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        Artigos: os signos do zodíaco

No princípio Glifo de Áries

O ano novo astrológico começa em março, no começo do nosso outono. É uma época de produtividade na natureza, muitas plantas dão frutos. A colheita é uma empreitada coletiva, um homem sozinho não dá conta. A alegria nasce do trabalho comum, feito em condições de igualdade. Desse trabalho comunitário vem a justiça, que continua no mundo dos homens uma lei da natureza: cada um recebe aquilo de que precisa. O homem trabalha ajudando a natureza, e esta lhe retribui em frutos e sementes.

O começo do ano astrológico tem a marca da busca do equilíbrio entre homem e natureza, entre o individual e o coletivo. Mesmo para quem mora numa cidade com luzes de mercúrio na rua, onde não tem árvores com frutos e se trabalha igual o ano todo, o outono é marcado pelos dias e noites do mesmo tamanho. Perdemos o hábito de observar nosso corpo e suas reações, não notamos mais quando ele pede coisas como comer cenoura crua, usar roupa larga ou tirar uma soneca. Mas se voltamos a prestar atenção nas nossas sensações e sentimentos - em vez de ficarmos perdidos em pensamentos e preocupações - vemos que nosso corpo sabe que começou uma nova estação, assim como sabe se é lua crescente ou minguante - principalmente o corpo das mulheres. O princípio é um tempo de ação, de experiência, de tentar. Muitas coisas estão começando ao mesmo tempo, e tudo parece urgente. Entre tudo que brota existem coisas boas e ervas daninhas, e no começo é difícil distinguir o que é o quê. Então se vai fazendo, fazendo, e é importante olhar, ver o resultado do que se fez, tomar consciência do que brotou em resultado da ação. E se for preciso, voltar atrás, desfazer, refazer, arrancar a erva daninha que está fazendo sombra para a planta boa.

Agir, ver o resultado da ação, usar a vontade para mudar o que foi feito: em astrologia essa é a expressão dos signos de fogo, dos princípios de Marte (ação), Sol (consciência) e Júpiter (vontade). É a expressão também da procura da identidade por cada um de nós: como eu começo as coisas, o que sinto em relação aos frutos da minha ação e o que aprendo sobre o significado da minha passagem pelo mundo. Em outras palavras, da procura de quem eu sou, da certeza de quem eu sou, da transformação de quem eu sou. Olhando dessa perspectiva, o primeiro passo é mesmo a experiência: pelos frutos de suas ações é que um homem se conhece.

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To be, or not, tupi...

Eis a questão. Será mais nobre sofrer na mente as setas da fortuna ultrajante, ou ir-se a braços contra um mar de problemas e, opondo-se, dar-lhes fim?

Quando procurei na Biblioteca Mário de Andrade um dicionário tupi-português, não encontrei. Mas achei num guarani-espanhol: anhanga = espírito mau. E baú? Vem da mesma raiz que paul: brejo? Uma foto de São Paulo no começo do século mostra homens pescando no Anhangabaú, onde é hoje a Praça da Bandeira.

Gnomos, silfos, ondinas, salamandras: elementais em que acreditavam os antigos. Na Europa, quando se construía uma casa na mata, punha-se fora uma tigela com comida, para manter os gnomos fora. Gnomo, poltergeist em alemão, é um ser malévolo. Sendo o elemental da terra, é dono das pedras preciosas, que garimpa e esconde. Rumpelstilchen é muito rápido e eficiente ao fiar, mas vai levar consigo o filho da rainha assim que nascer, se ela não adivinhar seu nome.

Ondinas são os elementais da água. Como as sereias e a nossa iara, seduzem os homens ao afogamento. Na primeira quarta-feira de março fizeram um congresso, no Anhangabaú. Ondina, iara ou sereia, o mito foi a maneira como um povo explicou o que via fora, no mundo, e dentro, no coração dos homens: o mar perigoso é atraente como uma mulher inatingível, a natureza se vinga de quem a desrespeita. Quando os índios deram nomes às coisas, escolheram os que refletiam a qualidade de cada uma delas. O que quer dizer Itapecerica? Embu? Juquitiba? São nomes de coisas da natureza, como Anhembi, Tietê, Tamanduateí, Piratininga.

