Na
insuficiência cardíaca de baixo débito, este está habitualmente abaixo
de 4,5 litros por minuto no repouso, resultando em uma queda no fluxo
sangüíneo renal de 1.200 ml para até 350 ml/min. Isso, aliado à queda
concomitante da pressão de filtração glomerular, explica a alta
freqüência de insuficiência renal (pré-renal) encontrada nesses
pacientes.
O
fluxo sangüíneo esplâncnico, inclusive para o fígado, também se
reduz, caindo em proporção à redução no débito cardíaco. Isso
prejudica o funcionamento do fígado e é a base para as manifestações
gastrintestinais como anorexia e náusea. A redução do fluxo sangüínea
para as extremidades e a hipotensão associada explica a fraqueza exibida
pelos pacientes.
Estas
e outras manifestações anterógradas de insuficiência cardíaca são, em verdade, devidas ao
mal funcionamento de órgãos outros além do coração. Também as
manifestações retrógradas, motivadas pela congestão venosa,
correspondem a mal funcionamento de diversos órgãos.
Assim,
embora seja o coração o órgão afetado pela condição que levou à ICC,
os demais órgãos é que sofrem as dramáticas conseqüências desse
estado hemodinâmico.
Quando
o coração começa a falhar em sua missão de bombear o sangue na medida
das necessidades metabólicas dos tecidos e do retorno venoso, são
disparados mecanismos de compensação dessa falha, os quais tentam manter
a estabilidade hemodinâmica.
A
princípio, o sistema como um todo responde do mesmo modo que o normal
diante das exigências adicionais que lhe são feitas, como no exercício.
À
medida que a situação se agrava, tornam-se necessários novos
ajustamentos cardíacos vasculares para que, por um tempo, possa ser
mantida uma circulação adequada. Em
fase mais adiantada, entretanto, esses mecanismos compensadores perdem sua
eficácia ou, o que é pior, conduzem por si mesmos ao agravamento da
condição clínica.
Na
realidade, as manifestações clínicas da insuficiência cardíaca se
devem em grande parte, à hiperatividade dos mecanismos compensadores.
Enfim, a compensação é útil, mas não isenta os custos.