TC
Hans e o gato peçonhento
(ou esquerdistas de pendor comunista errando pelas tundras nortenhas sem rumo aparente aparentando uma inesperada proximidade com motivos neocapitalistas de capuzes vermelhos vestidos sobre barbas brancas de forma não semi-circular)


 










O Inverno gelado gelava as gélidas mãos de Hans que ao ver uma loja de recordações com o nome sugestivo de Napapiirin Lahja Oy resolveu comprar umas luvas da Lapónia. Entrou na loja e foi acolhido com ternura por uma simpática senhora chamada Sigrid Undset, que lhe confessou que ganhara já o prémio nobel da literatura, muitos anos antes, e que se afeiçoara a estas terras do norte, onde agora passava temporadas que se espraiavam por tempos dilatados, preenchidas com a venda a estrangeiros, a quem contava e de quem bebia histórias que depois traduzia para o papel, sob formas figuradas ou figurativas, como pinturas impressionistas baseadas numa quase realidade, que só não o era porque como Górgias insistia e muito bem em afirmar tal coisa não existe. As luvas de Hans eram quentinhas e não tinham dedos, predendo-lhe porventura um pouco os movimentos. Enquanto Hans experimentava as luvas, entrou Kristin Lavransdatter na loja, perguntando se alguém sabia o caminho para Jørundgard. Obviamente, Sigrid sabia-o e mostrou-lho. Kristin atirou uma pedra e partiu a janela da loja, como reconhecimento de algo que já vira antes. Sigrid (1), qual mãe boa e paciente, explicou-lhe que não era naquela cena que devia atirar a pedra e mesmo que fosse não seria contra uma janela mas sim contra um homem de aspecto tenebroso e de pérfidas intenções. Kristin olhando para a multidão arrebanhada do lado de fora da loja julgou encontrar num homem de rosto tisnado, vagamente ismaelita, o alvo perfeito para a sua pedra. E atirou-a. Não lhe acertou na cara, mas na barriga. Contorcendo-se da surpresa, não da dor, pois a dor não a conhecem os embaixadores, soltou algumas imprecações no mais vernáculo dialecto de Ceuta, que o tradutor se encarregou com prazer de traduzir para o quioco, que aprendera ao escutar Hans falar quimbundo. Kristin com um ar triunfante agarrou num trenó, assobiou para umas renas que ali estavam a passar e sugeriu-lhes que puxassem o trenó. Anuíram e partiram rumo ao pôr-do-sol, cantando a canção do pobre vaqueiro solitário. O único problema que encontraram foi que naquela altura do ano o sol não se punha. Pelo menos na história de Sigrid, que fez um preço especial de amiga a Hans. O árabe, já recuperado, foi ao encontro de Hans, que saía agora da loja, e chamou-lhe um nome feio. E outro. E ainda mais outro. Durante uns logos 57 minutos despejou todo o seu vocabulário baixo. Hans escutou qual criança acabada de nascer com salutar atenção. Fartou-se e replicou em árabe: "És tu, meu palerma!". Palavras diabólicas estas que fizeram o árabe imóvel como uma estátua, assim como o resto da comitiva que fitou Hans com um olhar de infinito espanto. "Como é que sabes falar a nossa língua?". Hans, sobranceiro e altivo, mas com muita dignidade e nobreza, retorquiu: "Ouvi!". E abraçaram-se.