Os povos que viviam em contato com a natureza sabiam que ela era mais forte. Dominar a natureza foi o sonho - hoje pesadelo - do ocidente nos últimos cinco séculos. Canaliza-se um rio e se constrói uma avenida em cima. Aí vem uma mudança macroclimática, um El Niño, e o regime de chuvas se transtorna. Junte-se a estratégia do desperdício que é a base do consumo e que produz toneladas de lixo. Some-se uma administração que não recicla o reciclável, como faz a natureza, pela coleta seletiva do lixo - e que mantém a limpeza pública na peridiocidade circadiana apesar do adensamento urbano. Pronto: voltamos ao caos primordial, o do começo e do fim dos tempos.

O que isto tem que ver com astrologia? Áries é o signo do Eu. O pior que um ariano pode fazer é não respeitar mais nada no mundo além de seus desejos. Cava assim seu próprio fim e o de todos os que o acompanham. Como uma criança, Áries tem que ser disciplinado. Como uma criança, contagia todos com seu entusiasmo, mas precisa aprender a não querer matar quem lhe diz “não!”.

Na Era de Áries o mundo viveu em guerra e sangue. A força valeu mais que o amor e a justiça. O feminino e a natureza foram esmagados. A Era de Peixes respondeu a isso com a compaixão, que se degradou em dó, pena. Que a Era de Aquário traga a igualdade. Para isso, a energia de Áries em cada um de nós pode contribuir com a coragem de ser único, mas precisa ser temperada pela consciência de ser um entre muitos iguais.

Será mais nobre ir-se a braços contra a natureza, opondo-se a ela, ou alinhar mente e vida e coração e atos?

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A matéria é sagrada Plêiades

“O criador gera pelo calor interno de sua autocontemplação o jogo do mundo. No princípio fez a estabilidade da primeira matéria e o eterno movimento. Mas o movimento existia apenas como potencial, e o espírito pairava sobre a matéria indiferenciada. Então o criador emanou a luz da consciência e separou a luz, a consciência, das trevas da vida latente. O mantenedor sustenta o mundo por seu repouso em solidão, mas desce ao tumulto dele como salvador e redentor para restabelecer a justiça e a ordem. O destruidor permanece absorto no vazio de si mesmo, até chegar o momento de dissolver a roda de prazeres e sofrimentos que gera a si mesma. Cada vez que o princípio criador, o movimento, se aplica à matéria indiferenciada, gera um novo plano de manifestação. A manifestação faz nascer o tempo.”

Essa pode ser a história de Urano e Gaia, o Céu e a Terra. Cada vez que Urano procurava Gaia gerava nela um filho, que sempre achava feio e devolvia à inexistência, até nascer Saturno, o tempo. Urano, a insatisfação divina, queria que suas criações nascessem perfeitas; ele é o raio, a idéia súbita. Gaia é a matéria, a realidade concreta, que luta contra a destruição de seus filhos por um pai insensível. Tudo que existe nasce da união da matéria e do espírito, da Terra e do Céu. Sem a matéria prima o espírito não pode criar nada, sem a resistência da matéria o tempo não teria surgido. O criativo, que é o movimento, gera todas as coisas. O receptivo, que é a forma, as carrega em seu útero e as nutre.

O nascimento da idéia de tempo, na humanidade e na criança, é uma faca de dois gumes. Por um lado gera a cultura, o aprendizado, a história; facilita a sobrevivência por trazer a possibilidade de previsão. Por outro lado a vida do pensamento divorcia o homem de seu corpo quando o amarra a imagens do passado ou do futuro. Mais uma vez a matéria é sagrada: o que é, é. Tudo o que pode ser feito só pode ser feito agora - não ontem nem amanhã. Toda viagem só pode ser feita andando efetivamente sobre o caminho, não olhando o mapa ou apenas comprando a passagem.

