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Está página foi atualizada pela última vez em:  25-abr-2001.

 

 

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OBS: A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA (EM CONSTRUÇÄO)

A INDONÉSIA INVADE

O TIMOR LESTE (*)

No dia 7 de dezembro de 1975, a invasão temida há tanto tempo começou. Às 2 da madrugada, navios da Indonésia começaram a bombardear a periferia de Dili, onde pensavam que o braço militar da Fretilin , Falintil, tinha baterias de artilharia. Às 5 da madrugada aviões já estavam despejando pára-quedistas na zona portuária.

Soldados da ABRI começaram a se espalhar com violência através da cidade. De acordo com o bispo católico de Dili, D. Martinho Lopes, "Os soldados que chegaram começaram a matar todas as pessoas que encontravam. Havia muitos cadáveres nas ruas - só o que podíamos ver eram o soldados matando, matando, matando."(...)

Depois dos massacres iniciais, os soldados começaram a saquear casas e igrejas, carregando tudo o que tinham roubado - mobília, carros, motos e até janelas - em navios que iam para Java (base da maioria dos oficiais da ABRI).

As tropas da ABRI também começaram a procurar por "garotas".(...) Refugiados relatavam que os soldados estavam estuprando as mulheres diante de seus maridos ou pais, espancando muito, prendendo e às vezes matando os homens que se recusavam a entregar suas esposas ou filhas. As mulheres e moças que participavam ativamente de organizações ligadas à Fretilin, ou que eram parentes de membros da Fretilin, eram submetidas ao pior tratamento. Os soldados detiveram e prenderam a maioria delas; muitas também foram torturadas e estupradas repetidas vezes.

Muitas pessoas de Timor Leste fugiram para as montanhas, para escapar das tropas que chegavam.(...)

Nos primeiros dias da invasão, duas mil pessoas foram massacradas em Dili. Destas, de 500 a 700 eram chineses étnicos ( a indonésia tem uma longa história de sentimento anti-chinês).

Alguns dias depois do assalto a Dili, os soldados indonésios atacaram outras cidades importantes e eventualmente foram para o interior. No dia de Natal, o número original de 10 mil soldados da ABRI, recebeu um suplemento(reforço) entre 15 a 20 mil soldados. Em meados de fevereiro - pouco mais de dois meses depois da invasão ter começado - 60 mil pessoas de Timor Leste estavam mortas.

Depois da invasão, a Indonésia estabeleceu uma assembléia legislativa (fantoche), cujos 28 membros - descritos pela Indonésia como "cidadãos eminentes de Timor Leste"- tinha sido escolhidos a dedo pelo funcionários do serviço secreto indonésio, com a ajuda da Apodeti, que se certificou de que eles não tinham nenhuma ligação anterior com a Fretilin ou a UDT.

No dia 31 de maio de 1976, esta assembléia fantoche declarou que Timor Leste queria se tornar parte da Indonésia. Observadores presentes a este evento declaram que foi totalmente montado pelas autoridades indonésias. Os poucos jornalistas e diplomatas de escalão inferior de outros países que compareceram não tiveram permissão para falar com nenhum dos delegados da Assembléia do Povo.

Em Julho de 1976, o presidente Suharto assinou a Lei formalizando a "integração" de Timor Leste ao Estado Unitário da República da Indonésia.

(*) texto retirado do livro: TIMOR LESTE - Este País Que Ser Livre, organizado por Sílvio L. Sant’Anna, 1997, Editora Martin Claret, São Paulo, SP

 

A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA (*)

No final de abril de 1974, grupo de oficiais militares esquerdistas, estacionados em Lisboa, capital de Portugal, derrubou o governo fascista do país através de um golpe de estado, praticamente sem derramamento de sangue. Havia certo desacordo entre os oficiais ( que se chamavam Movimento das Forças Armadas, ou MFA) sobre o que fazer com as colônias de Portugal. O chefe conservador do MFA era a favor daquilo que chamava de "autonomia progressiva... dentro de uma estrutura portuguesa", mas outros oficiais, muitos dos quais tinham voltado recentemente da luta contra movimentos de libertação nas colônias africanas, defendiam "algum tipo de independência".

Em junho de 1974, Portugal tinha apresentado três opções possíveis para Timor Leste: continuar associado a Portugal, tornar-se independente, ou se tornar parte da Indonésia. Mas o governo português não empreendeu nenhuma ação imediata em relação a qualquer dessas opções.

No próprio Timor Leste, no entanto, a resposta ao golpe de estado não foi tão lenta. Dentro de pouco mais de um mês, três partidos políticos tinha sido formados: a UDT, a ASDT (que mais tarde se transformou na Fretilin) e a Apodeti.

