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Quem
é quem
O Prazer é Todo Seu - The Who por Rony Maltz
Antes de tudo, devo dizer que pesquisas profundas me fizeram chagar a uma
inapelável conclusão: não há nada mais entediante
de se ler sobre uma banda do que tecnocracias como história da vida
do guitarrista do útero da mãe ao caixão ou influências
musicais da iguana do vocalista. Este tipo de informação só
interessa a quem é fã apaixonado, e estes provavelmente já
sabem tudo isso de cor e salteado. Resumindo, se você procura a história
completa do The Who (sim, eu vou falar do The Who) e ficha técnica
dos músicos, está perdendo seu tempo.
Por outro lado, se você gostaria de ser apresentado a quatro caras muito
bacanas, um pouco mais famosos do que você, esta é a oportunidade
perfeita. Noventa e cinco por cento do conteúdo abaixo é verídico.
Pode ser um jogo interessante tentar descobrir os cinco por cento restantes.
Você vai ter uma grata surpresa!
Para
os Leigos
"O Who é a banda mais selvagem de todos os
tempos, provavelmente ao lado do Led Zeppelin. Os dois são os pais
da inadministrabilidade."
(Bill Curbishley, maneger)
Roger Daltrey
- canta
Pete Townshend - toca guitarra e canta
John Entwhistle - baixo e vocais
Keith Moon - bateria, raros e toscos vocais
Isto
é o que interessa. Qualquer coisa que você tenha visto ou ouvido
falar antes ou depois desta formação é pura baboseira,
e eu não me responsabilizo.
Com vocês, The Who!
O cérebro
"Ver
Jimi tocar me destruiu. É difícil ver alguém fazendo
o que você sempre quis."
(Pete Townshend, sobre Jimi Hendrix)
A
cabeça pensante da banda. Responsável praticamente tudo o que
o Who criou desde a sua formação, Pete Townshend pode ser considerado
o líder do grupo. A briga pelo posto de líder seria, aliás,
uma tônica durante toda a carreira do guitarrista, o que tornava sua
relação com Roger Daltrey, auto-empossado através dos
próprios punhos, um tanto complicada. O rapaz, que sempre se destacou
pelo nariz de tamanho bastante generoso, entrou na banda como um músico
promissor para tomar o lugar de Daltrey no instrumento solo, e desde então
começou a fazer história como um dos guitarristas mais estilosos
de sua era.
Com a postura de palco admitidamente inspirada em Keith Richards, lead guitar
dos Rolling Stones, Pete se esforçava em chamar mais atenção
do que Roger Daltrey e Keith Moon no palco, e para isto criou todo um leque
de movimentos muito peculiares ao tocar sua guitarra, estilo que o torna inconfundível
em ação. Sua adoração por parte do publico, entretanto,
começou por acaso, enquanto o Who performava em uma pequena casa de
shows na Inglaterra. Townshend acidentalmente deixou cair sua guitarra, fazendo-a
se espatifar em vários pedaços no chão diante de uma
platéia atônita, que nunca havia visto algo como aquilo antes.
O alvoroço foi geral, e desde então o guitarrista fez fama como
'o cara que destrói seu instrumento no final dos shows', e com a ajuda
de Moon o The Who fez sucesso como a banda que tocava e depois quebrava tudo.
Esta atitude ainda levaria o quarteto a protagonizar uma interessante disputa
com o guitarrista Jimi Hendrix, a quem Pete tinha admitida admiração.
O evento era o grande festival de Monterey, em 1967, e ambos pleiteavam a
oportunidade de destruir suas guitarras frente a um grande público
pela primeira vez. Após muita discussão nos bastidores a respeito
de quem entraria para tocar primeiro, o The Who acabou ganhando o benefício
na sorte, no lançar de uma moeda. Regozijado, Pete Townshend chocou
milhares de pessoas ao estraçalhar seu instrumento ao término
da apresentação da banda, e comenta-se que ele ainda teria alfinetado,
irônico: "Ha! Quero ver o que ele vai fazer agora..."
Pois foi nesta ocasião que, em um episódio que ficaria mundialmente
afamado na história do rock, Jimi Hendrix ateou fogo a sua Stratocaster
em meio a todo um ritual místico, frente a uma audiência ainda
mais embasbacada. Foi quando eu vi que, enquanto a guitarra da lenda estalava
e gemia envolvida pelas chamas, Keith Moon pulava como um louco e berrava
com Pete, consternado: "Seu idiota! Como é que você
não pensou nisso antes!?"