Diz uma tradição que quando o mundo começou todos os planetas estavam em Áries. Áries pode ter sido algo como a energia do big bang, mas é razoável pensar que foi necessária a resistência de Touro para que alguma coisa material aparecesse.

Voltando para o presente no planeta Terra, Áries é o empurrão inicial, o ímpeto de tudo que começa cheio de vigor; Touro é a resistência, o teste material, que seleciona quais empreendimentos vão durar. Que suprimentos tem essa empresa para agüentar o teste de realidade? Qual é o capital inicial a ser explorado por essa pessoa? Que habilidades potenciais estão aí para serem desenvolvidas, e mais ainda, que disposição existe para transformá-las em ação construtiva?

Áries é o lugar onde o Sol, a luz, está exaltado; em Touro a vida instintiva é forte. A luz da consciência, ao iluminar a vida dos instintos, mostra o significado de ambos: a consciência humana é consciência da vida, os instintos, soltos e inconscientes, não são humanos e acabam por destruir a vida.

Touro nos lembra que na primavera o criativo trabalha para o receptivo, a terra nutre o que foi gerado pelo céu. Mas lembra também, por sua capacidade de apreciar o conforto, os prazeres e a beleza, que no sétimo dia Deus descansou.

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Ser, ter, saber, fazer

Um dia desses eu estava em uma reunião social em que as pessoas se dedicavam, como é freqüente nessas circunstâncias, a mostrar que são melhores que as outras. Uma delas falava das coisas que tem, quanto custou o brinco que deu de presente para a sobrinha, qual o preço de um barco que quer comprar, e coisas assim. Outra falava das coisas que sabe, como se muda o irq de um modem, qual o nível de pureza do ar da linha de montagem de tubos de imagem, e assim por diante. Um outro contava como fez um aparelho para medir a profundidade em que está no mergulho autônomo, como resolveu uma cirurgia em que muito tecido foi retirado e não era possível um implante, etc. Os chineses já disseram que falar é prata e calar é ouro, mas mesmo assim não pude deixar de me perguntar o que é que eu estava fazendo ali.

Não tenho nada contra se ter, saber ou fazer alguma coisa. A questão é: quem tem? Quem é a pessoa que tem uma propriedade? Quem é a pessoa que sabe uma técnica? Quem é a pessoa que faz uma máquina? Se tirarmos de um cirurgião a habilidade de operar, o que sobra? De uma mulher vaidosa suas jóias, o que fica? De um homem bem informado, sua memória, o que ...?

Fica a pessoa.

Quando o zen-budismo dirige a meditação assim; “eu não sou o meu corpo, eu não sou as minhas emoções, eu não sou os meus pensamentos ...” guia a pessoa para o seu centro. Para o seu ser.

A busca do ser, a busca do si mesmo, a busca do centro, é o que faz de cada um de nós um ser único. Quando a gente atinge o centro, tem o que precisa, sabe o que precisa saber, faz o que tem que fazer.

Essa é a ligação com a natureza que o signo de Touro ensina: aquilo que é o que tem que ser está de acordo com a natureza, e a natureza é generosa. A abundância verdadeira é ter o que você precisa para ser você mesmo.

Prosperidade para você.

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Eu e a brisaGlifo de Gêmeos

Havia um menino estranho e encantador. Sua imaginação sondava longe, alto, acima da terra e do mar. Sábio, falava de muitas coisas. Tocava flauta de maneira a acalmar as ovelhas e chamar os passarinhos. Sabia que a maior coisa que se pode aprender é amar, simplesmente, e ser amado em troca. Havia também outro menino. Sua curiosidade o movia em direção a tudo. Revirava as pedras procurando o que tinha embaixo, abria lagartixas para saber como eram dentro. Inquieto, mudava de assunto no meio da conversa. Fabricava brinquedos, potes, canivetes, às vezes os usava, outras vezes os vendia para os vizinhos. Queria sempre saber mais, mas se esquecia hoje do que aprendeu ontem.

