Eu sou normal, acredite
Sentem-se,  o show vai começar
Proteja-se: você pode ser o próximo
Mudando um pouco seu dia-a-dia
Tudo que você sempre quis ser, mas tinha vergonha
Se quiser, ponha açúcar
Got popcorn?
Let's swing, babe
Plante uma árvore, tenha filhos, escreva um livro
POW! CRASH! TUM! SNIKT!
O que você está olhando?
Porque o importante é vencer
 : )
You're hot - come on in
Veja tudo que você nunca quis ver
Saiba quem são os culpados por isso
Seja experto! Gaste pouco e ganhe muito
Sugestões? Comentários?
Perdeu algo de bom? Garanto que não

Simon & Garfunkel - The Very Best Of por Rony Maltz

Talvez por terem disputado espaço com ninguém menos do que os Beatles, talvez por, cada um à sua maneira, terem ousado ir além da velha e conhecida receita americana de produzir sucessos, algo soa como se Paul Frederic Simon e Arthur Ira Garfunkel, quase quarenta anos depois do lançamento de seu primeiro álbum juntos, não tivessem tido todo o reconhecimento do qual seriam merecedores. Pelo menos não fora de seu país de origem. Com uma carreira que, enquanto dupla, só fez decolar até seu fim prematuro, e carreiras solo inconstantes, porém de auges memoráveis (quase sempre por parte de Paul, vale dizer), os músicos produziram muito mais do que simples hits de ocasião, mas canções para posteridade.

Influenciados por Bob Dylan e duetos caipiras da região onde moravam e cursavam o colégio, em Queens, Nova York, os dois pré-adolescentes começaram cantando em bandas com outros garotos das redondezas, para finalmente por volta dos catorze anos (ambos nasceram em 42, Paul em 13 de Outubro, Art em 5 de Novembro) adotarem a formação de uma dupla. Garfunkel já cantava desde criança em corais da escola, e foi observando a popularidade que a música rendia ao colega que Simon se interessou pelo canto. Viriam a se conhecer melhor aos nove anos de idade, na ocasião da encenação de uma peça de teatro infantil - Alice no País das Maravilhas -, na qual o pequeno Paul interpretou o coelho apressado e Arthur o gato listrado. Mais tarde, já na qualidade de um dueto, o mais velho aceitou vender uma música que acabara de compor, "The Girl For Me", por 25 dólares, mas foi impedido pelo pai de Art. "Ele disse na época: 'Não venda, não venda! Eu compro!' Ao que eu rebati: 'Não se preocupe, eu faço outra. Isso é fácil!'", conta Simon. O resto é história.Olha como somos bonitos

O primeiro álbum da carreira do dueto foi lançado em 1964 com o nome de "Wednesday Morning, 3 a.m.", e consistia basicamente em um violão acústico com duas vozes interpretando canções majoritariamente de outros artistas, como a afamada "The Times They Are A-Changing", de Bob Dylan, a clássica "Bleeker Street" e o esboço do que viria a ser "Sounds Of Silence" à parte, o disco não ambicionava ser nada mais do que era: uma dupla caipira cantando folk do início dos anos sessenta. O rumo dos músicos começou a mudar quando Dylan trocou seu violão acústico e sua gaita pela guitarra em meados da década, e o segundo álbum já trazia algo que viria a lembrar a produção musical e a riqueza melodiosa que marcou a carreira de Simon & Garfunkel, mesmo que ainda de forma um bocado crua. A faixa "Sounds Of Silence", que dá nome ao compacto, é um sucesso com seu arranjo definitivo, bem como a obra-prima introspectiva "I Am a Rock". Simon já compôs quase todas as músicas deste álbum, e a inspiração só tende a aumentar. A consagração vem no ano seguinte, com o terceiro e definitivamente maduro "Parsley, Sage, Rosemary And Thyme", letras e arranjos exclusivos de Paul, que lançou para o topo das paradas a harmoniosa "Scarborouth Fair" e a complexa e impecavelmente interpretada "Homeward Bound", além do suingante hit single "59th Street Bridge Song (Feelin' Groovy)". Era tempo dos Beatles de "Rubber Soul", de um Bob Dylan mais elétrico do que nunca e de uma antes despretensiosa dupla do subúrbio nova-iorquino começar a se acostumar com o estrelato.