Apesar da adoração do público, entretanto, Townshend
só ganharia o devido reconhecimento como compositor com a sua ópera-rock
Tommy, compilação unanimemente glorificada pela crítica
que lançaria de vez o The Who para o estrelato. Curiosamente, a idéia
de se compor uma ópera-rock surgiu numa brincadeira, e desde então
Kit Lambert, empresário da banda na ocasião, vendo futuro no
que parecia ser uma piada, passou a encorajar veementemente o guitarrista
a adotar tal projeto. O primeiro esboço contava uma história
que passava no futuro, a respeito de um casal que desejava ter quatro meninas.
Sua obsessão quanto ao gênero dos filhos era tão grande
que, ao dar a luz a um menino, a mãe decide criá-lo como uma
garota assim mesmo. Financeiramente, porém, a banda não vinha
bem, em parte devido aos constantes gastos com novas guitarras e jogos de
bateria, e a necessidade de lançar algo novo rapidamente fez com que
toda a obra fosse condensada em um único hit: I'm a Boy. O músico
ainda comporia, antes do aclamado álbum Tommy, uma música que
é uma espécie de história nos moldes da proposta da tal
ópera-rock: A Quick One While He's Away, cujo nome foi proibido de
ser usado como título para o disco devido a sua óbvia alusão
ao sexo.
Assim o garoto inseguro e complexado devido sua aparência física
durante toda infância e adolescência se tornaria, além
de um respeitado guitarrista e sensacional show man, um grande compositor.
Desde então a idéia de produzir obras originais e grandiosas
como Tommy nunca mais sairia da cabeça do músico. Álbuns
megalomaníacos ainda haviam de ser compilados. Pete Townshend já
estava para sempre contaminado por uma obsessiva mania de grandeza.
A fúria
"Já
utilizei durante muito tempo produtos para poder usar meu cabelo curto e liso.
Foda-se. Não é fácil ser um mod com cabelo encaracolado."
(Roger Daltrey)
Roger
Daltrey é o cara com mais presença de palco que eu já
vi se exibir, além de ter sido, durante pelo menos duas décadas,
o popstar com maior potencial assassino à solta por aí, depois
do Marlyn Manson. Aos dezessete anos era o primeiro de sua classe em uma prestigiada
escola na Inglaterra, quando resolveu largar os estudos e virar um rebelde,
porque alguém disse para não fazê-lo. Construiu à
lenha e muita imaginação sua primeira guitarra e decidiu ser
astro de rock. Daltrey é o tipo de sujeito que é invencível
na porrada; na base da força ele montou sua banda, auto-intitulou-se
o líder e saiu por aí tocando de graça em casamentos,
festinhas de formatura e bar-mitzvás. O resto é história.
Roger delegou-se nos primórdios da banda o posto de guitarrista principal,
pois ele apreciava o título. Só passou para os vocais quando
o grupo adquiriu sua formação original, com o ingresso de Townshend
e Moon. Verdade seja dita, Daltrey era tão bom cantando quanto tocando
guitarra, o que, aliás, ele não sabia fazer. Na época,
contudo, o rock não precisava de alguém que sabia cantar, e
a agressividade e a fúria do rapaz no palco preencheram na medida perfeita
as necessidades do ideário mod para fazer o The Who explodir na Europa
e, logo em seguida, nos Estados Unidos.
Obviamente Roger Daltrey foi aperfeiçoando sua técnica, a ponto
de hoje ser o vocalista que mais me dá tesão de ver cantar,
não somente pela sua postura agressiva e provocante no palco, mas pela
dramaticidade e o desabafo que ele exprime ao microfone. O timbre de voz inconfundivelmente
rasgante se encaixa perfeitamente no rhythm and blues proposto pela banda,
e sua interpretação inabalável, quase sufocante, consagrou
o The Who como o grupo de melhor performance ao vivo de seu tempo.
Ele desenvolveu um estilo que lhe é marca registrada de suingar o fio
do microfone descrevendo arcos no ar com o aparelho, muitas fezes fazendo-o
zunir a poucos centímetros das cabeças dos fãs a beira
do palco antes de retomá-lo na mão. Se eu não me engano,
Roger estabeleceu seu recorde pessoal ao inutilizar dezoito microfones diferentes
numa mesma noite. Depois disto você não mais o viu segurando
um aparato que não estivesse envolto em no mínimo treze camadas
de esparadrapo. Não era raro também vê-lo chocando-se
contra amplificadores e espancando os pratos da bateria de Keith Moon. Expulso
da banda em razão da sua atitude demasiadamente violenta, o moço
foi aceito de volta dias depois sob a promessa de controlar seu ímpeto
demoníaco. Não foi muito depois disto que eu testemunhei, em
pleno show da banda, o vocalista nocautear Townshend com um simples soco depois
de ser ameaçado por uma guitarra e um nariz, em meio a mais uma fervorosa
discussão entre Roger e Pete. Como eu disse, o cara é invencível
na porrada.