Esses dois meninos eram gêmeos. O pai gostava mais do primeiro, porque ele se sentava em seu colo e ficava ali, quieto, acariciando e recebendo carinho. Quando o segundo se aproximava do pai para agradá-lo, contava o que tinha descoberto e falava, falava, incansável. Isso aborrecia o pai, que era um espírito muito velho, muito responsável: se ele se distraísse os fatos poderiam ficar grandes demais para sua capacidade administrativa.

Um dia, um dos filhos apareceu morto. Assassinado. O pai ficou transtornado pela dor, a mãe - que aparece na história pela primeira vez, como você notou - chorou até definhar, e o irmão enlouqueceu. Quem o matou? Antes, aliás, qual deles morreu? Por que ele foi morto? E por que a família se deteriorou?

Há uma história assim.

Gêmeos é a marca, o signo, do que parece igual mas é diferente. Os dois opostos se complementam, os dois são necessários para formar a unidade. São corpo e alma, cérebro e coração, masculino e feminino, inteligência e força, bem e mal, humano e divino, vida e morte, luz e sombra, consciência e inconsciente. Os dois opostos lutam entre si eternamente, a luta termina com a morte de um deles, mas com o fim da luta terminam também a vida e o movimento, tudo volta ao caos primitivo onde não se distingue luz de sombra, matéria de espírito. Enquanto existe a luta continua o crescimento, o aprendizado. Da luta desses dois opostos nasce o conhecimento útil, testado pela realidade. A insatisfação do espírito quando encontra a matéria o leva a agir sobre ela, e ela reage modificando o espírito. A luz interage com a sombra, quanto mais intensa uma, mais definida a outra. O corpo físico é um produto e um reflexo da alma, quem conhece a linguagem do corpo desvenda a alma de uma pessoa. O homem que realmente atingiu a verdadeira dimensão humana continua a obra de Deus na natureza - entra em sintonia com a natureza, que é uma manifestação de Deus, e consigo mesmo, já que o homem também é natureza.

O geminiano é inquieto porque a luta interna o move. Seu regente, Mercúrio, o mensageiro dos deuses, carrega mensagens contraditórias. O mesmo faz o pensamento lógico: o desenvolvimento da idéia faz sentido, mas ... é verdade? Onde está a verdade? Essa incerteza cutuca o geminiano, que procura sempre mais e mais informação, e a novidade de hoje ofusca o conhecimento de ontem. Ótimo para um jornalista, um vendedor, um leitor ávido. Enquanto a brisa canta a juventude, se sonha, se vive com leveza. O geminiano é um eterno jovem, uma eterna criança. Brincar, seguir cada pluma que passa com alegria e curiosidade até que apareça outra mais colorida, falar e esquecer o que disse, mudar no meio da brincadeira, chorar e em seguida esquecer porque chorou e até que chorou ... Tudo isso é um dom. A utilidade de uma coisa que se tem vem, claro, de usá-la, e de saber usá-la bem. Mas se você tem um abridor de lata, não vai usá-lo para furar um poço de petróleo. Nesse caso, o meio é a mensagem.

O signo de Gêmeos e as pessoas que nasceram sob sua influência ensinam a todos nós que o pensamento traz muitas mensagens: quem as enviou? Seguir uma mensagem é seguir quem? O equilíbrio da pluma não depende dela mesma, mas do vento que a carrega. A natureza é sábia o bastante para fazer cada um de nós nascer sob a influência de vários signos. Temos pai, mãe, irmãos, parceiros, amigos, inimigos, patrões, empregados, namorados, estranhos. Cada relação é uma relação, podemos ser diferentes em cada lugar.

Voltando aos gêmeos da história: qual deles era bom, qual era mau? Qual deles morreu, e por que?

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De príncipes

Dante fundou a literatura italiana. Maquiavel inventou a profissão de intelectual. Ambos eram de Gêmeos. “O bem, faça-o aos poucos; o mal, faça-o de uma vez só”, é um dos conselhos de Maquiavel ao príncipe. O príncipe seguiu? Já se disse que Maquiavel nunca conseguiu emprego.