O primeiro partido a ser fundado, a UDT (União Democrática Timorense), era de modo geral conservador e a favor de Portugal. No começo defendia a continuação da ligação com Lisboa, mas com o aumento da oposição ao colonialismo passou a apoiar a idéia de uma eventual independência total.

0 segundo partido, ASDT (Associação de Sociais Democratas Timorenses), advogava "as doutrinas universais do socialismo e da democracia". Totalmente comprometido com a independência desde o começo, imaginava um período de descolonização de oito a dez anos, durante o qual Timor Leste teria a oportunidade de desenvolver as estruturas políticas e econômicas necessárias para a independência.

A liderança tanto da UDT quanto da ASDT vinha em grande parte das classes média e alta - timorenses que tinham estudado no colégio dos jesuítas em Soibada e no seminário nos arredores de Dili, e que eram administradores coloniais ou professores. Os cidadãos timorenses mais ricos tendiam a apoiar a UDT. Incluíam oficiais administrativos mais graduados, líderes nativos e importantes donos de plantações. Um dos líderes da UDT - na realidade, seu primeiro presidente - foi mais tarde nomeado governador de Timor Leste pelos indonésios, cargo que ocupou de 1981 a 1992.

Um terceiro partido, Apodeti (Associação Popular Democrática Timorense) era a favor de uma "integração autônoma" com a Indonésia. (Seu nome original - Associação para Integração de Timor com a Indonésia - foi logo mudado devido a reações públicas).

A Apodeti, que nunca teve mais de umas poucas centenas de membros, parece ter sido em grande parte um projeto do serviço de inteligência militar da Indonésia. A última coisa que a Indonésia queria era mais um país independente nas suas fronteiras, e estava empenhada em garantir que isto nunca acontecesse.

Três homens que estavam cooperando com os militares indonésios havia anos se tornaram os líderes principais da Apodeti. E logo depois da fundação da Apodeti, a Indonésia começou a fornecer apoio financeiro a agentes de Timor Leste.

A UDT no começo era o grupo maior e mais popular, mas logo começou a perder terreno para ASDT, que estava mais bem organizada e era mais inovadora. Quando o presidente interino do parlamento da Indonésia disse que era favorável ao controle de Timor Leste pela Indonésia, a ASDT mandou um enviado, José Ramos-Horta, a Jacarta, onde ele recebeu garantias do ministro de Relações Exteriores da Indonésia de que a Indonésia defendia, sem dúvida, a autodeterminação de Timor Leste.

Em seguida Ramos-Horta foi para a Austrália, mas o governo australiano não quis se encontrar com ele ou fazer qualquer declaração oficial em favor da autodeterminação de Timor Leste. Ele conseguiu, no entanto, o apoio de grupos de Igreja, sindicalistas, intelectuais e membros do parlamento.

Como seus membros - e a população de Timor Leste em geral - estavam se tornando mais radicais, a ASDT mudou seu nome, em setembro de 1974, para Fretilin (Frente Revolucionária por um Timor Leste Independente) e exigiu de Portugal a independência imediata. Voluntários da Fretilin começaram a sair de Dili, indo para as áreas rurais, ensinando os habitantes das aldeias a ler e escrever em tetum, estabelecendo cooperativas agrícolas, ajudando a organizar sindicatos e outros grupos, e promovendo a cultura local, incentivando a criação de poesias, cantos e danças nacionalistas. Graças a estas atividades, a Fretilin se tornou, no início de 1975, o mais popular dos três partidos.

Enquanto o presidente de Portugal dizia que a independência total de Timor Leste "não era realista", o novo governador de Timor Leste, que era do MFA, e oficiais locais do MFA queriam ajudar o país a conquistar sua liberdade. Em dezembro de 1974, convidaram os três partidos a aconselhar Lisboa sobre a maneira de descolonizar Timor Leste. A UDT e a Fretilin se uniram durante este processo e formaram uma coalizão. A Apodeti se recusou a participar, dizendo que só reconhecia o governo indonésio, e não o português.

Em maio de 1975, a UDT, a Fretilin e o MFA concordaram que um governo de transição seria estabelecido até outubro e que eleições para uma assembléia nacional constituinte seriam realizadas no outono de 1976. Mas a Indonésia tinha outros planos. Em meados de 1974 tinha sido desenvolvida a Operação Komodo - assim chamada devido aos dragões Komodo, lagartos gigantes que comem pessoas, e que vivem em outras ilhas da Indonésia.

A Operação Komodo tinha o objetivo de fortalecer a Apodeti e enfraquecer a Fretilin, e obteve certo número de sucessos diplomáticos. Num encontro com o presidente da Indonésia, Suharto, em setembro de 1974, o primeiro-ministro da Austrália, Gough Whitlam, declarou que um Timor Leste independente seria "inviável" e "uma ameaça em potencial para área". Ele apresentou seu apoio a uma união voluntária entre Timor Leste e Indonésia. Embora tenha acrescentado que a Austrália não aprovaria o uso da força em Timor Leste, seus comentários, de maneira geral, foram considerados por Jacarta como sendo muito favoráveis à sua posição.