Art Garfunkel sempre foi o segundo nome da dupla. Discreto, tímido e aparentemente confortável na privacidade resultante de um apelo público bem inferior ao do amigo, certa vez o próprio admitiu não participar em mais de dois por cento dos arranjos e composição de letras das músicas. Sua indispensabilidade, contudo, era claramente percebida por Paul e ficaria comprovada mais tarde, na ocasião do lançamento do primeiro álbum de Simon sem o companheiro. Tenor de alcance e habilidade excepcionais, Garfunkel dava ao som do dueto uma riqueza e preenchimento raramente alcançáveis, e sua voz aveludada, suave, quase angelical, concedia às baladas a harmonia e profundidade que lhes eram marcas registradas.

Muito bem assessorado pelos vocais precisos de Artie, Simon não precisava ser nada além do que um bom cantor para que o trabalho rendesse ótimos resultados. O gênio da dupla, Paul compunha quase que a totalidade das letras e arranjos musicais, e é crédito dele a qualidade mais notável das obras de Simon & Garfunkel - a sua atemporalidade. Era capaz de conferir sua característica qualidade melodiosa e harmônica tanto às faixas de mais sutil temática política quanto às baladas mais despretensiosas. Líder e o porta-voz do grupo, se por um lado foi o que mais se beneficiou da fama, por outro também foi o que mais sofreu com as críticas, endereçadas principalmente a seu trabalho solo.

Ano é o de 1968, e o clima o melhor possível para o par, que após compor a trilha sonora do filme A Primeira Noite de Um Homem ("The Graduate", no original) e lançar um álbum homônimo em Fevereiro, veria sua popularidade alcançar o auge com o compacto "Bookends", que desapareceu das prateleiras quase instantaneamente após ser posto a venda, em Outubro daquele mesmo ano. A produção daquele que até hoje é considerado o melhor trabalho dos dois músicos - juntos ou separados - recompensou os esforços de abafar todo o estrondo feito em volta do mais novo disco dos Beatles, o megalomaníaco "Sargeant Peppers Lonely Hearts Club Band". A inspiração de Simon está mais certeira do que nunca, bem como a interpretação e o senso rítmico de seu parceiro. "A Hazy Shade of Winter" e a divertida "At The Zoo" são muito boas, mas "Fakin' It", "Mrs. Robinson" (que já compunha a trilha lançada meses antes), "America" e "Old Friends" são excepcionais. Qualquer material que pretendesse ser equiparado a "Bookends" precisaria estar bastante fora da média, e, por isto, a dupla pôs-se a trabalhar, intervalando dois anos até o lançamento do álbum seguinte. O bom e velho banquinho e violão

E se alguma compilação do dueto pode ser classificada à altura daquela do fim de 68, esta é a sua derradeira. Em 26 de janeiro de 1970, Simon & Garfunkel lançam seu último material inédito juntos, o monstro de vendas "Bridge Over Troubled Water", o único a alcançar no exterior o mesmo nível de adoração alcançado dentro dos Estados Unidos. A faixa um do lado A, que dá título ao álbum, é celebrada por muitos como a melhor música jamais feita por Paul Simon e a mais brilhantemente interpretada pela dupla até os dias de hoje. Recordista de premiações, a canção aglomera, entre outras condecorações menores, quatro Grammies e a nomeação de melhor single não-britânico pela "Britannia Music Awards", e o compacto em si acumula mais dois Grammies e a mesma honraria por parte da instituição britânica, por todo o LP. Não bastasse o estrondo causado pelo abre-alas, o restante do disco não se deixa abafar, apresentando ainda os sucessos "El Condor Pasa (If I Could)" e "The Boxer", além da testosterônica "Cecilia". Um legado e tanto para encerrar uma parceria vitoriosa.

Não foi traumático o fim da parceria Simon & Garfunkel, como já previam suas personalidades serenas e centradas. Se o estrelato durou pouco, talvez tenha sido pelo bem; não faltam exemplos de bandas que não suportaram a passagem de décadas e acabaram tendo fins trágicos, quase sempre relacionados ao uso de drogas pesadas. Não esses dois. Claro que os dois ainda se reuniriam algumas vezes depois, como na composição do hit épico "My Little Town" e em concertos como o de Central Park, em 81, que reuniu meio milhão de pessoas no coração de Nova York. E simples assim foi a trajetória dessa dupla folk, meio caipirona, que quase quatro décadas após seu fim acumula mais "Best of" e "Greatest Hits" do que autênticos álbuns de estúdio.
Certa vez Paul falou a respeito do desmanche da dupla: "Artie queria fazer filmes. Eu queria fazer música de um jeito que não era típico de Simon & Garfunkel, e ninguém achou que isso era grande coisa. Foi tipo 'você faz isso, eu vou fazer aquilo, tá bom?' ". Tá bom.