Platão, que assistira discretamente a todo este lamentável espectáculo, fixava agora o seu olhar no homem das barbas postiças. Perguntou a Kant se este achava que o postiço tinha ser. Kant disse-lhe, convictamente, que o postiço era um fenómeno de um fenómeno. Como o fenómeno, por si só, não tem ser, pois somente o númeno o tem, segue-se muito logicamente que um fenómeno de um fenómeno terá forçosamente um grau de existência inferior ao do fenómeno, pelo que não pode ter ser. Platão, não estava completamente convencido. Dirigiu-se aos correios do Pai Natal e encontrou uma caixa onde poderia colocar os seus desejos, que, mediante o pagamento da respectiva taxa, seriam sempre satisfeitos. Ele sabia que a verdade estava dentro dele, mas não confiava nem em Kant nem em Descartes para a extrair através do diálogo. Escreveu um desejo, juntou-lhe um maço de notas russas e colocou tudo na caixa dos desejos. Alguns segundos mais tarde, alguém lhe tocou no ombro, por trás. Platão virou-se e o seu interlocutor disse-lhe: "Bom dia! O meu nome é Platão e venho aqui falar contigo para juntos, alcançarmos a verdade que está oculta dentro de ti" - era um clone de Platão. Beijaram-se e começaram a conversar, alheios a Hans, alheios a Descartes, alheios ao árabe, alheios às galinhas que debicavam milho nos seus sapatos, alheios ao homem das barbas postiças que lhes redesenhava a barba sob formas semi-circulares.
Descartes, ao chegar ali, decidira que tudo não passava de um sonho, pois só ele é que existia, logo, não acreditava no Pai Natal. Sentara-se por baixo de um conjunto de placas indicadoras das direcções de vários pontos do planeta. Se o Pai Natal não existia, a sua missão só podia ser sentar-se por baixo das placas.
Hans e o árabe, como pessoas conscientes que eram - na opinião de Hans, pelo menos, porque o árabe tinha percebido mal e julgava que ia a um banquete - foram tentar descobrir que males acometiiam aquela triste povoação. Dirigiram-se à praça principal. Encontraram uma faixa vermelha cruzando o pavimento, com uma estranha numeração lateral. O árabe rejubilou, convenciido que se tratava de uma espécie de tapete vermelho para a sua pessoa. Avistaram Rambo saindo de uma loja de recordações, empunhando um facalhão bastante afiado. Desceu as escadas, até ficar ao nível da praça. Agitou o seu punhal, esbracejou, gesticulou, esboçou esgares ameaçadores e, repentina e violentamente, tentou cravar a adaga no chão de cimento. Como qualquer mente ligeiramente mais dotada de inteligência facilmente se teria apercebido, a faca não furou nada. Rambo estava irritado, possesso. Um esgar labial cada vez mais acentuado e um prolongado grito de guerra sairam das suas entranhas: "Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh" e disparou uma flecha explosiva contra a loja, reduzindo-a a pó, imediatamente. O cogumelo da explosão foi visível a muitos quilómetros. Hans, que achava aquilo perfeitamente normal, dirigiu-se juntamente com aquela lapa árabe ao escritório do Pai Natal, onde, à entrada se podia ler um letreiro :

Hoje ! Grande perigo ! Não perca o encontro entre matéria e anti-matéria ! 
 Um exclusivo da aldeia do Pai Natal !
 Infelizmente, um encontro destes tem direitos de autor, pelo que não poderá tirar fotografias ou filmar.
 No entanto, mediante o pagamento da respectiva taxa, o nosso pessoal especializado terá todo o
 gosto em tirar algumas fotografias por si, com a sua máquina.

Hans tremeu e entrou. A água crescia na boca do árabe. Dirigiram-se ao que parecia ser a sala do Pai Natal. Hans ficou atónito, apavorado perante o tenebroso espectáculo, que abalava as fundações das suas profundas convicções. Era Lenine, que pagava para tirar sucessivas fotografias junto ao Pai Natal.
 
 




 










