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Assumir-se? Algo que passa pela a cabeça dos
homossexuais, de várias maneiras. Para alguém se assumir, concerteza que foi uma
decisão bastante martelada na sua mente, mas alguém que se assume, tem de
aceitar que é homossexual, algo que pode levar vários anos, coisa que se torna
difícil de pessoa para pessoa, porque há dias que um homossexual sente feliz e
confiante e pronto para contar a todos, e no dia a seguir sente-se confuso,
apavorado e aliviado por não terem contado a ninguém. Um homossexual que aceite a sua sexualidade é a
primeira etapa para ele se assumir, mas não há nenhuma regra em relação a como
se assumir, e quando!
Muitos dos jovens sentem a necessidade de contar a alguém a
transformação interior que possivelmente não entendem, algo que anda a
passar-se dentro de si. É bom partilhar os nossos sentimentos e esclarecer,
mas contar a um terceiro existem alguns riscos, a quem dizes só depende
realmente apenas de ti! Conte a alguém que confie e que possa compreender o
que se passa consigo, alguém que tenha uma mentalidade aberta, que aceite a
homossexualidade ou a sua aceitação e que não vá a contar a terceiros,
lembra-te que uma vez que contes acerca a tua homossexualidade pode-se
tornar conhecido num curto espaço de tempo (faz parte da natureza humana),
muitos dos homossexuais optam por ficarem calados e sofrerem sozinhos no
silêncio. Então, ainda te queres
assumir? Para te assumires tens de ter a certeza que queres fazer tal coisa,
tens de sentir orgulho em ti de seres quem és, e que seja impossível de seres um
ser humano plenamente feliz se a tua sexualidade permaneça suprimida. Leva em
consideração que há muitas maneiras de dizeres a alguém que és homossexual. Para
além de contares a alguém, concerteza que irão perguntar "Como é possível?"
Como podes ter tanta a certeza?" Muitos dos jovens homossexuais têm medo de contar à
sua família, mas mesmo que optem por esse caso o GayLitoralAlentejano
aconselha a pensar muito bem no assunto, para se sentirem preparados e que seja
a hora certa, podem contar por várias alternativas, uma reunião familiar que
estejam todos em casa, e com tempo, ou ainda contar a cada membro isoladamente,
sobretudo a alguém que te possa ajudar a contar aos teus pais, refiro a um
irmão, que não tenha uma grande diferença de idades, e que concerteza te
compreende. Pensa o que estás a sentir e não te preocupes com os nervos, que são
perfeitamente normais nestas circunstâncias e não o faças por te sentires
zangado, porque isso afectará o que dizes, e como o dizes. Não há nenhuma regra que diga que tens que te sentar,
e de dizeres "Pai, mãe, tenho algo para vos dizer, não vos quero magoar, mas
tenho de ser honesto, sou homossexual ...", provavelmente eles não irão
reagir bem, e nem sequer sabem tocar no assunto e não querer aceitar a verdade.
Depois, de os teus pais te ouvirem, há respostas típicas que se sabe que irão
dar: "Como é que podes ter a certeza?", "Eu passei por uma fase dessas na tua
idade!", "Isso é só uma fase, vai passar com a idade!", "Não te esforçaste a
sério com o sexo oposto!" ou "Como é que na tua idade podes saber?"
Este momento pode ser traumático para a tua família e para ti próprio, e poderás
sentir-te incapaz de responder a todas as questões levantadas por eles. Eles, em
contrapartida, e a partir desse dia, podem não se sentir à vontade em falar
sobre a homossexualidade. Esta pode ser uma época difícil se a tua felicidade
está dependente em determinado grau da reacção da tua família. Agora, neste momento, sentes que estás à beira de um
precipício, ou a dar pulos de alegrias, se não ambos. Algumas pessoas descrevem
a sensação como se lhes tivesse sido tirado um enorme peso dos ombros ou
sentem-se eufóricas e contentes. É como fossem outra vez crianças. Daqui para a frente tudo pode mudar. Inicialmente os
teus pais não aceitam, evitam falar contigo e de te olhar, irá ser um processo
doloroso e longo, eles podem cortar-te umas certas liberdades e serem mais
rigorosos contigo.Inicialmente será um assunto proibido de falar em casa e
até podes ouvir "bocas" da parte deles. Eles não
aceitam e não querem aceitar, porque se encontram fragilizados pelo o
choque, mágoa, culpa, revolta, responsabilidade, desapontamento e concerteza
muita dor, mas lembra-te que eles precisam de tanto tempo como tu
precisaste, para te sentires à vontade de seres homossexual. Muito dos pais
sentem uma certa perda, porque o grande sonho que ambos os pais que têm em
comum: um filho, com curso tirado, alguém sucedido na vida que dê a
continuidade à família com muitos netinhos, porque o grande medo dos país é
de entrarem no rio do esquecimento e se sentirem sozinhos na solidão. São
eles que sentem a culpa de ter um filho que é homossexual, porque foram eles
que te geraram, te viram a crescer e sobretudo te deram uma educação. Se
tens irmãos fazem comparações, porque a educação foi a mesma, ou semelhante.
