Contando
histórias em sala de aula
Por
Shirlei Torres
Há muitos e muitos anos que a contação de histórias habita o
mundo das escolas, mas muitos professores ainda não descobriram o
quanto as histórias podem ajudá-los em sua missão de educadores.
Muitos utilizam as histórias, quando utilizam, apenas para acalmar
os alunos e não vêem as várias possibilidades de uma boa história.
Podemos
dizer que o principal objetivo de contar uma história em sala de
aula é DIVERTIR, estimulando a imaginação dos alunos. Mas
juntamente com este clima de alegria e interesse que a história
desperta pode a história atingir outros objetivos, como: educar,
instruir, desenvolver a inteligência, ser o ponto de partida para
ensinar algum conteúdo programático ou mesmo ser um dos
instrumentos para tentar entender o que se passa com os alunos no
campo pessoal, pois, muitas vezes, durante a história eles falam do
que os está incomodado sem vergonha ou medo, já que se vêem
dentro da mesma.
Uma
história bem contada pode ajudar o aluno a interessar-se pela aula.
Permite, em geral, a auto-identificação, favorecendo a aceitação
de situações desagradáveis e ajudando a resolver conflitos.
Agrada a todos sem fazer distinção de idade, de classe social, de
circunstância de vida.
Quando
o professor decide contar uma história é necessário que a escolha
com muito cuidado e carinho, pois ela deve ser adequada à faixa etária,
ao interesse dos ouvintes, aos objetivos do próprio professor. A
escolha da história funciona como uma chave mágica e tem importância
decisiva no processo narrativo.
Geralmente,
os professores acham que é necessário um talento especial para
contar histórias, mas não é. Todo professor tem dentro de si um
contador de histórias, apenas precisa encontrá-lo e aprimorá-lo.
Para que isto aconteça pode-se levar em consideração, segundo
Malba Tahan, algumas características que um bom contador de histórias
deve ter:
1ª
- Sentir, ou melhor, viver a história; ter a expressão viva,
ardente, sugestiva.
A
história deve despertar a sensibilidade de quem a conta, sem emoção,
não terá sucesso.
2ª - Narrar com naturalidade, sem afetação.
O
vocabulário utilizado deve ser adequado ao público ouvinte. Na
oralidade é preciso ser mais claro e objetivo, sendo necessário,
às vezes, completar as idéias da história.
3ª - Conhecer com absoluta confiança o enredo.
O
contador tem que estar seguro sobre o que vai contar, do contrário
é melhor não contar.
4ª
- Dominar o interesse do público.
Sempre
buscar maneiras de fazer com que os ouvintes permaneçam
concentrados na história.
5ª
- Contar dramaticamente.
O
contador pode se passar por algum dos personagens ou por todos.
6ª - Falar com voz adequada, clara e agradável.
Não
convém falar em falsete ou impostando a voz, a não ser que seja em
momentos específicos para caracterizar um personagem.
7ª
- Ser comedido nos gestos.
Se
exagerar em gestos sem objetivos, quando fizer um que seja necessário
para melhor entender a história, não será notado.
8ª - Ter espírito inventivo e original.
Contar
as histórias com suas próprias palavras – contar o que está
velho de forma nova. Se a história for de livro deve ser adaptada,
pois a linguagem escrita é diferente da oral.
9ª
- Ter estudado a história.
Não
é necessário decorar, mas sim testar diversas possibilidades de
exploração oral para contar com espontaneidade.
Não se apavore com esta lista que Malba Tahan traz, são apenas
dicas que funcionam. Assim como estas, deve haver muitas outras para
colocar em prática seu lado contador de histórias. Como foi dito
antes, todo professor tem um contador dentro de si próprio e pode
vir a encontrá-lo através de tentativas práticas e não teóricas,
por isso a chave para descobrir é tentando.
Na utilização da contação de histórias em sala de aula todos
saem ganhando, seja o aluno, que será instigado a imaginar e criar,
seja o professor, que terá uma aula muito mais agradável e
produtiva.
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA
SILVA,
Maria Betty Coelho. Contar histórias: uma arte sem idade. São
Paulo: Ática, 1986.
TAHAN,
Malba. A arte de ler e de contar histórias. Rio de
Janeiro: Conquista, 1957.
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