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Já não se fazem fãs como antigamente por Thais Selkie
Quando você
sai para comprar um disco, que disco você compra? Não importa.
Mas de quando é esse disco? De 60? 70? Início de 80? Isso também
não é importante. Ou não.
Quantas vezes você se pegou comprando o que o seu pai provavelmente
ouvia quando tinha a sua idade? Muitas, não é? Então
leia esse artigo com atenção.
Você está sofrendo de uma doença muito séria. Comprar
discos de vinil empoeirados te deixa estranhamente satisfeito, ouvir as músicas
com aquele chiado característico te faz sentir nostálgico e
você acha que devia ter vivido para ver 1974, o ano em que o rock atingiu
sua perfeição, como dizem em um dos seus filmes preferidos.
Eu sinto em dizer que você perdeu, pirralho. Muitas das bandas que prestam,
surgidas nos últimos 10 anos, já não existem mais devido
à baixas ou à frescura dos integrantes. O seu dinheiro não
é suficiente para comprar todas as quinquilharias de divulgação
e os cds com preço astronômico que as bandas lançam. E
a música, ah, a música, já não é mais a
mesma. O que nos leva de volta à década de 60.
A casualidade do rock dessa época faz você suspirar. Era sempre
a mesma coisa: alguns amigos que sabiam tocar instrumentos e se reuniam para
levar um som. Três ou quatro acordes depois, pronto. Pete Townshend
compunha I'm a Boy, assim, sem mais nem menos. Desse jeito também,
os Beatles cuspiam Rubber Soul neles. Os Stones engatinhavam e lançavam
o After-Math. Que desagradável. Surgiam também os primeiros
acordes de uma série genial, por Roger Waters e David Gilmour. É,
mas a lista é bem mais extensa do que isso. Jim Morrison e os rapazes
do Doors, Ron Wood & Rod Stewart juntos, Elton John, David Bowie, Lou
Reed, Nico, Joe Cocker, Jimi Hendrix, e você não sabe nem por
onde começar. Neil Young, Bob Dylan, Page, Plant e o seu dinheiro já
acabou faz tempo. Num último esforço de se sentir parte de tudo
isso você aluga o vídeo do Festival de Woodstock de 69 e fica
tocando air guitar e rindo dos doidões fodendo no mato, na frente de
todo mundo.
Década de 70. Você senta para conversar com o seu pai e ele ri
da sua cara porque você não sabia que Elton John, Eric Clapton
e Tina Turner faziam participações em Tommy. Você só
pode assistir o Festival da Ilha de Wight pela tv. Os seus ídolos morreram,
suas bandas preferidas terminaram, o Punk surgiu. Você também
queria cuspir nos outros, rasgar as suas roupas, fazer moicano, furar seu
rosto com alfinetes, fugir de casa, largar a escola, morar com oito pessoas
num apartamento de dois quartos na periferia de Londres, fazer uns bicos para
ter o dinheiro da comida e, é claro, bater cabeça com o Sid
Vicious nas primeiras rodas de Pogo nos shows do Sex Pistols. Mas você
não pode. Os Ramones te fascinam, é o auge da cagação.
E não é só isso. O seu sangue neguinho faz você
balançar ao som de Jacksons Five, Marvin Gaye, Barry White, Isaac Hayes
e o "homem", James Brown. Você suinga sozinho, na sala de
casa, imaginando como seriam os dias da Motown.
Fim da década de 70, início da de 80. Finalmente, você
nasceu. E enquanto você ainda mamava no peito da sua mãe, The
Artist, então Prince, mamava em vários peitos por aí.
Bruce Springsteen se trancava no porão da casa dele com um violão
e uma gaita e criava um disco chamado Nebraska. O U2 ficava conhecido, com
as músicas de protesto, e você sentava no sofá da sala
e pedia ao seu pai para colocar o disco do Balão Mágico na vitrola.
Mas nem tudo ia bem. Foi só você nascer e o Genesis começou
a entrar em decadência. O Who sucumbiu às brigas e à vaidade
de Roger Daltrey e Pete Townshend. Apareceu o Duran Duran. Tudo ficou meio
colorido e brega demais. Tudo bem que tinha o Metal. Mas isso você só
iria descobrir aos treze anos. Tarde demais. O mal já estava feito.
Nada era como antes. Nos anos 90, quando você começou a se dar
conta do que era música, ainda pôde aproveitar o Nirvana, Faith
no More, Alice in Chains (Lane!), Soundgarden, Pearl Jam, todos no auge. Mas
tudo o que é bom dura pouco. Você não contava com a morte
de Kurt Cobain, com o fim do Soundgarden, com a insanidade do Mike Patton...
é claro que ainda podia ouvir Beastie Boys, Rage Against the Machine,
Radiohead e aproveitar o restinho do tempo legal do rock nacional, mas você
sabia que as coisas estavam mudando.
Hoje você ainda escuta umas bandas boas que aparecem ocasionalmente,
umas que sobreviveram aos anos noventa, um pouco de Britrock (porque todo
mundo é um pouco gay), mas sabe que está sofrendo daquela doença.
Você simplesmente não consegue se desvencilhar daquilo que não
teve. Virou um rato de sebos de vinil, porque não esquece daquela época.
Bons tempos aqueles, não? E como você saberia? Eis que surge
a questão: esse comportamento é saudável? Não
sei. Mas você pode descobrir. Se daqui a vinte anos, seus filhos te
disserem que descobriram uma banda muito foda, dos anos noventa, cujo vocalista
se matou com um tiro na cabeça, ficarem te importunando com perguntas
sobre o seu gosto musical na adolescência e roubarem as suas bolachas
e cds, você vai ver que não tinha problema nenhum. Ou não.
O seu filho pode ser tão débil mental quanto você.