Os filósofos sempre incluíram a política como um dos temas de suas indagações. Platão escreveu sua República, proposta de condução da polis - a cidade-estado grega - que teve oportunidade de aplicar. Cícero também tem seu Da República. A filosofia, o amor à sabedoria, não pode deixar de lado qualquer aspecto da vida humana. Os hindus têm o Arthasastra, minucioso tratado político escrito no século III a.C. e que se baseia em longa tradição anterior.

Esses conselhos ainda valem hoje? Ou dependiam de segredo, do fato de só o príncipe conhecê-los? O Arthasastra é escrito por e para profissionais.

Mas o que é um profissional? É alguém que professa: reconhece publicamente, tem a convicção, põe em prática, se dedica a um trabalho ou a uma arte, abraça uma crença, profere um voto religioso (tá no dicionário, vê lá). Um professor é alguém que professa publicamente uma ciência ou arte, ou uma crença religiosa. A profissão de uma pessoa determina o lugar que ela ocupa no mundo. Ensinar, escrever - inclusive jornais -, informar, comunicar, espalhar o conhecimento, essas são profissões geminianas. A energia de Gêmeos é a do pensamento inquieto, que não permanece muito tempo ligado ao mesmo objeto de estudo. É a da palavra, que se espalha pelo ar, e nele se perde, se não for aproveitada.

O geminiano não é o administrador, esse é Capricórnio. Também não é aquele que se insurge contra a autoridade, que está mais para Áries. Gêmeos é o que semeia a dúvida. O que faz perguntas. Na sua melhor expressão é muito bem informado e versátil, pode usar o conhecimento certo na hora certa. Mas não é da sua natureza tramar. O geminiano acredita no pensamento e na possibilidade de resolver os problemas através do acordo, da conversa e da lógica. É ingênuo? Sim, porque não costuma ter cartas escondidas na manga, gosta da atuar à luz do dia. E me diga uma coisa, você: ser ingênuo é um defeito? É melhor ser “esperto” e viver a vida encarando o mundo como um lugar onde a gente ou engana ou é enganado?

O papel do geminiano na construção de um mundo melhor não deve ser subestimado. A verdade tem que ser difundida, as idéias têm que ser espalhadas, mesmo porque a vida, no fim das contas, acaba sempre ficando do lado da verdade, como tem demonstrado a história. Ainda que as multinacionais do petróleo paguem e treinem cientistas para defender em público que o aumento no uso de combustíveis não tem nada a ver com o aquecimento da atmosfera, a vida vai demonstrar, cedo ou tarde, de que lado está a verdade.

Como disse Lovelock, o mundo não vai acabar, o que pode acabar é a vida humana na Terra. Mas o universo não se incomoda com isso.

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O meio contém o fim em si

No frio não dá mesmo vontade de sair de casa. Até se entende porque as pessoas de Câncer são tão ligadas ao lar e à família, já que esse signo marca o começo do inverno no hemisfério sul. Mas na verdade elas são orientadas pelo sentimento ativo: agem para proteger e alimentar aqueles de quem gostam. E a si mesmas também, claro. Nessa época do ano o sentimento atinge o grau máximo, é um período criativo. Mas essa criatividade é individual, o impulso é para criar filhos, uma família, um lar, coisas que têm significado para a pessoa e seu pequeno grupo, apenas.

No plano político essa energia se expressa no nacionalismo, na procura do melhor para os que são “iguais”, da mesma nacionalidade, da mesma raça, da mesma classe, da mesma corporação. É ingênuo - e também canceriano na perspectiva centrada em si mesmo (“se não mexe comigo e com os meus não me interessa”) - pensar que o racismo na Europa, na África, na Ásia e nos Estados Unidos não nos afetam.

Mas perguntemos: o que está por trás da necessidade que uma pessoa tem de que sua família precise dela? Ou que um povo tem - deixando de lado os interesses econômicos - de odiar outro?

Pela medicina chinesa, o inverno é a época do ano em que os meridianos dos rins e da bexiga tendem a se desequilibrar. Esses meridianos estão ligados à sabedoria, à perseverança e ao fluir; desequilibrados transformam essas qualidades em inquietação, insegurança, medo. Mas esses desequilíbrios são sempre o resultado final de desacertos anteriores: no agir, no sentir ou no pensar.