Lenine encontrava-se em exílio nas terras frias da Lapónia. Não sabia ainda mas mais a sul iria existir, ou já existia um museu com o seu nome. Hans, um pouco estupefacto com o espectáculo que se oferecia diante os seus olhos de cor vaga e indefinida, dirigiu-se ao pai da revolução e mostrou-lhe panfletos do museu Lenine, na Finlândia, e dirigiu-lhe algumas palavras entristecidas. "Então o camarada deixa que abram um museu em seu nome, recordando os seus feitos que ainda estão para ser feitos, os seus ideais idealistas e abraça um vício capitalista como este de pagar serviços inúteis que só existem na imaginação de quem os compra?". Perante tão feroz apóstrofe, Lenine esboçou apenas um sorriso, dizendo: "Há que saber esperar, camarada. O amanhã não se faz hoje, mas apenas amanhã. O que vês não é aquilo que é, mas aquilo que foi. E também não podes ver o que será, a menos que possuas uma bola de cristal. Se quiseres uma, acho que vendem naquela loja lá fora, com imagens do pai natal e flocos de neve que caem se a abanares. Portanto, não faças juízos impróprios sem te cerificares que são justos. Eu estou a trabalhar para o povo. Um líder anti-capitalista tem que experimentar os hediondos vícios do capitalismo para conseguir apreender todas as suas facetas maléficas. Precisa de sofrer as maleitas da sociedade capitalista, para se poder curar e vacinar o rebanho de forma cabal e definitiva. Espero que tenhas aprendido alguma coisa. E agora deixa-me, que estou a pagar bom dinheiro ao pai natal para me ensinar". Ao ouvir estas palavras, Hans julgou-se um saco do lixo e profundamente indigno da nobre criatura que se sentava ao lado do pai natal, rodeado de crianças. Rambo, condoendo-se dele, ofereceu-lhe a sua faca, para que ele a acariciasse. Hans agradeceu, comovido, e acariciou a faca. Rambo perguntou-lhe se conhecia alguma forma de introduzir a faca no chão sem esforço. Pensativo, Hans respondeu que a pessoa certa para fazer esse serviço era o rei Artur, que por acaso estava lá fora, a fotografar a linha do círculo polar. "Rei, venha cá por favor". O rei obedeceu. "Digam, em que vos posso ser útil?". "Aqui o Rambo precisa de enfiar esta faca no chão. Ouvimos dizer que o rei tem experiência nesta matéria. É verdade?". "Não, não é. Só consigo tirar facas e derivados do chão. Agora o inverso nunca experimentei. Mas talvez se possa conseguir". Rambo exultante tirou a faca a Hans e deu-a ao rei, beijando-lhe os pés numa atitude servil. "Basta, basta. Vou tentar". Tentou e conseguiu, aparentemente. A faca despareceu sem deixar rasto. O árabe desconfiado perguntou: "E com uma espada, também és capaz"? O rei respondeu: "Talvez". "Experimenta esta", retorquiu o árabe, tirando a sua cimitarra de bolso, que montou numa fracção de segundo, "é mais perfeita".

O rei examinou cuidadosamente a cimitarra e resolveu ficar com ela. Achava-a muito bonita e parecida com o calendário lunar chinês. Comunicou-o ao árabe e convidou-o para o acompanhar a uma visita à grande muralha da China, onde assistiriam às comemorações da instauração do regime popular da maior democracia do mundo. O árabe coçou a cabeça, numa atitude perplexa e um pouco atónita também, talvez, mas como se tratava de uma decisão de um rei não se lhe afigurou adequado nem recusar nem fazer quaisquer comentários quanto à arrogância do monarca, que exercia o seu direito divino privando o povo dos seus bens em proveito próprio. Mas como gostava da lua do islão, só podia ser boa pessoa, pensou. "Rei, essa espada não pode ser usada de qualquer maneira. Vê essas inscrições no cabo? São versos do Corão. Não podem estar virados para cima, nem é possível pôr a mão em cima deles. Portando, sua alteza deve manejá-la sem colocar as mãos sobre os versos sagrados. Com um pouco de prática não é complicado". Rambo estava contente com a outra espada desaparecida no chão e foi-se embora. Hans lembrou-se que trouxera uma mochila cheia de bolos. Cheia de bolas de Berlim. Perguntou se alguém gostaria de comer uma. Um homem de grandes barbas brancas, cabelo branco e um grande sorriso, que, diga-se desde já, não era o pai natal, disse só aceitar a oferta se fosse uma bola de Berlim leste, já que era lá que tinha umas ruas com o seu nome, assim como uma estátua ao lado de um grande amigo seu de angélico nome. Hans procurou no saco e encontrou algumas bolas vindas de Berlim leste, com a particularidade de não serem comestíveis e de terem um porta chaves em apêndice, com a a frase "Eu sou uma bola de Berlim leste". Esta frase não deixava dúvida. Hans podia oferecê-la a Karl sem qualquer pudor. "Aqui tem. Cuidado que não é comestível, mas tem um excelente aspecto". Karl replicou: "Meu amigo, eu só preciso de alimento para o espírito. O meu universo é bem diverso do seu e daquele que alguns tentaram fazer passar como meu. Provavelmente muitos deles nem sequer leram os meus livros". No entender de Hans, o homem tinha toda a razão. Resolveu voltar a Berlim para arranjar mais bolas e apanhou o S-Bahn, na estação que havia ali mesmo ao lado da casa do pai natal. Havia guardas armados e fardados que confessavam não saber o que estavam a guardar. Passadas algumas horas, Hans chegara a Berlim leste.