Quando a Fretilin e UDT começaram a trabalhar juntas, a Indonésia incrementou a Operação Komodo. Em meados de fevereiro de 1975, os militares indonésios (comumente chamados pela sigla ABRI) realizaram exercícios em Sumatra que simulavam um ataque por ar e mar a Timor Leste. Logo depois disto a Indonésia começou a divulgar relatórios falsos de um golpe planejado pela MFA e Fretilin, e uma suposta perseguição a membros da Apodeti.

A operação Komodo, juntamente com a crescente popularidade da Fretilin, enfraqueceu a coalizão UDT-Fretilin. A Indonésia conseguiu convencer os membros mais conservadores da UDT de que, se fosse permitida a permanência de esquerdistas na coalizão, isto resultaria em isolamento internacional. No final de maio de 1975, a UDT se retirou formalmente da coalizão.

Líderes da UDT se encontram com representantes do governo indonésio em Jacarta e se convenceram de que a Indonésia não permitiria que Timor Leste se tornasse independente sob a Fretilin e provavelmente nem mesmo sob a UDT. Eles achavam que só limpando o território da influência "comunista" poderiam ter alguma possibilidade de evitar uma invasão da Indonésia.

Finalmente, em meados de agosto de 1975, a Indonésia passou à UDT notícias falsas do serviço secreto sobre uma iminente tomada do poder pela Fretilin, completadas com informações sobre carregamentos clandestinos de armas chineses e a entrada em Timor Leste de "terroristas vietnamitas" para ajudar a Fretilin. A UDT lançou um golpe, capturando rapidamente a estação de comunicações e o aeroporto de Dili.

Mas a UDT subestimou muito a força da Fretilin, que conseguiu persuadir a maioria das unidades timorenses do exército português a ficar do seu lado. Logo a Fretilin controlava toda Dili e no final de setembro tinha expulsado 500 soldados da UDT e 2.500 refugiados (na maioria famílias de líderes e soldados da UDT) para Timor Ocidental. A breve guerra civil tinha terminado.

A Indonésia só permitia que os refugiados entrassem em Timor Ocidental se assinassem uma petição em favor da integração de Timor Leste à Indonésia. Conforme declarou um antigo líder da UDT: "Era a última coisa que queríamos, mas com as forças da Fretilin se aproximando e sem comida, realmente não tínhamos outra alternativa a não ser concordar".

A Fretilin imediatamente começou a estabelecer um governo de fato para preencher o vazio deixado pelos portugueses, que tinham fugido durante a guerra civil. O antigo cônsul da Austrália em Dili, James Dunn, assim descreveu a reação do povo:

"Esta estrutura administrativa tinha limitações evidentes, mas gozava claramente de amplo apoio e cooperação da população, inclusive de muitas pessoas que antes apoiavam a UDT... Na realidade, os líderes do partido vitorioso foram recebidos de braços abertos, espontaneamente, nos principais centros por multidões de timorenses. Em minha longa associação com o território, nunca tinha presenciado tais demonstrações de calor e apoio espontâneo por parte das pessoas comuns."

A fim de completar o processo de descolonização, a Fretilin convocou um conferência de paz entre eles, Portugal e Indonésia, mas os contínuos adiamentos por parte de Portugal impediram que as conversações se realizassem. Enquanto isto, a ABRI ( forças militares indonésias ) estava realizando incursões através da fronteira, a partir de Timor Ocidental, para dar a impressão de que a guerra civil continuava. ( A Indonésia negou estas incursões, mas até a CIA as confirmou ).

A ABRI logo capturou algumas cidades perto da fronteira entre Timor Leste e Timor Oeste. Sua campanha culminou num ataque de duas semanas por terra, ar e mar a uma cidade chamada Atabae, a apenas 56 quilômetros de Dili. Finalmente, a ABRI tomou Atabae no dia 28 de novembro de 1975.

Confrontada com uma invasão iminente, global, a Fretilin declarou a independência da República Democrática de Timor Leste nesse mesmo dia.

A Fretilin esperava que esta declaração proporcionasse alguma proteção internacional a Timor Leste, mas somente quatro antigas colônias portuguesas da África, reconheceram o novo país imediatamente. As nações ocidentais, que sabiam tudo sobre os planos de invasão da Indonésia, permaneceram em silêncio, ( ou forneceram algumas colaboração para esta invasão).

(*) texto retirado do livro: TIMOR LESTE - Este País Que Ser Livre - Organização Sílvio L. Sant’Anna, 1997, Editora Martin Claret, São Paulo, SP.

 

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