Inspiração e
Músculos Inspiratórios
A contração da musculatura inspiratória
amplifica a tendência natural da caixa torácica de ocupar uma posição
inspiratória.
De fato, se fosse cortado ao nível do tórax, um homem teria suas
estruturas torácicas saltando abruptamente para fora, como se fossem
molas previamente deprimidas.
Os músculos inspiratórios são aqueles que
correm da cabeça e do pescoço (escalenos, esternocleidomastoideo) ou dos
braços (peitoral minor) às costelas, bem como aqueles que correm de
costela a costela, no sentido de cima para baixo e de dentro para fora
(intercostais externos).
Os músculos elevadores dorsais e serrados
póstero-superiores, que formam parte da grande massa muscular ligada à
coluna vertebral em seu sentido posterior e que correm para baixo, a
partir das vértebras torácicas em direção às costelas, podem também
elevar estas últimas, funcionando, portanto, como músculos
accessórios da respiração. Tais músculos só são empregados
quando há hiperventilação e/ou grave doença respiratória.
Os Músculos
Intercostais
A maior parte das fibras dos músculos
intercostais externos estão localizadas nas regiões posteriores dos
espaços intercostais; eles contraem durante a inspiração e relaxam
durante a expiração. Sua ação decorre de elevação da costela situada
imediatamente abaixo, determinando que esta gire sobre seu eixo, conforme
já estudado anteriormente com o nome de "movimento em alça de
balde".
A maior parte dos intercostais internos
situam-se nas regiões anteriores dos espaços intercostais.
Quando os pulmões estão moderadamente
insuflados, essas fibras exercem efeitos expiratório; isso decorre do
abaixamento da costela situada ime-diatamente acima.
Diafragma
A musculatura diafragmática forma o
assoalho da cavidade torácica; suas fibras convergem para o tendão
central.
Quando todas as fibras do diafragma contraem juntas, o tendão central é
puxado para baixo como se fosse um piston; isto aumenta o diâmetro
longitudinal da cavidade toácica, diminuindo a pressão torácica e
aumentando a abdominal.
Durante a respiração tranqüila, a
excursão diafragmática necessária para gerar o volume corrente é 1,5
cm; durante inspiração profunda, a extensão pode chegar a 10 cm. Se o
diafragma desce 10 mm, isto produz um aumento de 250 ml no volume
torácico e, portanto, no volume de ar no interior dos pulmões.
A contração do diafragma aumenta o volume
torácico correspondente a 75% do volume de gás ina-lado (os restantes
25% são devidos ao movimento das costelas).
Aproximadamente um terço do movimento de ar de uma inspiração
individual é produzido pela descida do diafragma; o restante da expansão
é provocado pela elevação real da caixa torácica.
A inervação do diafragma (feita pelos
dois nervos frênicos) origina-se do terceiro e quarto segmentos
cervicais da medula espinhal, enquanto que os músculos intercostais e a
maior parte dos músculos inspiratórios acessórios são inervados a
partir de segmentos torácicos e lombares.
O diafragma pode, assim, permanecer ativo
mesmo quando os outros músculos estejam paralisados por secção
transversa da medula espinhal a níveis torácicos superiore ou
cervicais inferiores. Como o dia-fragma é inervado pelo frênico,
lesões decorrentes de traumatismo na coluna cervical que comprometam C3
e C4 podem causar insuficiência respiratória aguda por
paralisia diafragmática.
Expiração
e Músculos Expiratórios
A expiração é usualmente feita de modo
passivo, através da retração elástica do parênquima pulmonar; se
necessários, os intercostais internos e a musculatura da parede
anterior do abdômen podem participar do processo.
Isso ocorre sempre que o volume minuto
excede de 40 l/min e durante expiração forçada. Nesse caso, os
músculos expiratórios começam a se contrair ativamente de modo a
acelerar e a tornar mais completo o esvaziamento pulmonar.
Se isso não ocorresse, qualquer aumento na
profundidade respiratória reduziria, necessariamente, a freqüência
respiratória; é apenas na medida em que a atividade da musculatura
expiratória aumenta que é possível aumentar tanto a freqüência
quanto a profundidade da respiração, de modo simultâneo.
Quando a atividade expiratória aumenta ao
ponto em que a musculatura expiratória entra em ação, os músculos
accessórios da inspiração também são ativados.
