Poesias - Sonetos

TRISTE REALIDADE, MAS APAIXONANTE VERDADE
TODO SONHO SEM ESPERANÇA DE REALIDADE É ALIENAÇÃO
VIRTUDE NÃO É FUGA DO MAL, MAS OPÇÃO PARA O BEM

Poesia - sincero lirismo
Calma e delicada emoção
Amor à terra - por que não indianista?

Outras Poesias - Encantos em Rima Mais Poesias - Encantos em Rima
Ainda Poesias - Encantos em Rima Novas Poesias - Encantos em Rima
Seletas Poesias - Encantos em Rima Belas Poesias - Encantos em Rima



Veja as opções pondo o mouse sobre um item

BRASIL


Procure ouvir a melodia Aquarela do Brasil (Ary Barroso) Pérola musical

Aquarela sequenced by Miguel Ratton
[http://laurasmidiheaven.simplenet.com/bandoldy4.htm]
Aquarela sequenced by Danilo Dantas Freire Lima
[http://www.webcities.com.br/fmgcwww/allmidi.htm]

Ronald de Carvalho - 1893-1935

Nesta hora de sol puro
palmas paradas
pedras polidas
claridades
faíscas
cintilações
Eu ouço o canto enorme do Brasil!

Eu ouço o tropel dos cavalos de Iguaçu
correndo na ponta das rochas nuas,
empinando-se no ar molhado,
batendo com as patas de água na
manhã de bôlhas e pingos verdes;

Eu ouço a tua grave melodia, a tua bárbara e grave melodia, Amazonas,
a melodia da tua onda lenta de óleo
espêsso, que se avoluma e se avoluma,
lambe o barro das barrancas, morde
raízes, puxa ilhas e empurra o
oceano mole como um touro picado
de farpas, varas, galhos e folhagens;

Eu ouço a terra que estala no ventre
quente do nordeste, aterra que ferve
na planta do pé de bronze do
cangaceiro, a terra que se esboroa e
rola em surdas bolas pelas estradas
de Juazeiro, e quebra-se em crostas
sêcas, esturricadas no Crato chato;

Eu ouço o chiar das caatingas - trilos,
pios, pipios, trinos, assobios,
zumbidos, bicos que picam, bordões
que ressoam retesos, tímpanos que
vibram límpidos, papos que estufam,
asas que zinem zinem rezinem,
cris-cris, cicios, cismas, cismas longas,
langues - caatingas debaixo do
céu!

Eu ouço os arroios que riem, pulando
na garupa dos dourados gulosos,
mexendo com os bagres no limo das
luras e das locas;

Eu ouço as moendas espremendo canas,
o glu-glu do mel escorrendo nas
tachas, o tinir das tigelinhas nas
seringueiras;
e machados que disparam caminhos,
e serras que toram troncos,
e matilhas de "Corta-Vento",
"Rompe-Ferro", "Faíscas" e
"Tubarões" acuando suçuaranas e
maçarocas,
e mangues borbulhando na luz,
e caititus tatalando as queixadas para
os jacarés que dormem no tijuco
môrno dos igapós...

Eu ouço todo o Brasil cantando,
zumbindo, gritando, vociferando!
Rêdes que se balançam,
sereias que apitam,
usinas que rangem, martelam, arfam,
estridulam, ululam e roncam,
tubos que explodem,
guindastes que giram,
rodas que batem,
trilhos que trepidam,
rumor de coxilhas e planaltos,
campainhas, relinchos, aboiados e
mugidos,
repiques de sinos, estouros de foguetes,
Ouro-Prêto, Bahia, Congonhas,
Sabará,
vaias de Bôlsas empinando números
como papagaios,
tumulto de ruas que saracoteiam
sob arranha-céus,
vozes de tôdas as raças que a maresia
dos portos joga no sertão!

Nesta hora de sol puro eu ouço o
Brasil.
Tôdas as tuas conversas, pátria morena,
correm pelo ar...
a conversa dos fazendeiros nos cafezais,
a conversa dos mineiros nas galerias
de ouro,
a conversa dos operários nos fornos de
aço,
a conversa dos garimpeiros, peneirando
as bateias,
a conversa dos coronéis nas varandas
das roças...