O talento
"As pessoas
costumavam me acusar de cair no sono no meio da música. Eu meio que
deixava cair o ritmo. É muito chato para um baixista tocar isso porque
é tudo em lá."
(John Entwistle, sobre Magic Bus)
O
melhor baixista de todos os tempos. 'The Ox' para mim, Sir John Entwistle
para você, o gênio provavelmente é um dos mais injustiçados
do ingrato mundo dos tocadores de baixo. Mas não que ele estivesse
muito preocupado com reconhecimento. Digamos que, enquanto Daltrey e Townshend
se estapeavam para ver quem tinha o maior ego, John se contentava em ser George
Harrison. Se o vocalista explodia em acessos de fúria e destruía
microfones, o guitarrista saltava freneticamente e destruía guitarras
e o baterista espancava enlouquecidamente sua percussão e destruía
jogos de bateria, o baixista do The Who ficou marcado pela postura completamente
estática no palco.
Entwistle fez escola ao mudar drasticamente todos os conceitos que se tinha
sobre o baixo, tendo sido o primeiro músico a protagonizar um solo
no instrumento, no grande hit My Generation. Em concertos ao vivo atuava quase
que exclusivamente como o elemento a solar, enquanto Townshend marcava o ritmo
na sua guitarra e Moon fazia o que bem entendia na sua percussão. Em
estúdio os papéis se invertiam, e John passava a fazer a base
enquanto o guitarrista se encarregava do som independente.
O baixista também servia como uma fonte alternativa na parte de criação,
tendo sido responsável por praticamente todas as músicas do
The Who que não eram de Pete. A mais famosa, ou pelo menos a mais original,
soa tão sinistra quanto a própria figura de John no palco.
A letra foi inspirada no temor do músico por aracnídeos, e diz
respeito a uma aranha, pequena e peluda, que vai subindo pelas paredes do
quarto para até ser esmagada na última estrofe. Assim surgiu
Boris The Spider, a faixa mais pesada e carregada de graves do Who, e que
me dá um bocado de medo.
Em um dos poucos episódios polêmicos em que se envolveu, 'The
Ox' protagonizou, ao lado de Keith Moon, um dos boatos mais relevantes da
década de sessenta. Consta que, em conversa em um pub londrino, o gênio
e o baterista do Who espinafravam os demais integrantes da banda, Pete e Roger,
por não pararem de brigar. Cheguei a ouvir que ambos consideravam deixar
o The Who para se juntarem a um cara novo, um tal de Jimmy Page, que diziam
ser capaz de fazer milagres com a guitarra. O novo grupo se chamaria Led Zeppelin,
dizia Moon, o autor do nome.
No fim, parece, a mudança acabou não acontecendo, e John Entwistle
se consagrou, no Who mesmo, como o baixista mais significativo do seu tempo.
Consagrou-se, eu quero dizer, até o ponto em que um baixista pode se
consagrar, já que confesso que, até pouco tempo, eu era mais
um daqueles que se questionavam, ao assistir a um show antigo da banda: "porra,
que diabos está fazendo aquele maluco parado ali no cantinho?"
O charme
"Sempre
me chamaram de porco capitalista. Talvez eu seja, mas isso é bom para
o jeito como eu toco bateria."
(Keith Moon)
Inquestionavelmente
o baterista mais excêntrico e empolgante de todos os tempos, Keith Moon
entrou na banda para acirrar ainda mais a já bastante conflituosa disputa
pela atenção do público do The Who. Com uma postura que
nos remete a algo entre o Animal dos Muppets Babies e o Zed da Loucademia
de Polícia, Moon provavelmente já pulverizou mais kits de bateria
do que qualquer baterista já chegou a tocar. E não bastasse
a destruição total dentro do palco, desde cedo Keith adotou
o saudável hábito de levar abaixo qualquer quarto de hotel em
que ele chegasse a pisar. No clímax de uma destas orgias, um Cadillac
acabou no fundo da piscina do Hollyday Inn, episódio que fez com que
a banda fosse banida para sempre de qualquer hotel da rede.
