbios foram atualizados e repetidos, inúmeras vezes, nas vozes dialetais dos antepassados. Estruturados e expressos através dos dialetos italianos, foram peças integrantes do multilingüismo dialetal italiano de várias regiões brasileiras e, nesses sistemas de fala, articularam-se com toda a justeza. Eles serviram à comunicação , isto é, foram utilizados para instrui, aconselhar, advertir, educar. Tiveram assim, uma natureza didática e constituíram-se em fórmulas monitoriais do saber humano popular.
Seguem alguns provérbios:
Cane che abbaia non morde. |
Cão que ladra não morde. |
Traduz,
de forma jocosa, a idéia de que quem muito ameaça vingança e ostenta que fará
algo, em geral, não vai às vias de fato. |
Fingire un dolore per accattivarsi la fiducia e
poi imbrogliare. |
Reza ao morto para enganar o vivo. |
Adverte
contra quem manifesta compadecimento pela morte de alguém com intenção de
enganar ou de obter algo de outrem. Caracteriza a atitude de quem expressa
hipocrisia e falsos sentimentos em relação a pessoas fragilizadas pela dor,
para, enganado-as, obter favores e benefícios. |
Benedetta la casa mia per poveretta che la sia. |
Bendita a casa minha por pobrezinha que ela seja. |
Dá
realce ao aconchego do lar próprio, sejam quais forem as condições econômicas
e materiais da casa. É sempre interessante contar com a própria casa ainda
que seja pobre. |
Bisogna sentir le due campane. |
Para saber a verdade é preciso ouvir tocarem os dois sinos. |
Alerta
para a necessidade de se ouvir os dois sinos tocarem para poder avaliar e
julgar adequadamente a qualidade do som. Não se pode emitir um julgamento
correto, se este for baseado somente no relato de uma das partes implicadas
em algum fato e não em ambas as partes. A verdade advém da análise cuidadosa
dos prós e dos contras provenientes das duas fontes de uma mesmo relato. |
Ogni matrimonio ha il suo demonio. |
Cada matrimônio tem o seu demônio. |
Afirma
que cada casamento tem seus próprios tormentos. Cedo ou tarde todo casamento
terá um problema. |
Chi dorme non piglia pesci. |
Quem dorme não pesca peixe. |
Somente
quem é esperto, atilado e atento colherá bons resultados. Se assim não for, nada
obterá. |
Chi non pensa prima, poi sospira. |
Quem antes não pensa, suspira depois. |
Adverte
sobre a necessidade de reflexão, de calma e de ponderação para que não haja
arrependimentos depois. Alerta contra a imprudência e contra a precipitação
no agir, a fim de que sejam evitados dissabores. |
Chi rifiuta pane, vino e ... Dio castiga. |
Quem rejeita pão, vinho e ... Deus castiga. |
Ressalta
a importância de elementos essenciais para a preservação e reprodução da
espécie humana. Pão, vinho e sexo são elementos importantes na cultura
italiana. |
Chi si loda s’imbroda. |
Quem se louva se enlambuza. |
Exprime
um juízo negativo sobre a atitude de alguém se elogiar a si próprio.