Platão, Platão, o homem das barbas postiças e Kant haviam seguido Hans numa outra carruagem. Platão olhava para as portas do vagão estacionado, interrogando-se o porque não se abriam, uma vez que o comboio já havia parado. Perguntou a Platão o que é que ele achava. Platão respondeu-lhe que
aquilo lhe provocava uma simpática reminiscência relacionada com espetadas gregas, mas não sabia explicar exactamente porque, embora tievesse a certeza que a reminiscência provém de coisas dissemelhantes. Kant carregou no botão que havia ao lado da porta. Nada. Resolveu pedir a Platão para forçar a porta, uma vez que ele paracia ser o mais ginasticado. Claro que Platão, não sentindo ser menos ginasticado resolveu dar também o seu contributo. Platão puxou a porta da esquerda e Platão puxou a porta da direita. Kant e o homem das barbas postiças aplaudiram, apesar de este ter murmurado qualquer coisa sobre as portas não cumprirem a especificação. O olhar de Hans encontrou aquele estranho grupo. Pareceu-lhe que os conhecia de algum lado, mas não se conseguia lembrar de onde. Estavam agora em Alexander Platz. Platão, Platão e Kant discutiam agora a relação entre
portas, espetadas e bolas de Berlim, no meio da praça cinzenta. O barbas postiças afastara-se.
Hans olhava à sua volta. Um cartaz gigante com o beijo fraterno entre Bresniev e Honecker sorvia-lhe a atenção. Um homem de barba e uniforme de gala dirigiu-lhe a palavra: era o Czar Alexandre.

 - Faz alguma ideia porque é que deram o meu nome a esta praça? Será
por eu ter visitado Berlim por um dia?
 - Nunca tinha pensado nisso. Julgava que Alexander fosse um
diminutivo de Alex, já que todas as lojas dizem Alex e não Alexander. Você
não acha que se está a julgar demasiado importante?
 - Importante? Eu sinto-me é ofendido! Uma praça tão cinzenta, ainda por cima com ligação à avenida Karl Marx! Repita lá isso se for capaz! Olhe que eu afogo-o em Vodca e deito-lhe e fogo, ouviu!
 Um exército de cossacos armados com garrafas de Vodca de 0,75l invadiu a praça. O Czar desembainhou um grande fósforo e brandiu-o, assustadoramente, ameaçadoramente, violentamente.
 Hans achou que seria uma óptima oportunidade para se retirar. Deu os bons dias a todos e despediu-se até uma próxima oportunidade. Dirigiu-se à torre da televisão, obra prima da engenharia comunista, concebida e construída por engenheiros suecos. Decidiu vistá-la, pois nunca o havia
feito. Colocou-se no fim da bicha. Esperou. Quando chegou a vez de pagar o seu bilhete, a senhora bloqueou a cancela e, burocraticamente, disse que ele tinha que esperar. Ela olhava para uma misteriosa televisão. Passaram-se uns longos vinte minutos até a senhora finalmente aceitar o pagamento de Hans e o deixar subir. O elevador subiu os 25 andares, na companhia de Hans, do
encarregado do elevador e de outras pessoas. Chegaram ao cimo. Hans desfrutou de uma bela vista de 360 graus sobre a cidade. Após alguns minutos de calma contemplação, vislumbrou um vulto com uma capa negra. O vulto virou-se. A sua face tomou então os contornos semi-humanos de uma barba
semi-circular e caninos hiper-desenvolvidos. Hans vacilou. Subitamente, o vulto dirigiou-se à porta do elevador e trancou-a. Em seguida dirigiu-se à multidão com uma voz horrenda e poderosa:
 - Muito boa tarde. O meu nome é conde Krápula e o senhores são, a partir deste momento, meus reféns.

