TEXTOS SOBRE FILOSOFIA DA CIÊNCIA

O que é científico - Rubem Alves: "O pretendente ao título de "grande mestre" deve se dedicar de corpo e alma ao jogo da ciência. O cientista que assim procede ficará com conhecimentos cada vez mais refinados na sua área de especialização: ele conhecerá cada vez mais de cada vez menos. Mas, à medida que o seu "software" de linguagem científica se expande, os outros "softwares" vão se atrofiando. Por inatividade. O cientista se transforma num "homem uni-dimensional": vista apurada para explorar a sua caverna, denominada "área de especialização", mas cego em relação a tudo o que não seja aquilo previsto pelo jogo da ciência. Sua linguagem é extremamente eficaz para capturar objetos físicos. Totalmente incapaz de capturar relações afetivas. Se não houvesse homens no mundo, se o mundo fosse constituido apenas de objetos, então a linguagem da ciência seria completa."

A doutrina do falseamento de Karl Popper - Alexandre Marques: "O objetivo deste trabalho é analisar, no contexto da filosofia da ciência, as propostas de Karl Popper, respeitantes ao critério de demarcação entre o discurso científico e outros tipos de conhecimento, a sua concepção inovadora do método científico e as conseqüências que daí resultam para a idéia de progresso científico." (Fonte: KARL POPPER)

As revoluções científicas de Thomas Kuhn (1922-1996) - Alexandre Pires: "A teoria central de Kuhn é que o conhecimento científico não cresce de modo cumulativo e contínuo. Ao contrário, esse crescimento é descontínuo, opera por saltos qualitativos, que não se podem justificar em função de critérios de validação do conhecimento científico. " (Fonte: THOMAS KUHN)

Ciência e Vida - na Rede de Especialistas: "Explicitar o conceito de ciência, bem como o de vida, ou o de ciência da vida, por si só, já é uma tarefa muito abrangente, que nos conduz aos mais diversos questionamentos, a diferentes campos de saber, com a possibilidade de várias abordagens."

Teorias nas Ciências Sociais - do prof. filósofo Rubem Alves: "Nas ciências sociais há um sem-número de redes. Aqui existe pouco acordo acerca dos peixes a serem pescados, das redes a serem empregadas e dos métodos-arapucas a serem armados."

Coletivo, regularidades e leis na Sociologia - do prof. filósofo Rubem Alves: é "possível constatar e verificar uma REGULARIDADE nos fatos sociais. Essa REGULARIDADE responde às LEIS DA VIDA SOCIAL e essas LEIS CIENTÍFICAS são passíveis de serem observadas e apreendidas. Disso resulta que é também possível prever (o que é diferente de adivinhar) com certa margem de acerto os possíveis eventos futuros de uma determinada sociedade. Abre-se, então, a possibilidade de se poder intervir conscientemente nos processos, tanto para reforçá-los como para negá-los, dependendo dos interesses em jogo." (Do livro: Sociologia - Introdução à ciência da sociedade, de Cristina Costa, Editora Moderna, São Paulo, págs 9, 10, 14 e 15)

Da realidade da mentira à mentira da realidade - "Talvez a realidade não é outra coisa que o assunto da discussão, o que a realidade é a questão, isto é, ‘o que está em questão’, ou que a realidade é o problema, isto é, o que é problemático e pode ser problematizado. E desse ponto de vista a verdade não é já a verdade, mas um dos modos possíveis de determinar o assunto, de encarar a questão, de dar conta do problema." (Do livro: "A Escola cidadã no Contexto d Globalização", Editora Vozes, Petrópolis, 1998, pág. 48 – 63)

O senso comum e o conhecimento científico - "o senso comum não se caracteriza pela investigação, pelo questionamento, ao contrário da ciência. Fica no imediato das coisas, caracteriza-se pela subjetividade. É ditado pelas circunstâncias. É subjetivo, isto é, permeado pelas opiniões, emoções e valores de quem o produz."

Dos fatos às teorias - "..a ciência não termina com os fatos. Ela se inicia com eles. Inicia-se a partir de problemas suscitados pelos fatos. Então os fatos são o ponto de partida, a partir da problematização, para um teoria científica."

Evolução biológica e analogias sociais e econômicas - de Francisco Arruda Sampaio: ".... Stephen Jay Gould não cansa de apontar em seus ensaios, "de todos os conceitos fundamentais nas ciências da vida, a evolução é o mais importante e também o mais mal compreendido." As deturpações mais graves são as que aliam as idéias de "progresso" e "finalidade" ao conceito de evolução. Ou seja, a idéia de que a evolução leva ao progresso: do simples ao complexo, do pequeno ao grande, do macaco ao homem..."