Mas o que eu ouço, antes de tudo, nesta
hora de sol puro
palmas paradas
pedras polidas
claridades
brilhos
faíscas
cintilações

é o canto dos teus berços, Brasil, de
todos êsses teus berços, onde dorme,
com a bôca escorrendo leite, moreno,
confiante,
o homem de amanhã!

SERTÃO

LUIS CARLOS
(1880-1932)

A canícula escalda... Espadanando adusto
No espaço os raios crus, relumbra, a pino, o fausto
Do Sol. A terra esturra... O vegetal, exausto,
Se estorce, sopesando a ramaria a custo!

Alastra o amplo deserto a estagnação de um susto.
Algares e álveos nus soltam, na ânsia de um hausto,
O bafo bachornal, que exsisa o solo infausto.
Tudo estarrece, ao sol, num sofrimento augusto!

Um boi galgaz estrinca, ao longe, a agra caatinga,
Numa heróica ilusão, vingando todo o estorvo,
Em busca de um marnel, onde água, enfim, distinga!

E por sobre a amplidão do panorama torvo,
Num sarcasmo feral, porque o sol já se extinga,
Surge a noite à feição de um formidável corvo!

ALMA MINHA GENTIL...

CAMÕES

Alma minha gentil que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste,

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

My gentle spirit...


My gentle spirit! thou who hast departed
So early, of this life in discontent,
Rest thou there ever, in Heaven´s firmament
While I live here on earth all broken-hearted

In that Ethereal Seat, where thou didst rise,
If memory of this life so far consent,
Forget not thou my ardent love unspent,
Which thou didst read so perfect in mine eyes.

And if, perchance, aught worthy thee appears
In my great cureless anghish for thy death,
Oh, pray to God who closed so soon thy years,

That He will also close my sorrowing breath,
And swiftly call me hence thy form to see
As swiftly He deprived these eyes of thee

(J.J. Aubertin - version)

CONTRASTE

Pe. Antonio Tomás

Quando partimos, no verdor dos anos,
Da vida pela estrada florescente,
As esperanças vão conosco à frente
E vão ficando atrás os desenganos.

Rindo e cantando, céleres e ufanos,
Vamos marchando descuidosamente...
Eis que chega a velhice, de repente,
Desfazendo ilusões, matando enganos.

Então nós enxergamos claramentes,
Como a existência é rápida e falaz
E vemos que sucede, exatamente,

O contário dos tempos de rapaz:
- Os desenganos vão conosco à frente
E as esperanças vão ficando atrás.

O PALHAÇO

Pe. Antonio Tomás

Ontem via-se-lhe em casa a esposa morta
E a filhinha mais nova tão doente!
Hoje, o empresário vai bater-lhe à porta,
Que a platéia o reclama impaciente.

Ao palco em breve surge... Pouco importa
O seu pesar àquela estranha gente...
E ao som das ovações que os ares corta,
Trejeita, e canta, e ri nervosamente.

Aos aplausos da turba ele trabalha
Para esconder no manto em que se embuça
A cruciante angústia que o retalha,

No entanto, a dor cruel mais se lhe aguça
E enquanto o lábio trêmulo gargalha,
Dentro do peito o coração soluça.

CANÇÃO DO EXÍLIO

Gonçalves Dias - 1823-1864

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu´inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.

LÍNGUA PORTUGUESA

Olavo Bilac - 1865-1918

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplender e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de algo clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrôlo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de ocenao largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "Meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

INANIA VERBA

Olavo Bilac - 1865-1918

Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lôdo, o que te deslumbrava...

O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? E o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? E o asco mudo? E o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na gargante?!

ILUSÕES DA VIDA

Francisco Otaviano - 1825-1889

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.


Topo da Página
Página Principal

<BGSOUND SRC="sounds/edelweis.mid" LOOP="1">


Página em Construção
[Under construction]


This page hosted by Get your own Free Home Page