Eu sou normal, acredite
Sentem-se,  o show vai começar
Proteja-se: você pode ser o próximo
Mudando um pouco seu dia-a-dia
Tudo que você sempre quis ser, mas tinha vergonha
Se quiser, ponha açúcar
Got popcorn?
Let's swing, babe
Plante uma árvore, tenha filhos, escreva um livro
POW! CRASH! TUM! SNIKT!
O que você está olhando?
Porque o importante é vencer
 : )
You're hot - come on in
Veja tudo que você nunca quis ver
Saiba quem são os culpados por isso
Seja experto! Gaste pouco e ganhe muito
Sugestões? Comentários?
Perdeu algo de bom? Garanto que não

Tristeza feliz pelo centro do Rio
Entrevista - Nelson Francisco
por Bruno Alves

Chegamos por volta do meio-dia na Cinelândia. Estava um calor de final de Primavera, coisas do El Niño. Sabíamos muito bem porque estávamos ali: para desvendar os mistérios por traz do senhor Nelson Francisco. Pra quem não reconheceu de nome, aí vai a dica: seu Nelson bate ponto todo dia no centro do Rio de Janeiro, seja na Cinelândia, seja em frente ao metro do Largo da Carioca. Seu Nelson é músico, mais precisamente um saxofonista tenor. No meio de um ambiente tão agitado, pode-se ouvir um ritmo tocante, harmônico, melancólico na sua própria felicidade: o Jazz. Da próxima vez que passar pelo centro do Rio de Janeiro, preste atenção de onde vem tamanha melodia. Com a voz calma e olhar escondido pelos óculos escuros, ele concordou em nos dar essa entrevista.

DRM.news: Antes de mais nada, gostaria de saber um pouco sobre você....

Seu Nelson: Me chamo Nelson Francisco, tenho 54 anos, sou morador de Santa Teresa, tenho duas lindas filhas já formadas, e levo a vida tocando Jazz há 20 anos.

D: Como começou a tocar sax?

N: Comecei a tocar porque gostei da melodia. Meu vizinho ouve Jazz o dia inteiro, então sempre fui acostumado a ouvir. Também tive contato com o músico Bernão Magalhães, que foi quem realmente me abriu as portas pro sax.

D: Onde você aprendeu e qual foram suas influências?

N: Eu estudei durante anos no Villa-Lobos (N.E.: Escola Villa-Lobos é uma escola de música bastante conhecida no Rio de Janeiro), mas aprendi mesmo no Conservatório do Méier, com Joaquim Nague, que é um senhor de bastante idade já, mas que sabe muita coisa sobre o Jazz.
Minhas maiores influências foram a Bossa Nova, Paulo Moura - com que eu estudei -, e algumas pessoas com quem eu já toquei.

D: Como por exemplo...

N: Tim Maia, Elza Soares, Cassiano... Toquei como todos eles na década de 80, e com mais gente que já não me lembro. Já toquei com muita gente boa.

D: E você nunca pensou em lançar um CD?

N: Já, já pensei sim. Mas é que as coisas tem que ser devagar, porque se você vem pra cá e mostra suas canções, aparece alguém e rouba. As coisas estão indo devagar. Já estou preparando um CD sim. O problema é que as grandes gravadoras fecham suas portas pra pessoas como eu. Elas só querem artistas que vendam muito e rapidamente. Aí tem que recorrer pras gravadoras pequenas, que também é complicado pois pode acontecer de tirar dinheiro do próprio bolso pra bancar o álbum.

D: Falando em gravadoras grandes... O que você acha sobre o atual modismo da música?

N: Olha meu filho, minha cabeça é aberta. Não tenho problemas com esses ritmos que vendem muito; um estão nessa por amor, outros por dinheiro. Mas pra música apurada sempre vai haver lugar. O Jazz, o Samba, a Bossa Nova, não passam, eles entranham devagar. São quase eternas. O povo hoje em dia está com a cabeça misturada por causa da pressão das gravadoras. A hora do Jazz vai chegar, quando tudo se resolver.

D: Lembra-se de alguma situação interessante pela qual já passou?

N: Toda hora tem coisas interessantes. Aqui eu já conheci o escritor Fernando Sabino, o João Donato, o Albertino Silva... Eu também toco na Praia do Leblon, onde conheci o Rui Castro. E sempre toco em festas também, que daonde vem o meu sustento. As pessoas passam por aqui, ouvem, gostam, me chamam pra tocar na festa de quinze anos, no casamento, nas bodas... E não é só gente velha não, a garotada também gosta. Só não gosta de Jazz quem nunca ouviu.

Então tá dado o recado...