"Muito boa tarde", respondeu Hans numa voz plácida e algo doce também, não deixando esconder porém um certo desdém pelo seu interlocutor. "Vá bugiar". O conde sentindo-se agredido moralmente e sem armas para ripostar perguntou se não fazia diferença o facto de falar várias línguas e repetiu a sua ameaça em Inglês e Francês, as outras duas línguas que conhecia. Hans respondeu-lhe duramente em alemão: "Wer reitet so spät durch nacht und wind?". "Não percebo...". O conde não teve outra hipótese senão desistir dos seus intentos. Retirou da sua mala um objecto parecido com uma bola de Berlim e deu-lhe corda. Colocou com cuidado o objecto no chão e foi-se embora, magoado com o tratamento pouco amistoso que lhe fora concedido. A bola de Berlim produzia um som parecido com tique-taque, tique-taque, tique-taque. Rambo, que por acaso passava por ali de helicóptero, ouviu o ruído e percebeu que era uma bomba-relógio. "Atenção", gritou com um megafone, após imobilizar o seu veículo alado.!
 "Eu não vos quero alarmar. Oiçam bem: eu não vos quero alarmar. Tomem este saco de pára-quedas e saltem imediatamente. Não me perguntem porquê". Alguém teve a ideia infeliz de perguntar. Foi Platão, o da esquerda e não o da direita. "Porquê, Rambo, porquê?". "Eu disse para não me perguntarem, seus, seus insensatos sem juízo! Catástrofe, agora tenho que vos dizer que há uma bomba-relógio que explodirá dentro de breves instantes. Era por isso que eu vos exortava a lançarem-se de pára-quedas!!!". Em pânico entrou a multidão e entre si os seus membros começaram a lutar pelos pára-quedas salva-vidas. Nisto, regressa o conde pedindo desculpa, apanhando o objecto do chão e arremessando-o contra o helicóptero. Rambo, veloz como uma águia ou como outra qualquer ave rápida, sem contar com a avestruz obviamente, pois esta não faz parte do conjunto das aves rápidas, que por sua vez é um conjunto finito e muito provavelmente mensurável, mas não à Jordan, deteve a bola de Berlim prestes a explodir com os próprios dentes. Sempre se orgulhara da agudeza da sua visão. Mastigou-a e engoliu-a. O público estupefacto apladiu e pediu um bis. Rambo confessou que talvez não devesse repetir a proeza, pois ficara com um pouco de ardor estomacal após a pequena explosão. Mas o público não desistiu e voltou-se para o conde, insistindo com ele para que arremessasse nova bola de Berlim. "Mas, mas, eu não tenho mais". O público, revoltado e liderado pelo Platão da esquerda, agarrou em peso o conde e lançou-o para o espaço aéreo berlinense. Rambo, esticando a mão como o home elástico, apanhou o conde e ofereceu-lhe uma boleia para estação de metro mais próxima, onde havia uma máquina de chocolates de vodca. Isto valeu-lhe uma grande onda laranja de apupos do público. O conde agradeceu a honra que lhe concediam e despareceu do mapa. Rambo foi preso por consumo ilegal de explosivos. Platão da esquerda montou um sindicato de defensores dos direitos das bolas de Berlim, que não mereciam estar sempre na boca do povo. Hans continuou o seu caminho.

