0 – O Louco

Na posição normal, as palavras-chave que definem O Louco são inconsciência, alienação, impulsividade, passividade, inocência, ingenuidade, despreocupação, irresponsabilidade, confusão, inconstância e isolamento. Invertido, suas palavras são apatia, desequilíbrio, falta de segurança, automatismo, loucura, desregramento, insensatez, auto-destruição e falta de objetivo.

À primeira vista, parece uma carta extremamente negativa, em ambos os sentidos. No entanto, lembrando que o Tarô retrata um símbolo do inconsciente, é fácil descobrirmos que essa é a visão que o inconsciente coletivo tem a respeito do nosso “ego moderno”, excessivamente apegado às palavras, ao concreto e objetivo mundo de Descartes.

O louco, então, é o símbolo do homem, aquele que inicia sua viagem em busca de auto-conhecimento sem, contudo, dar-se conta de que toda sua vida tem por único objetivo levar-lhe à ampliação de sua consciência. Caminhamos pelas cidades modernas, imbuídos de acumularmos conosco a maior quantidade de bens e poder que pudermos abarcar. Queremos chegar ao final de nossa vida escorados em toda sorte de status e segurança material. Mas esquecemos de que o mundo concreto é apenas um símbolo do mundo interno e que todos os nossos valores e são apenas e tão somente criação de nossa mente. Caminhamos como O Louco, alheios ao abismo que se abre diante de nós e se nesse arcano o inconsciente não é nada lisonjeiro com o ego, parece está a nos dar o troco por nos considerarmos tão ‘racionais’.

Este Arcano nada mais é senão nós mesmos, com nossas dúvidas e confusões, lançando-nos num abismo de idéias. Retratado, na maior parte dos baralhos como um bobo da corte, seu olhar está perdido no espaço e ele traz às costas uma sacola onde esconde todos os seus dramas e problemas da alma. Ali está sua herança paterna, seus valores profundos. Sua sacola é sua Sombra e o melhor que ele faria seria sentar-se confortavelmente, ainda que à beira do abismo, e verificar detalhadamente cada objeto escondido ali dentro.

Em boa parte das cartas, ainda, encontramos um cão ou outro animal qualquer a lhe morder seu calcanhar, em um claro indício de que são as partes ditas ‘irracionais’ que poderão, ao final, evitar que caiamos no abismo da inconsciência absoluta. Assim como os bobos da corte podiam usar sua máscara de loucura e humor para dizer grandes verdades sem correrem o risco de serem punidos, o arquétipo do Louco surge em nossa vida provocando situações constrangedoras ou bem-humoradas para que nos lembremos que, afinal, por trás do ‘irracional’ existem grandes e sábias verdades.

 

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