Os músculos expiratórios são aqueles que
correm da pélvis ao esterno (reto abdominal) ou até as costelas, em
sua região posterior (músculos ílio-costais lombares e quadrado
lombar), ou aqueles que correm das vértebras para cima, em direção
às costelas (serrato posterior inferior).
O músculo triangular do esterno corre para
cima e para fora, na superfície interna do tórax, e atua deprimindo as
costelas; os intercostais internos correm para baixo e para fora, quase
que perpendicularmente aos intercostais externos e sua contração
também deprime as costelas.
Os Movimentos
Respiratórios
São dois os movimentos respiratórios
ventilatórios fundamentais:
1.
Inspiração;
2.
Expiração.
A inspiração corresponde à entrada de ar
atmosférico no ácino pulmonar, renovando o ar alveolar; a expiração
consiste na expulsão de volume quase igual ao volume de ar inspirado a
partir do ácino até o meio ambiente.
Mecanismos da
Expansão Pulmonar
A expansão dos pulmões é obtida durante
a inspiração pelo movimento para cima das costelas e para baixo do
diafragma, que se torna retificado.
Esse movimento é devido à contração dos
intercostais externos e diafragma, sendo reforçados se necessário
pelos músculos accessórios da respiração, musculatura esta composta
principalente pelo esternocleidooccipitomastoideo, pelos escalenos, pelo
grande peitoral, pelo pequeno peitoral e pelo Latissimus dorsi.
A expansão da cavidade torácica diminui a
pressão pleural, que torna-se ainda mais negativa, o que atrai os
alvéolos, expandindo-os. A pressão pleural diminui, tornando-se
subatmosférica, o que puxa ar ambiente através das vias aéreas. O
preenchimento dos alvéolos com ar eleva a pressão alveolar, de modo
que a inspiração só prossegue até o ponto em que as pressões
atmosférica e alveolar sejam iguais.
Durante a expiração, os músculos
inspiratórios relaxam, tornando a pressão pleural menos negativa. A
retração elástica do parênquima pulmonar faz com que a pressão do
ar alveolar seja maior que a pressão atmosférica, e isso gera o fluxo
aéreo expiratório. Se necessário, um esforço expiratório pode
aumentar a pressão alveolar, mediante a contração da musculatura
abdominal (empurra o diafragma para cima, compri-mindo os pulmões) e
dos intercostais internos, que abaixam as costelas.
Quando toda a musculatura inspiratória
entra em repouso, o tórax adota a posição de expiração, a um volume
pulmonar que é conhecido como ponto de repouso respiratório.
Essa posição tem um valor (em litros de
ar contido nos pulmões) que é diferente para cada pessoa, de acordo
com seu sexo, idade, altura e presença de doença. Qualquer desvio
dessa posição de repouso respiratório exige a contração ativa de
músculos inspiratórios e/ou expiratórios.
Movimentos do Tórax
e do Diafragma
A ventilação pulmonar é produzida contra
a oposição de três tipos diferentes forças: elásticas, resistivas e
inerciais.
A ampliação dos diâmetros torácicos
não é igual em todas as direções, sendo:
1. para baixo, em virtude da contração do
diafragma e à elevação das costelas;
2. em direção anterior devido ao
movimento para frente e para cima do osso esterno.
Ação do
Diafragma
O diafragma apresenta-se em forma de
cúpula. Apresenta essa forma apesar do peso do fígado a ele aderido, e
isso é parcialmente devido às propriedades elásticas do pulmão que o
atrai permanenteente para cima.
A retração elástica pulmonar aplica uma
pressão subatmosférica (negativa) de 3 mmHg/ cm2 sobre os
250 cm2 de área do diafragma, produzindo uma força para
cima superior a 1 Kgf.
Ao se contrair, o diafragma se comporta
como um pistom que se move para baixo e para frente, criando espaço a
ser preenchido pela expansão pulmonar.
O diafragma é uma prateleira feita de
músculo esquelético, cuja forma é a de uma elipse cilindróide no
topo da qual existe uma cúpula (ou domo); a cúpula diafragmática é
formada principalmente pelo tendão central.
A porção cilíndrica se constitui no
ponto de inserção do diafragma na caixa torácica. A cúpula pouco
deforma, sendo deslocada como um pistom para baixo.
Esse movimento é devido ao encurtamento de
suas inserções nas costelas, e pode levar os pulmões a atingir a
capacidade pulmonar total.