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Você
já parou para refletir nos quilos de
propaganda preconceituosa que é consumida
diariamente? No quão sexista é
o discurso que entra todos os dias por suas
orelhas e seus olhos desprotegidos deste mal?
Comerciais de cerveja, cigarro, roupas, carros...
Já não foi o suficiente capitalizar
tais produtos em indústrias gigantescas,
mas ainda foi preciso capitalizar o corpo?!
Este também tornou-se um produto, visto
que um belo par de pernas, hoje vende uma saia,
um lindo rosto, um maço de cigarros,
um par de seios fartos num biquíni minúsculo
vende cerveja, e assim se estreita o vínculo
publicitário entre produto a ser exposto
(imagem) e a ser consumido (o vendido).
Assistir, portanto, todos os dias a este bombardeamento
de informações de conteúdo,
às vezes implícito, mas sem dúvida
sexista e sexualmente apelativo sem sequer se
questionar a seu respeito, é contribuir
para a formação de tantos caráteres
(até mesmo do seu) e de uma sociedade
ainda mais imbuída neste sentimento materialista,
vulgar, demasiadamente seletivo e vinculado
aos padrões estéticos impostos
por ela mesma, embasada em valores tão
fúteis.
XXX
Por
que as meninas, quando ainda crianças,
são induzidas a brincar de bonecas, como
quem cuida dos filhos, de fazer chá,
ou de casinha, enquanto os meninos têm
o costume de brincar de carrinhos e de lutas?
Não seriam estes hábitos demasiadamente
machistas e discriminativos? Será que
eles não são nocivos para a formação
do caráter da criança e para que
esta edificação deixe de acontecer
neutra e imparcialmente?
Se a infância interfere diretamente na
vida do indivíduo, e já nesta
fase ele recebe o bombardeamento de regras padronizadas
e pré-estabelecidas, absorvidas sem questionamentos
(que quando existem, são repreendidos
e encarados como erro ou como aberração)
a tendência é de que informações
como esta (de que meninas devem brincar de casinha
e meninos de carrinho) sejam decodificadas durante
a fase adulta do indivíduo, ainda que
despercebidas por ele, em atitudes de tendência
machista e discriminatória.
Incitar crianças a seguirem desde então
estes padrões estreitos e aparentemente
inquestionáveis, certamente culminará
na formação de adultos mais preconceituosos
e imbuídos no espírito de separação
dos sexos, e ainda na perpetuação
de regras sociais ultrapassadas e injustas.
Ajude, portanto, a evitar a criação
de cidadãos tão vinculados a estas
regras, com o simples fato de incentivar as
crianças a brincarem livres destes paradigmas
que tanto as atrapalham.
XXX
Eu
não pretendo viver em guerra com meu
corpo. Eu não sucumbirei a estas normas.
Quem estabeleceu estes absurdos padrões
de beleza? Por que massificar um tipo físico
que além de tudo em nada parece com o
biótipo da mulher brasileira? Eu não
irei me modelar assim ou assado por que as revistas
isso impõem! Nós humanos não
fomos feitos em série, e eu não
serei igual a ninguém. Onde fica a individualidade?
Você é você, é única
e isso te faz especial. Não as suas medidas!
Pouco importa se você não entra
numa calça 36, se seu cabelo não
é igual ao da mocinha da novela das oito.
Seguir cegamente esses padrões (que na
certa foram criados por algum lunático
infeliz) ou deixar de agir dessa ou daquela
forma por "não ser apropriado"
é contribuir cada vez mais para a continuidade
da edificação dessa alienação
em massa. Garanto que você não
deseja ser só mais um atraente reservatório
de esperma sem utilidade nenhuma além
disso. Fazer de sua vida uma constante guerra
contra a balança/ espelho, ameaçar
sua saúde tomando fórmulas mágicas
para emagrecer rapidamente ou mesmo esculpir
seu corpo se submetendo a perigosas intervenções
cirúrgicas só vai fazer você
perder tempo e dinheiro. Se preocupar se você
vai estar suficientemente bonita para atrair
os homens não vai te livrar de ficar
sem eles quando tudo murchar. Não se
faça aproximar ou se aproxime de alguém
por motivos tão fúteis. Perceba
as reais qualidades e particularidades de cada
um. Faça algo que realmente importe no
fim das contas e não contribua com esta
industria mórbida e doentia (sabemos
nós todos que a forma mais eficaz para
tudo é o boicote). Reaja!!! E simplesmente
diga não ao que lhe impõem pelo
simples fato de ser o que todo mundo faz, o
que está na moda. Exista!