“Imbrodare” ou “ imbrodolare” significa sujar-se com o caldo da sopa, isto é,
sujar-se uma pessoa com o caldo da sopa que está tomando. Ao elogiar-se ou ao
elogiar seus próprios feitos, alguém se emporcalha com suas próprias
palavras. |
Chi risparmia perde tutto. |
Quem economiza, perde tudo. |
Faz
referência à acumulação de riquezas que acabam sendo roubadas ou gozadas por
outrem. Há, nesse provérbio, uma crítica ao avarento. |
Com tempo e com la paglia si maturano lê nespole. |
Com tempo e palha amadurecem as nêsperas. |
Incita
à paciência e à perseverança, necessárias para a realização de pequenos e
grandes empreendimentos. Todo ato, todo empreendimento precisam de um
determinado tempo para seu desenvolvimento, para atingir plenitude e
concretização. |
A sette anni si è ragazzi a settanta ancora. |
De sete anos se é criança e de setenta ainda criança. |
Exprime
a idéia de que, no ciclo da vida, o estado inicial (o da infância) se
identifica com o estado final (o da
velhice). Determinadas características, como a dependência, a fragilidade, a
necessidade de proteção e amparo, presentes no início de uma vida, repetem-se
em seu período final. |
Preti e capitelli, levatevi il cappello e
rispettateli. |
Padres, frades e templos, tirai o chapéu e respeitai-os. |
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Moglie e buoi dei paesi tuoi. |
Mulheres e bois escolha-os nos povoados teus. |
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Il diavolo fa lê pentole ma non i coperchi. |
O diabo faz a panela mas não a tampa. |
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Um alto e um basso fan livello. |
Um alto e um baixo formam um plaino. |
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Gallina vecchia fa buon brodo. |
Galinha velha faz um bom caldo. |
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L’occasione fa l’uomo ladro. |
A ocasião faz o homem ladrão. |
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Uma prima colpa si perdona, uma seconda si
bastona. |
A primeira se perdoa, a segunda se bate. |
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La roba fa sposare la gobba. |
A roupa faz casar a corcunda. |
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Ils secchio a furia di andare alla fontana perde
il manico. |
Tanto vai o pote à bica, até que um dia lá fica. |
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La brace che cova sotto la cenere è quella che
scotta di più. |
As brasas encobertas são as que queimam. |
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Leggere e non intendere è come avere una padella
e non avere niente da friggere. |
Ler e não entender é como ter uma frigideira e nada para frigir. |
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Libertato me imbrogliato te. |
Desobrigado eu, embaraçado tu. |
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Male non fare paura non avere. |
Mal não fazer, medo não ter. |
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Uma volta corre il cane e uma volta la lepre. |
Uma vez corre o cão e outra vez corre a lebre. |
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Non si muove foglia che Dio non voglia. |
Não cai uma folha sem o consentimento de Deus. |
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Rosso di sera, buon tempo si spera; rosso di
mattina mal tempo s’avvicina. |
As nuvens vermelhas à noite, bom tempo se espera, nuvens vermelhas de manhã, mal tempo se aproxima. |
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Tale il padre tale il figlio. |
Tai pai tal filho. |
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Val più la pratica che la grammatica. |
Mais vale a prática que a gramática. |
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Stort fa um bigol
El mal vien
a caval e và via a piedi
Lau paura di
marrir lè pezo che de la morte
Morir de
grata, morir de rogha, morir bisogha
Na tempestade de
bote
I morti
verze i oci ai vivi
Sbaglio del
doutor, volontà de Dio
Sanità e
libertà, se xê richi e non se lo sà
Piovea che
Dio la mandeva
Magnar e rider de crepar
La saria una
cucagna
Beati i
ultimi se i primi gà creança
Rari come le
mosche bianche
Rosso come
un diavolo
Ligà come un
salan
Ciaro come
crivel de suche
Morto seco
come um pavio
Pesta come
el bacala
Forte come
el l’aseco
Vai che brusa
Drito come
le gambe del ca
Val pi la
pràtica che la gramática
Robe fate em
precia, i gati nasce orbi
Fim che dura
mal paura
Soldi e
bote, no retorna em drio
Soldi fà
soldi, peoci fà peoci
Co se gà
fame, tuto sarà bom
Così sè la
vita, mezza storta mezza drita
Val pi la
pràtica che la gramática
Robe fate in
pressa, i gati nasce orbi
Fim che dura
mai paura
Soldi e bote, no retorna em drio
Soldi fà
soldi, peoci fà peoci
Co se gà
fame, tuto sarà bom
Così sè la vita, meza storta meza drita
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