A bem da verdade, Keith sempre teve um pequeno problema com compassos. Compassos:
é como são chamados os espaços de tempo que determinam
o ritmo das músicas, regradamente ditados pelo percussionista. Este
pequeno nuance, contudo, fez com que a lenda se tornasse nada menos do que
o baterista mais aclamado do mundo por tocar quase que exclusivamente de improviso,
às vezes com viradas de baterias que duravam a música inteira,
às vezes com arranjos inéditos embalados pelas mais variadas
espécies de psicotrópicos. A bem da verdade, todo show do The
Who não passava de um imenso solo de bateria para Keith Moon.
Ele também desenvolveu seu próprio método de usar as
baquetas, ora segurando-as pelas pontas dos dedos encarnando um maestro a
reger sua orquestra, ora usando-as de ponta-cabeça, estilo adaptado
em razão da sua mania de lançar o assessório para cima
no meio de viradas de bateria e retomá-lo dando imediata continuidade
ao ato, seja como for que ele voltasse à sua mão. Havia inclusive
um suprimento extra de baquetas já disposto ao lado do cidadão,
para que ele pudesse pegar uma nova sempre que a lançada para o alto
voasse para longe do planejado, o que não era raro. Moon também
tinha uma obsessão. Ele cria ser capaz de seguir os passos de Pete
e sincronizá-los à sua batida seja o que for que esse fizesse
no palco, o que impunha um interessante desafio. Fato é que, segundo
o próprio Townshend, Animal nunca perdeu um salto sequer do guitarrista.
"Por acaso há algum baterista na platéia?..."
Eu lembro de ter sido um dos milhões que levantou a mão à
pergunta de Pete Townshend. "..alguém que seja de um todo
bom...?" e à isto três pessoas baixaram as mãos.
Finalmente um cara do meu lado acabou sendo escolhido. Acontece que, horas
antes, alguém teria dito ao Keith que dava um barato interessante tomar
metade de um certo calmante com um copo de brandy, ou algo parecido. A isto,
então, ele rebate: "Metade?! Eu sou Keith Moon!" e toma uma
cápsula inteira de tranqüilizante para atirar em elefantes. Se
eu soubesse disto antes, certamente não ficaria surpreso ao ver o rapaz
sair carregado no meio do show após desabar inconsciente por cima dos
tambores. Bem, isto é só para exemplificar um caso particular;
o potencial destrutivo de Animal realmente evocava um sem número de
situações inenarráveis.
Keith Moon, como haveria de ser, morreu antes de ficar velho e começar
a fazer merda, podendo ser considerado, portanto, o integrante mais digno
de ter pertencido ao grupo. Sim, a causa da morte foi overdose, mas de pílulas
para dormir, que Keith estava tomando para tentar controlar o alcoolismo.
Não me perguntem como.
Talvez a maior prova da importância de Moon para o Who tenha vindo depois
de sua morte, quando a banda passou a usar sempre que em shows nunca menos
do que dois percussionistas para tentar obter algo parecido com o que Animal
fazia sozinho atrás da bateria. A baderna também nunca mais
foi a mesma. O charme tinha acabado.
Meet the new boss, the same as the old boss
Os
últimos versos de Won't Get Fooled Again, obra prima do derradeiro
e para muitos o melhor álbum do The Who, Who's Next, encerrariam em
tom de despedida a explosiva carreira da banda com sua formação
original. O quarteto, que pode ser considerado o mais fiel representante do
movimento mod na Europa da década de sessenta, se retirava do cenário
musical e encerrava uma era deixando o prenúncio de que, apesar de
guerras cessarem e regimes sucumbirem, a parafernália política
mundial seria substituída por outra não menos problemática,
e os governantes trocados por novos não menos manipuladores, embora
agora sob diferentes disfarces.
Se você conseguiu ter sua atenção presa durante dez minutos
e ainda não sabe a data do surgimento da banda, o nome de todos os
compactos, faixas e menagers durante mais de vinte anos de R&B (e não
foram poucos), e mesmo assim não está nem um pouco aborrecido
com isto, o meu objetivo está atingido.
Vou deixar, portanto, que um dos poucos homens capazes de explicar o Rock
& Roll encerre para mim:
"A
banda deveria ser um reflexo do que o público estava sentindo. Se funcionou,
se o The Who fez sucesso, isto foi contra toda a espécie de lógica.
Nós éramos um horrível, feio, barulhento, desmazelado,
arrogante, intimidador e inconsiderável bando de babacas. Se nós
nos tornamos um sucesso... eu acho que, se nós fizemos sucesso, é
porque era exatamente isso o que o público queria."
(Pete Townshend)