O símbolo que mostra a relação entre o yin e o yang yin-yang é muito conhecido. Ele mostra que quando a energia yin chega ao máximo, seu oposto yang, que estava desde sempre dentro dela, cresce, e o yin diminui. Quando o yang chega ao máximo, o yin que estava nele cresce e o yang diminui. Família, individualismo, subjetividade, isolamento, são expressões da energia yin. Humanidade, solidariedade, objetividade, comunidade, são expressões da energia yang.

O meio do ano pertence ao signo de Câncer, símbolo do momento no ciclo anual em que há uma pausa nas forças de crescimento da natureza. Na era de Câncer os seres humanos construíram as primeiras habitações fixas e a economia - o governo da casa - passou a se basear na agricultura. Dá para entender porque essa energia é importante, e a compreensão de que o sentimento é sua força permite perceber que ele é também sua fraqueza. Todos nós corremos o risco de repetir por toda a vida os sentimentos da infância, e escolher pessoas e situações baseados nos “gosto” ou “não gosto” que aprendemos com nossos pais. Câncer é o signo da Lua, astro que representa nossos hábitos, a infância, a imagem da mãe, o conforto de fazer as mesmas coisas já conhecidas, automaticamente. Mas o meio do ano já contém o fim deste, a Lua cheia já prenuncia a minguante, os hábitos que nos acompanham durante toda a vida determinam nossa morte.

Pessimista? Na sua expressão negativa a energia de Câncer e da Lua é pessimista e mal-humorada. Ela leva a repetir sempre o passado, nunca haverá nada de novo. Porque o novo é a consciência, é escolher depois de ter visto todas as alternativas, é fluir tendo fé nas coisas feitas à luz do Sol.

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Nós somos melhores do que vocês

“Que deus será maior que o nosso Deus?” “Todos os homens são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”, na frase de Orwell. Sempre que alguém privilegia um grupo em detrimento da humanidade está transformando em ato essas frases. Esse grupo pode ser a família, a categoria profissional, os conterrâneos, o partido, a classe social, a raça ... Do privilégio nascem máfias, ditaduras, guerras civis, moral puritana.

Octavio Paz escreveu que tanto Estados Unidos como Rússia são países tradicionalmente religiosos: a Rússia sempre quis dominar o mundo para convertê-lo, os Estados Unidos sempre quiseram criar para si um mundo fora do mundo. A Rússia transformou em religião o materialismo histórico, os Estados Unidos gostariam que a história não existisse.

A tragédia se repete em farsa, diz a história. A história tem mostrado que o sentimento de pertencer a um grupo melhor que os outros é infantil, mas sem a pureza da infância. As maiores atrocidades foram cometidas contra os que “não são dos nossos”. A história tem se repetido em farsa, mas farsa que é tragédia para os envolvidos.

Nossa tradição é cristã. O Antigo Testamento prega o “olho por olho, dente por dente”, mas o Novo Testamento prega “se te batem numa face oferece a outra”. Isso foi mal usado, porque tudo pode ser mal usado: comida, ervas medicinais, água. Mas faltam três anos para o século XXI. Que tal buscar o essencial? Refazer os passos e descobrir o princípio que foi defendido por Cristo, ou Platão, ou Lao Tsé, ou Marx? Afinal, para que serve a cultura senão para se conhecer o que foi feito e pensado antes? A história tem 5.000 anos, sem contar tudo o que se pode saber através da arqueologia e que reporta um período anterior à palavra escrita. “Com tantos erros novos para cometer, por que repetir os mesmos?”

A falta de informação é muito perigosa nas pessoas ativas - elas são vítimas da sua própria boa fé. São os famosos “inocentes úteis”, quando não “bucha pra canhão”. Com freqüência se deixam levar pelos sentimentos e são fáceis de manipular. A paixão obscurece a razão e tira do homem o adjetivo na expressão animal racional.

Manipular as massas, levar à ação pela emoção, dividir com base em preconceitos excluindo parte da humanidade pertencem ao lado megativo de Câncer. Conhecer a história e agir para fazê-la atual são parte do lado positivo.