XXX
Como
ser livre se eles te dão apenas uma opção
de escolha??? Exaustivamente essa frase martelou
esses dias na minha cabeça. Como tirar
essas vendas dos nossos olhos se praticamente
desde nosso nascimento nos tentam fazer entender
que elas são necessárias. A todo
o momento informações entram suas
orelhas adentro, nos fazendo às vezes
acreditar que realmente é essa verdade
aí que é a certa. A igreja católica
cospe seus discursos formatados criados para
moldar mais e mais gente, onde explicam por
a + b o quanto santa e resignada foi Maria.
Um exemplo de mulher. Virgem acima de tudo,
dedicou-se a ser esposa e mãe devotada,
sem jamais questionar nada, nem mesmo o fato
do seu futuro ser traçado por um ser
superior poderoso e inatingível. Bem,
aí você liga a tv e o seriado diário
teen mais descolado mostra mais uma vez que
menina boazinha é conformada, não
mente, não fala alto e nem diz palavrão.
Ela entende: menina boa aceita as coisas como
são; menina má, não! Viva
às meninas más. Viva as vilãs
que fazem o que querem de seus corpos, que não
se acomodam e correm atrás daquilo que
querem. É claro e evidente que excluindo
desse caso toda forma escusa de se conseguir
algo. O que está sendo questionado agora
é o fato de não se deixar abater.
Ao invés de saber que seus momentos são
seus e você controla sua vida. Ter que
se manter virgem para "o cara". Aquele
que vai chegar no seu carro do ano branco, com
um sorriso alvo como os de comerciais de creme
dental, e que depois irá quebrar seu
frágil coração. Esse machismo
idiota revestido de "valores morais"
me enoja. Se deixar influenciar por estes discursos
tendenciosos e ultrapassados é não
saber filtrar o que saí da tv e entra
em sua vida. Aprender a enxergar as coisas como
elas realmente são. Sua vida, corpo,
vontades, sexualidade, é tudo isso seu.
Esses "valores" só te fazem
cair no esquema furado que tenta deixar todo
mundo igual; transformar as mulheres em bonitinhas
bonecas para a diversão masculinas ao
mesmo tempo em que são poços de
virtudes e boa mamães. Fodam-se as virtudes!
Enquanto propagam a s idéias de que quem
controla seus corpos são malditos, tentam
nos fazer acreditar que existe igualdade e que
a liberação feminina fez tudo
por nós. Pura estratégia para
nos fazer sossegar. Que igualdade é essa?
Eu não a entendo. Num país aonde
ainda hoje mulheres recebem salários
inferiores aos dos homens, e tem de enfrentar
na maioria das vezes, jornadas duplas de trabalho.
Numa mídia aonde idolatram sândi,
esculpindo em sua volta uma imagem de boa-moça
extremamente educada, devotada e virgem. Que,
abdica de suas idéias e vontades simplesmente
para manter uma $imagem$ cor-de-rosa... Argh!
Tão boa-moça essa, que é
inclusive a favor de rodeios (leia-se circo
de horrores) e tem uma grande parte de sua renda
proveniente de suas fazendas de gado. Boa-moça
que explora animais indefesos, que lado romântico
da sândi ainda não explorada, hein?!
Taí, mais um dos milhões de motivos
que mostram claramente que só ver tudo
acontecer a seu redor não serve de nada.
Se não seguir o que está na mídia
é out, démodé ou errado,
viva o errado! Ter o controle nas nossas mãos,
saber a hora de mudar o canal...
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