Um Sonho "Real"

“Acabei de acordar. Tive, pela terceira vez neste mês uma “invasão” de energia e, como das outras vezes, meu corpo “quicou” com tanta força. Só que, desta vez, as imagens apareceram juntas e me deixaram tranqüila para “embarcar” na viagem.

Assim que começou a energia, apareceu, do meu lado esquerdo, acima do altar, uma imagem de Jesus que foi se transformando nas palavras “Jesus Cristo” em neon. Fiz uma prece e me entreguei. Quando voltava os olhos para cima, eles foram “girando” até se transformar no terceiro olho: uma luz dourada, vibrante e que era, ao mesmo tempo, um túnel. Eu “quis/desejei” entrar por este túnel. E fui. Caí num lugar parecido com uma feira e um homem diz no meu ouvido que havia “alguém” muito importante ali. Procuro a meu redor e atrás de mim está o próprio Krishna-menino. Me curvo, colocando a cabeça no chão e ele vem conversar comigo. Me fala coisas que fazem muito sentido, mas que, infelizmente  não consigo me lembrar. Volto para o quarto e penso em ligar para um amigo. Olho no relógio e são 5h59. Digo que está muito cedo e que ele deve estar dormindo. Penso também que daqui a um minuto o meu relógio irá despertar.

Começa outra onda de energia e eu “consinto” que ela venha, desejando “sair do corpo”. Saio e caio em um lugar parecido com um cerrado. Há rapazes - meio vândalos - correndo de um lado para outro. Não ssinto o menor medo deles e quando me aproximo, percebo que meu corpo os está iluminando. “Decido”  voar e começo a ir em direção às estrelas. Chego a subir bem alto, mas há um “ponto-limite”, o qual não consigo ultrapassar. Volto para meu quarto.

A energia começa de novo e tenho consciência de que é a mesma energia do Kundalini. Sinto um certo receio de que tanta energia me desequilibre emocionalmente, mas não fujo dela e me entrego. Aparece um jovem negro do meu lado direito. Ele está me examinando. Primeiro põe a mão no meu maxilar para aliviar uma crise de bruxismo. Depois põe a mão no meu rosto - na altura dos sinos - e diz que o cigarro está prejudicando ali. Põe a mão na minha garganta, diz a mesma coisa e começa a examinar meu estômago. Quando ele começa a apertar, sinto dor e tento tirar a mão dele. Ele diz que não devo interrompê-lo e continua. Argumento que estou sentindo medo e ele pára. Começa a dar a volta para o lado esquerdo da cama e eu viro a cabeça um pouco mais para a direita. Só então percebo que há um altar montado em cima de um travesseiro: recipientes com água, velas brancas e vermelhas.

Quando o menino negro chega do meu lado esquerdo, se transforma num cordeiro alvíssimo com o símbolo da Self Realization Fellowship no pescoço. Vejo com clareza o lótus azul. Levanto do corpo e sento na cama. Há uma música no ar e começo a cantar “Hare Krishna” num ritmo que jamais ouvi antes.

Finalmente retomo o corpo e “acordo” completamente - o uso da palavra acordar é aqui totalmente inadequado, pois estou 100% consciente o tempo todo de que estou em dois planos e que havia “um corpo” deitado na cama e uma consciência independente dele - e olho o relógio: 00h40. Tudo isso aconteceu menos de duas horas depois que fui dormir, no entanto, acordo totalmente descansada e “elétrica”.”

Este sonho, que aconteceu em setembro de 1996, abriu uma série de sonhos lúcidos que tive em seqüência e levou não só a mudanças profundas na minha personalidade, mas à maior dedicação ao estudo de um tema que já me interessava há alguns anos: os sonhos.

Acredito que a genialidade de Jung ficou evidente quando ele conseguiu provar que a análise dos sonhos indica a existência de energias básicas – arquétipos – formadores da psique humana e que esta análise pode nos levar a ampliar não somente a consciência de nós mesmos, mas também à uma maior compreensão da realidade em todos os níveis.

No entanto, como tenho uma base espiritual bastante forte, que inclui a crença em reencarnação, sempre fiquei me perguntando  como o nosso perispírito entra em contato com essas energias. No sonho acima eu estava lúcida o tempo todo e o tema é suficientemente importante para que tivesse acordado no meio da madrugada, retendo praticamente todos os símbolos na mente. Mas esta era uma lucidez diferente, pois minha mente estava funcionando em uma dimensão simbólica, ainda que estivesse consciente de que havia ‘um corpo deitado na cama’. A primeira pergunta que me fiz foi por que precisei revestir tudo em símbolos? Lembrando que os símbolos têm a função de descrever uma realidade muito além da quarta dimensão, eles englobam a terceira dimensão e vão acima dela. A conclusão óbvia é que o cérebro que funciona no plano espiritual funciona então na quarta dimensão.