O oficial da Stasi acompanhou Rambo à sua cela. Um agente do NKVD e outro do KGB seguiam-nos, indicando o caminho ao oficial, zelando para que ele nunca se desviasse dele, para que não houvesse qualquer indício de desvio ideológico. O caminho foi longo, ao longo de corredores estreitos, escuros,
húmidos. A escuridão não deixava Rambo enxergá-lo, e ele não sabia porquê, o que o fazia pensar que os seus verdugos eram feiticeiros, amigos dos orixás... detiveram-se. Uma luz ao fundo do túnel aproximou-se. Era um carrinho que transportava uma máquina de raio X, para o exame das bagagens e
passageiros. Fez um pião e barrou o caminho aos quatro caminhantes. "Ponham as vossas bagagens no tapete e atravessem por esta ombreira sem porta que está em cima do veículo" - ordenou a voz seca e burocrática do condutor do carrinho, que olhava atentamente para uma espécie de televisor em meio ao painel de instrumentos. Rambo anuniu e colocou a sua faca e as suas armas de mão ( um canivete, uma pesada metralhadora e um arco de flechas explosivas ). Os seus carcereiros, que entretanto se haviam despido, ordenaram-lhe que fizesse o mesmo, pois queriam ter a certeza que ele não escondia nenhum objecto proibido nas suas roupas imundas de suíno capitalista. Rambo cedeu sem se sentir contrariado. A máquina apitou, pois Rambo ocultara em suas calças, um par de rebuçados, que era um alimento proibido. O oficial da Stasi admoestou-o e advertiu-o que se a situação se voltasse a repetir na
próxima vez que ele fosse preso, seria penalizado com 2 chicotadas. Os rebuçados foram confiscados, os quatro vestiram-se e continuaram. Chegaram a uma porta de vidro transparente. A porta abriu-se automaticamente, deslizando lateralmente. Entraram. A porta fechou-se. À sua frente, uma outra porta igual à anterior se apresentou, fechada. A primeira porta voltou a abrir-se e os guardas sairam, ordenando a Rambo que ficasse. A porta voltou a fechar-se. Uma voz gravada dirigia-se agora a Rambo, que já podia vislumbrar os seus futuros companheiros de cárcere. "Isto é para aprenderes a não ser um parvo consumidor ilegal de explosivos! Entra e aprende !". Rambo entrou quando a porta se abriu. Era um local muito luminoso e aprazível. Alto, cónico, uma rampa em expiral subia até ao vértice. Os
condenados pareciam vaguear livremente, subindo e descendo a longa rampa, que possuia um declive pouco acentuado. Rambo pareceu reconhecer um dos seus companheiros de infortúnio. Era Bronson. Dirigiu-lhe a palavra: "O que é que estás aqui a fazer ? Porque é que vieste dentro ?". "Posse de armas ilegais" - respondeu secamente -"Mas eu ainda n&atiilde;o me fui embora porque não quis. Já fiz grandes amizades aqui. Vou-te apresentar três grandes amigos meus. Anda.". Começaram a subir a rampa, até que Bronson fez sinal para pararem. "Estes são os meus grandes amigos: os três porquinhos. Este é o Rambo, um grande conhecido meu. Digam olá.". "Olá". "Olá". "Olá". "Eu estava a pensar em sair de cá amanhá, alugar um tanque e vir buscar os três porquinhos. Mas já que tu estás cá para me ajudar, vou sair já e vou tratar do aluguer do tanque". Bronson dirigiu-se para a saída, deixando Rambo intrigado com a origem da palavra tanque. Tocou à campainha. Uma voz perguntou-lhe o que era. Bronson respondeu que iria entregar a sua arma ilegal, uma Magnum 45, e que exigia que o deixassem seguir em liberdade, pois deixava de possuir armas ilegais. A porta deslizou, deixando-o entrar na câmara de vidro. Uma voz gravada ordenou-lhe que deitasse a arma ao chão, o que Bronson fez imediatamente. A segunda porta abriu-se e ele seguiu o seu caminho.

...continua

Nils Holgerson (contacte-me)
Jigglypuff (não me diga nada)
Si Tchou Peq  (faça como achar melhor)
 
 



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