Por um mundo bom para todos os seres vivos - é a mensagem do zodíaco.

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Tornar-se uma pessoa

leão

Algum tempo atrás, dando uma palestra para um público de mais de 50 anos, apresentei um quadro das fases da vida. O quadro indicava as habilidades que uma pessoa desenvolve em cada fase, a tarefa de cada fase da vida. Quando terminei uma senhora me perguntou porque eu não dava essa mesma palestra para públicos de outras idades, inclusive adolescentes. Segundo ela, em todas as idades é útil saber o que se espera que uma pessoa realize, para vir a se tornar um ser humano completo, que desenvolveu todo o seu potencial.

Por exemplo: na idade pré-escolar a criança cresce rápido, depende física e emocionalmente do ambiente. O desafio dessa fase é ser, tornar-se capaz de sentir, imaginar e fazer. Se o ambiente favorece, a criança desenvolve primeiro a esperança, depois a vontade e o propósito. Se cresce acreditando que o mundo é bom aprende a primeiro a confiar, e desenvolve depois a autonomia e a iniciativa. Se o ambiente, por qualquer motivo, não é favorável, as fases da vida a partir da adolescência trazem a oportunidade de regeneração (regenerar = gerar de novo). Mas é preciso trabalhar sobre o que se deteriorou: não dá para pular etapas, o trabalho tem que ser feito.

Tornar-se uma pessoa cada vez mais realizada, a pessoa única que cada um nasceu para ser, é algo que se constrói por camadas. Cada camada se apóia na anterior, não dá para pular uma.

Quando chega à idade de formar grupos, a criança se depara com um desafio: pertencer ao grupo, ser aceita por ele, e continuar sendo ela mesma. Mais tarde na vida, quando chega à idade da razão, cada um de nós se depara com o desafio da solidão - a crise dos trinta. Não é mais possível viver dos objetivos do grupo, cada pessoa tem responsabilidades diferentes - de família, trabalho. É necessário organizar a própria vida em torno da personalidade que se desenvolveu até aí, fazer as coisas que todos fazem mas de forma pessoal, deixar a própria marca no que se faz. Só assim a pessoa é realmente uma pessoa, que usa sua vontade e seus sentimentos em benefício de seus próprios objetivos. O signo de Leão traz a marca do indivíduo - aquele que não pode ser dividido. Não porque ele seja igual o tempo todo - nenhum de nós é - mas porque se conhece e se reconhece em cada atitude que toma, mesmo sendo sua atitude diferente em cada momento. O homem que governa a si mesmo não precisa de governo externo. A contribuição da energia de Leão para a humanidade é a busca do auto-conhecimento, a busca de si mesmo. Mostra a fase em que uma pessoa age criativamente, a partir da inspiração interior, não para se adaptar a seu grupo nem para ser cuidada por outros.

O leonino ostenta o orgulho de ser quem é. Todos nós temos o signo de Leão em algum lugar do nosso mapa natal, portanto todos temos, em alguma área da vida, esse potencial para ser uma pessoa única. A oportunidade para realizar esse potencial acaba aparecendo, cedo ou tarde, para cada um de nós.

Esta é a função da astrologia: indicar o potencial único de cada pessoa, com o qual ela nasceu; e indicar a oportunidade presente, neste exato momento, que deve ser aproveitada para se tornar uma pessoa sempre maior - mais realizada, mais inteira. O trabalho a fazer inclui regenerar o que foi vivido de forma incompleta. Em fases anteriores da vida pode ter sido preciso ceder para sobreviver, mas o trabalho agora consiste em se livrar dessas marcas, que podem ser vistas no corpo - nos músculos tensos ou na postura meio torta. É como se livrar de roupas que ficaram apertadas antes de vestir outra que sirva.

Porque o grande desafio num mundo de 5,6 bilhões de pessoas é SER. Simplesmente ser. A partir do que uma pessoa é, brota o que ela sente, imagina e faz.

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Roda do zodíaco

Autora desta página: Lígia Prado.

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