Por que Precisamos dos Símbolos?

Considerando que o mundo físico é totalmente simbólico, no sentido de que é inteiramente criado pela mente dos seres que aqui vivem, então não deveria me espantar o fato de o cérebro traduzir a realidade da terceira para a quarta dimensão e vice-versa em um material simbólico. Mas porque é preciso que seja assim? Acho que isso faz parte do chamado “Véu de Isis”. Lembrando de um livro espírita que li, onde durante a noite os personagens de batiam em luta e durante o dia tinham que tentar reverter a rixa em amizade fraterna, acho que é esta a base da “lei do esquecimento”, porque se o cérebro não revestisse nossa vivência espiritual em símbolos, nós sempre acabaríamos descobrindo mais do que deveríamos em relação ao passado e isso poderia nos levar a estar sempre repetindo os mesmos erros.

No entanto, à mente treinada, ao observador interessado, os símbolos podem ser revelar extremamente consistentes e auxiliar, efetivamente na ampliação da consciência sobre si mesmo, que é o maior objetivo do Self. Observando a evolução de uma alma humana, ao longo de centenas de milhares de encarnações, conseguimos perceber que jamais há realmente vítimas e algozes. Na filosofia oriental, não há bem ou mal, no sentido que se dá a essas palavras no ocidente. Apenas existe o eterno jogo de contrários, que produz, ao final, uma transcendência completa das aparências. ‘Bem’ e ‘Mal’ não são mais do que momentos da evolução do Ser e quando deixamos de nos identificar com um ou outro conceito, quando desistimos de acreditar que somos integralmente bons e ou maus, mas apenas seres humanos completos, somente aparentemente compostos de parcelas, conseguimos também não nos identificar com o bem ou o mal que tenhamos feito ou que tenha sido feito a nós. Esse é o objetivo maior da evolução da consciência.

Contudo, se ainda estamos por demais identificados com uma parcela unilateral de nossa consciência, se ainda acreditamos que somos vítimas ou algozes, não estamos em condições de conhecer a verdade completa sobre nossos seres – e menos ainda sobre a verdade daqueles que convivem conosco. O mundo então se reveste de uma concretude ilusória – que no oriente chamamos de Maya – e somos obrigados por nós mesmos a reagir com apenas uma pequena parcela de nossa consciência. Nosso ego vive às cegas, como O Louco do Tarô, mas nosso Self sabe onde deve nos conduzir e programa detalhadamente nossas encarnações para que estejamos lado a lado com aqueles que acreditamos terem nos prejudicado – ou que tenhamos prejudicado – sem conseguirmos realmente identificar a pessoa até que surja um verdadeiro conflito.

É graças a essa estratégia elaborada que muitas vezes um antigo inimigo entra no seio de uma família como um filho e – se todos aproveitarem a oportunidade do ‘esquecimento’ – sai dessa encarnação, ao final de 50 ou 60 anos, como um grande amigo dos ‘ex-inimigos’. Contudo, quando estamos livres das injunções do corpo recém-formado, quando nosso espírito vagueia na quarta dimensão contando apenas com o veículo perispiritual  enquanto o corpo físico dorme, temos a total consciência de nós mesmos. Estamos de posse de toda nossa memória sideral – ou pelo menos da memória das encarnações mais recentes – e lidamos com nossos pares na matéria imbuídos dos mesmos sentimentos que alimentávamos no passado. Por esse motivo precisamos reverter essas experiências em símbolos transcendentes e ao tentar sondar-lhes o significado através da análise correta dos sonhos, conseguimos, na quase totalidade dos casos, liberar a energia bloqueada no conflito e solucioná-lo de uma vez por todas.

Em se tratando de mentes mais treinadas e mais conscientes de todo esse processo, é muito mais fácil e até mesmo comum que elas retenham na mente, ao despertar, reminiscências autênticas, muitas vezes completamente despidas de material simbólico. Mas esses são casos relativamente raros, se consideramos que a população mundial encarnada tem hoje cerca de seis bilhões de habitantes. São pessoas que ao logo das últimas encarnações vêm treinando seu espírito para lidar melhor com a verdadeira realidade da alma e estão realmente dispostos a encarar de frente sua origem, seu passado, e todos os seus condicionamentos milenares – não simplesmente para ‘saber’, por mera curiosidade, mas para procurar crescer com essa ampliação da consciência, muitas vezes extremamente dolorida para nossos egos. O objetivo é esse mesmo, mas a meta só é alcançada com dedicação e humildade.

