As propagandas enganosas atingem qualquer setor onde existam consumidores. Entretanto, não
há campo tão fértil quanto o relacionado à medicina. Fica fácil de entender pois sabemos
que o consumidor é apanhado, principalmente, em estado de desespero (particularmente nas
doenças).
Outras razões, além do desespero, que facilitam o êxito das propagandas são a falta do
conhecimento do assunto em questão, o vício por determinado produto (chocolate, cigarro, bebida,
etc.) e a tendência ao consumismo. Por tudo isso, não poderíamos deixar de reservar um espaço
para esse assunto.
PROPAGANDA SOBRE OBESIDADE.
Com freqüência somos "bombardeados" com propagandas de métodos ou dietas para emagrecer
rapidamente.
As propagandas de dietas milagrosas vão atingir, principalmente, aqueles obesos frustrados por
não terem tido êxito com as inúmeras tentativas par emagrecer.
Está claro que a obesidade excessiva produz problemas de ordem psicológica e, muitas vezes,
decorrentes de atitudes preconceituosas de muitas pessoas. No item Obesidade (clicar no MENU ao
lado) já fizemos referências aos problemas físicos decorrentes desse distúrbio.
Por essas razões, os obesos são alvos freqüentes de espertalhões sedentos por ganhar dinheiro
fácil. O obeso é "um prato cheio" (perdão pelo trocadilho) para ser ludibriado, já que estão
desesperados ou desanimados com os fracassos repetidos nas tentativas para emagrecer.
Quando estava escrevendo esse tópico, deparei-me com uma propaganda em um jornal de grande
circulação no Rio de Janeiro; ocupava um espaço de 19,5cm por 25,5cm.
Vamos examinar a propaganda e mostrar o jogo de palavras e as inverdades nela contidos.
O título é: "Perca 5 kg antes de 1 mês ou seu dinheiro de volta !"
Onde está a vantagem? Praticamente todas as dietas levam ao emagrecimento, e muitas delas a
grandes perdas de peso. Mas, já vimos no item Obesidade (ver MENU ao lado) que grandes perdas de
peso, não trazem qualquer benefício a médio prazo.
Depois vem uma explicação, a respeito do produto, dizendo que já é usado "Desde a antiguidade..."
Se o produto é conhecido há muito tempo, qual a razão para não ser citado nos trabalhos, de
fundo científico, e nos livros médicos?
Uma afirmação que não passa de um jogo de palavras: "Os testes científicos mostraram que as
Cápsulas de...são uma reserva natural de vitaminas e minerais - mais de 93 componentes - para
combater aquilo que faz com que você sofra e para ajudar a prolongar sua vida."
Ora!, todos os alimentos contêm muitas vitaminas, sais minerais e muitos outros componentes de
igual valor, ou de valor superior ao do produto citado.
Mais adiante diz : "Mais de 70 estudos diferentes comprovaram que o betacaroteno reduz os
riscos de câncer e estimula o sistema imunológico do corpo".
Ora!, não precisa gastar dinheiro para ingerir betacaroteno, ele está presente em diversos
alimentos, particularmente os legumes de cor avermelhada.
Em destaque apresenta a declaração de "...uma de nossas primeiras clientes a experimentar..."
o produto deles.
Isso pode influenciar algumas pessoas, mas em pesquisa médica não há qualquer valor a declaração
de uma única pessoa, já que o estudo científico é obrigado a estudar um elevado número de pessoas
para concluir de modo correto.
Mais adiante há 19 citações dos benefícios produzidos pelo produto!.
Com o exposto na propaganda, aqueles que compraram, e os que comprarão o produto, não
resolveram ou não resolverão seus problemas; mas posso lhes garantir que
ajudaram ou ajudarão a melhorar a situação econômica dos fabricantes.
Mas, vocês acham que isso acontece somente no Brasil e nos demais paises em desenvolvimento?
Não, nos Estados Unidos da América do Norte isso também é uma grande preocupação das
autoridades.
Vejamos o que está citado na revista médica Diabetes & Endocrinology Clinical Management.
Volume 05 - 2001 Medscape, Inc. (traduzimos apenas algumas partes que achamos pertinentes ao
nosso tema):
Estejam prevenidos para os programas e produtos comerciais para a perda de peso.
Em uma tentativa para alcançar uma meta irrealista de perda de peso, os pacientes são
freqüentemente atraídos para as falsas promessas feitas por programas e produtos comerciais
para a perda de peso.
Em 1989, $32 bilhões (de dólares) foram gastos com produtos e serviços
para perda de peso, e a indústria (que fabrica os produtos para perda de peso) continua a
expandir-se.
Até 1990 quando o Senador Ron Wyden, do Oregon, iniciou inquérito devido às práticas de
propaganda enganosa, havia pouca supervisão das indústrias que atuavam nesse campo.
Conseqüentemente, a Comissão Federal de Comércio (CFC) aumentou a supervisão desses programas
e tomou providências para interromper anúncios questionáveis e pôs em prática outras medidas
pertinentes.
Em 1997 a (CFC) formou um painel multidisciplinar para a criação de uma linha diretriz para
descobrir informações relativas aos programas de perda de peso. Os profissionais deveriam
encorajar os pacientes para observar os programas comerciais de perda de peso.
De acordo com a agência Reuters Health, em 18 de abril de 2001, uma nova notícia do governo,
pedindo a apresentação obrigatória de relatório sobre eventos adversos em consumidores que
usam suplementos dietéticos, pode representar o primeiro passo dado pela Administração de
Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA), o qual pode tornar-se uma gradual tomada de
posição acerca desses produtos.
Estava sendo aguardada uma notícia na qual o inspetor geral do Department of Health and Human
Services encorajaria a FDA a solicitar que os produtores de suplementos dietéticos registrassem,
na referida agência, seus produtos, bem como os ingredientes usados para fabrica-los.
Esperamos que brevemente sejam tomadas idênticas medidas aqui no Brasil.
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PROPAGANDA SOBRE GRIPES
Já fizemos referência à propaganda enganosa sobre essas doenças (clicar em GRIPES no MENU)
PROPAGANDA SOBRE TABAGISMO
Como já tem sido plenamente anunciado pela mídia, é intensa a coibição desse tipo de propaganda
em várias partes do mundo inclusive, recentemente, no Brasil.
Como não poderia deixar de ser, sempre foi grande o "lobby" das empresas de fabricação de
cigarros, para impedir qualquer atuação dos governos em muitos paises.
Por outro lado, alegam os fabricantes que qualquer medida de combate ao fumo teria como
conseqüência a diminuição da produção de cigarros, o que acarretaria desemprego e menor
arrecadação de impostos.
Mas, não foram necessários cálculos sofisticados para concluir que os gastos com o
tratamento das vítimas do fumo suplantavam o que era arrecadado com os referidos impostos.
Vem aumentando cada vez mais o movimento, em todo o mundo, de combate ao tabagismo com grande
participação da Organização Mundial de Saúde.
Para ficar bem informado sobre esse assunto, não deixe de acessar o sítio do Instituto Nacional
de Câncer (Rio de Janeiro) que é o principal centro colaborador da América Latina na Organização
Mundial de Saúde. Também o sítio (em inglês) dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças
dos EEUU. Clicar em LINKS no MENU ao lado.