A rota da ciência normal - Thomas Kuhn, do livro: "KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2. ed. 1978, p. 24-42: "Por que a realização científica, como um lugar de comprometimento profissional, é anterior aos vários conceitos, leis, teorias e pontos de vista que dela podem ser abstraídos? Em que sentido o paradigma partilhado é uma unidade fundamental para o estudo do desenvolvimento científico, uma unidade que não pode ser totalmente reduzida a componentes atômicos lógicos que poderiam funcionar em seu lugar?"

Ciência e Poder - Do Livro: "Fundamentos da Filosofia", Gilberto Cotrim, Editora Saraiva, 2001, pág. 253-255: "A ciência está atrelada a interesses econômicos políticos que norteiam sua própria ação, seja pela definição do que vai ser pesquisado, seja pela escolha das áreas que serão beneficiadas com recursos para possibilitar as pesquisas."

Dificuldades metodológicas das Ciências Humanas - do Livro: "Filosofando - Introdução á Filosofia", de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, Editora Moderna, São Paulo, pág. 167 e 168, ano 1998: "Por haver REGULARIDADES na natureza, é possível estabelecer leis e por meio delas prever a incidência de um determinado fenômeno. Mas como isso seria possível, se admitíssemos a liberdade do homem? E caso ele esteja realmente submetido a determinismos, seria da mesma forma e intensidade que para os seres inertes?"

Como confiar em fotografias - De Peter Burke, historiador inglês, autor de "Variedades de História Cultural" (Ed. Civilização Brasileira) e "O Renascimento Italiana" (Ed. Nova Alexandria,), entre outros. (Jornal "Folha de São Paulo", ano 2000): "Mas a ilusão de ver o mundo diretamente quando se olha para fotografias - o 'efeito realidade', como o chamou Roland Barthes (1915-1980) - continua difícil de evitar. Esse efeito, parte do que Barthes chamou de 'retórica da imagem', é explorado nas imagens de fatos recentes que aparecem nos jornais e na televisão e é a particularmente vívido no caso de antigas fotos de ruas das cidades."

Sobre o óbvio - De Darcy Ribeiro: No livro "A paixão pela Razão - Descartes", Mário Sérgio Cortella, Ed. FTD, 1988, pág. 64-68: "Nosso tema é o óbvio. Acho mesmo que os cientistas trabalham é com o óbvio. O negócio deles - nosso negócio - é lidar com o óbvio. Aparentemente, Deus é muito treteiro, faz as coisas de forma tão recôndita e disfarçada que se precisa desta categoria de gente - os cientistas - para ir tirando os véus, desvendando, a fim de revelar a obviedade do óbvio."

A quem pertence o conhecimento - De Philippe Quéau, diretor da Divisão de Informação e Informática da UNESCO: "A maioria das inovações e invenções baseia-se em idéias que são parte do bem comum da humanidade. Por isso é inaceitável limitar o acesso à informação e ao conhecimento para proteger interesses particulares."

A inferência abdutiva e o realismo científico - Silvio Seno Chibeni- Prof. Unicamp

Realismo Científico empirista? - prof. Silvio Seno Chibeni - UNICAMP

O rio São Francisco no Paraná - de Rubem Alves: "Muito saber científico é símbolo que não sai do laboratório. Como o rio São Francisco da aeromoça, que não saiu do mapa. Não ilumina nem o mundo nem a vida. Conhecimento que não decifra a vida e não ilumina o mundo não é conhecimento. É enganação. Não importa que tire nota alta no provão." (Jornal "Folha de São Paulo", 11/07/1999)

O Peso dos fatos - A polêmica entre Pasteur e Pouchet - Claude Chrétien
A visão mesquinha do mundo - F. Nietzsche
Teoria materialista do conhecimento e formação da ideologia - Karl Marx e F. Engels, in " A ideologia Alemã"

O alienista: loucura, poder e ciência - Artigo sobre o livro de Machado de Assis: "O Alienista" / de Roberto Gomes, publicado originalmente na Revista de Sociologia da USP, vol. 5. nº 1-2, novembro de 1994, pág. 145-169

Resumo: Este artigo analisa o conto de Machado de Assis, "O Alienista", ficção centrada nos delírios de Simão Bacamarte, médico-psiquiatra. Nela estão referidas as pretensões e impasses das concepções científicas do século XIX, em particular do Positivismo, que tem vínculos profundos com o nascimento das Ciências humanas.