Quando revestimos uma situação real – por exemplo, o conflito mortal entre espíritos que hoje são pai e filho ou o amor passional de quem hoje é irmão de sangue – em sonhos arquetípicos estamos, de todo jeito, lidando com a situação real, apenas de forma simbólica. Estamos, por assim dizer, trabalhando na ‘matriz do problema’. Os arquétipos são energias formadoras da personalidade do homem e, obviamente, formadoras de todos os sentimentos que constituem a psique humana. O hipotético pai ou filho ou amante está de todo jeito lidando com seu impulso primordial – seja de vingança, seja de posse – mas não está comprometendo de forma visceral a encarnação vigente. Se ele não conseguir solucionar o conflito, o máximo que vai acontecer é um afastamento das pessoas depois de colecionarem uma série de mágoas (no entanto, não podemos deixar de mencionar que em casos de rixas realmente graves, em que os espíritos desistem de manter uma trégua, existe a possibilidade de o crime se repetir dentro de casa mesmo). Mesmo que aconteça a separação, sem a criação de um laço real de fraternidade,  existirá a oportunidade de haver, de qualquer jeito, uma distensão, pois a situação evolui de ‘inimigos’ para ‘não amigos’. E em uma próxima encarnação – pois ainda precisaremos de muitas para sermos realmente uma civilização evoluída – esses ‘não amigos’ terão novamente a oportunidade de se tornarem amigos realmente fraternos.

O que a análise dos sonhos pode fazer por nós

Quando nos dispomos a trabalhar um sonho com absoluta honestidade e nos comprometemos com o resultado da análise, conseguimos alterar um padrão de comportamento na sua raiz. Ao trabalhar em nível arquetípico e/ou simbólico, é como se estivéssemos trabalhando no verdadeiro núcleo da questão e o resultado sempre acaba irradiando para a periferia. Lançamos uma ‘pedra na água’ ao encarar a base de um comportamento expresso por um sonho e o resultado se irradia para o ego e para nossa vida material, como as ondas se irradiam ao redor da pedra jogada na água.

Lembrando que a base desse raciocínio é a filosofia oriental, que preconiza que todo acontecimento interno tem origem e é sempre um reflexo do mundo interior da pessoa. Algumas correntes da psicologia moderna também se baseiam nessa filosofia, de forma mais ou menos evidentes. Mas o público em geral, principalmente a parcela da população que nunca esteve próxima de uma análise ou de qualquer tipo de terapia psicológica, não deixa de colher os benefícios dessas leis transcendentais. Como Jung fazia questão de enfatizar em seus escritos, o inconsciente não precisa do ego para que os sonhos realizem sua função curativa. A liberação das energias, durante o processo do sonho, tem força curativa – catártica – suficiente para manter a personalidade e relativo equilíbrio. Mas, então, poderíamos perguntar, porque ‘perdermos tempo’ com uma análise desse tipo? A resposta é que ao nos dedicarmos com boa vontade ao entendimento do que o Self quer de nós, recebemos como resposta não somente a boa vontade do inconsciente mas, principalmente, realizamos uma ampliação da consciência. A diferença entre alguém que se dedica a analisar seus sonhos e da pessoa que deixa que a natureza faça tudo sozinha é a mesma diferença entre a pessoa que realiza uma caminhada para relaxar das tensões do dia-a-dia e o atleta que corre para se preparar para uma maratona. A variação de propósitos e a conseqüente modificação de treinamentos irá se refletir em um maior preparo físico do atleta.

A Natureza evolui por si mesma, é bem verdade. E é verdade também que o homem, como um ser integrante da Natureza, tem um processo de evolução natural. Mas também é igualmente verdade que a autoconsciência faz parte do processo de evolução da criatura humana e colocar-se espontaneamente em sintonia com o processo que pode levar à essa evolução é o que diferencia o ‘ser biológico’ do Ser Humano.

A genialidade de Jung ficou evidente quando ele conseguiu provar que a análise dos sonhos indica a existência de  arquétipos

 Enygma - Sua Vez p; - Astrologia  -  Tarô  -  Florais  -  Crônica  -  Crianças Desaparecidas  - Auto-Ajuda - Oriente  -  Umbanda