CAPOEIRA
REGIONAL
A
Capoeira Regional foi criada entre o final da década
de 1920 e início da de 1930 por Manuel dos Reis
Machado, o Bimba. Seus pilares são a capoeira primitiva
(mais tarde chamada de Angola) e o batuque (samba-luta),
somados, claro, à genialidade do Bimba.
Coerente
com a natureza dinâmica da Capoeira, a Regional
foi concebida como uma "obra aberta", culturalmente
elástica, com capacidade para integrar-se com outras
culturas, influenciar e recepcionar influências,
experimentar novos inventos, preservando, contudo, sua
originalidade, a integridade dos seus princípios,
fundamentos e sua relação mítica
com a cultura negra: ginga, manha (malícia), música,
culto à ancestralidade e religiosidade.
A
Capoeira Regional não se caracterizou, exclusivamente,
como uma nova forma de jogar capoeira, mas teve implicações
de outras ordens. Modificou os modos de relacionamento
da capoeira com a sociedade que a reprimia, ganhou proteção
jurídica, estendeu as possibilidades para a sua
prática, penetrando em espaços sociais solidificados
(como, por exemplo, academias, escolas, clubes sociais,
quartéis, palácio do governo ...). Estabeleceu
a capoeira como um ofício, dando dignidade profissional
a sua prática, através de suas atividades
(aulas, shows, apresentações). E ganhou
rigor pedagógico, criando um sistema para sua transmissão
e o primeiro método de ensino do mundo.
DEPOIMENTOS
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"Em
1928, eu criei, completa, a Regional, que é
o batuque misturado com a angola, com mais golpes,
uma verdadeira luta, boa para o físico e para
a mente".
. Bimba . |
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"A
Capoeira Regional foi criada numa época em
que a capoeira estava reduzida a poucos movimentos
e já estava virando folclore, estava caindo
no esquecimento. Bimba
recuperou movimentos antigos e incorporou movimentos
do batuque, trouxe de volta os rituais, a disciplina,
o respeito e os limites que devem ser respeitados
entre os capoeiristas".
. Mestre Nenel . |
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