Mas pouco a pouco sem eles se aperceberem habituam-se à ideia, apercebem-se
que o filho que criaram continua o mesmo, da mesma forma, simplesmente o que
muda é a sua orientação sexual. Há coisas que pais nunca irão aceitar, como por
exemplo de ouvir de alguém a dizer a seu respeito que é "maricas", é umas das
expressões que detestam ouvir, se já lhes custa de ouvir e aceitar o termo
homossexual ou gay quanto mais "maricas"! Também podes usar outro meio para contar aos teus
pais, podes escrever-lhes uma carta. Esta é, talvez, a melhor aproximação,
escrever uma carta permite-te demorares o tempo que aches conveniente para
compor os teus pensamentos de uma forma clara e cuidada, por este meio, o
receptor terá uma reacção diferente, e tempo para pensar, antes de terem a
conversa em conjunto. Aqui fica um exemplo de uma carta que foi para o ar
no programa Vidas Alternativas da Rádio Voxx (91.6 em Lisboa; 90.0 no Porto), a
19 de Julho 2000, e que também se encontra no site
PortugalGay
Para a minha
querida família, Estou a escrever-vos a carta mais importante da
minha vida, e faço-o agora porque vos sinto muito perto do meu coração, e é
porque eu vos sinto tão perto do meu coração, que sinto que vos amo tanto, que
tenho que vos dizer a verdade acerca de mim. Como é que pensam que eu sou? Eu sou tudo o que
vocês sabem acerca de mim, tudo o que cada uma vós sabe acerca de mim, mais uma
coisa muito importante, e que eu agora revelo: eu sou um homem que é capaz de
amar outro homem, ou seja eu sou homossexual. Desculpem-me se vos choco, talvez o facto de eu
próprio não ter aceite a minha própria homossexualidade por muito tempo moldou a
minha personalidade. Mas quem eu sou isso não mudou. Tudo o que vocês conhecem
de mim não mudou. O que mudou ou mudará é a minha atitude perante mim próprio. E
a minha atitude perante mim mudou abrindo-me novas avenidas, novos caminhos na
busca da minha felicidade. Acreditem-me: não é uma escolha. Seria muito mais
fácil para mim ser heterossexual. Mas eu preciso de ser honesto para comigo e
para convosco, e se esta é a realidade, porque é que eu haveria de mentir? Só
porque causa do que os outros possam pensar? Ninguém escolheu ser heterossexual
pois não? Pois bem, eu também não escolhi ser homossexual, e se é assim que eu
sou, o que eu vou fazer é procurar alguém para amar, e para me relacionar de
acordo com o que eu acredito que vale a pena: os sentimentos. Imaginam como foi viver com uma fobia tão grande
dentro de mim, que me estava a empurrar e a apagar a minha própria vida,
apagando a minha sexualidade. Mas eu não fui capaz de o fazer, porque este tipo
de sexualidade existe em 10% das pessoas, de todos os homens e das mulheres. Tal
como há uma percentagem da população que escreve com a mão esquerda, ou tem
olhos de outra cor. As concepções que a nossa sociedade nos força a aceitar,
arrastam-nos para a condenação, e para o preconceito. Mas eu não sou a minha sexualidade, e não quero ser
julgado por ela. A minha sexualidade é apenas uma parte significativa de quem eu
sou. Eu não estou a pedir que me compreendam: ninguém quer ser compreendido por
que é que escreve com a mão esquerda ou com a direita, ou porque é que mede um
metro e setenta ou um metro e oitenta. Simplesmente aceita-se que essa pessoa é
assim. Gostaria que me escrevessem e que me dissessem
aquilo que pensam mas sobretudo aquilo que sentem, era muito injusto para todos
nó se eu não vos dissesse isto, porque eu estava a ser incompleto. Eu sei que
estou a arriscar tudo a partir desta carta, mas vocês são quem eu mais amo no
mundo e são vocês quem eu guardarei sempre no meu coração aconteça o que
acontecer. Apenas agora eu sou o verdadeiro Carlos para vocês,
mas sempre o vosso filho, o vosso irmão, o vosso cunhado, o vosso tio, Carlos Concerteza que ainda
vai custar um pouco a si e aos seus pais, eles podem ter mil e umas reacções e
desculpas. Mas também vai custar a si, se o resto da sua família e amigos
continuarem na ignorância, e de perguntarem por namoradas ou a apresentação se
uma namorada, coisa que acontece bastante quando há encontros com a família,
como por exemplo num casamento. Ao passar dos anos, há quem sinta necessidade de
contar a sua orientação sexual no seu local de trabalho, mas corre um risco de
ser incompreendido e ao preconceito. Mas ninguém pode despedir alguém por ser
homossexual. A maioria dos pais deposita nos seus filhos todo um
conjunto de expectativas, tentando projectar neles, muitas das vezes aquilo a
que eles próprios não tiveram acesso: uma carreira profissional de sucesso, um
casamento feliz, ... Ao tomarem conhecimento da homossexualidade dos seus
filhos, apodera-se deles toda uma fusão de sentimentos, onde se destaca o
choque, a raiva e a revolta, que tem em sua origem em todo um conjunto de
preconceitos percebidos da sociedade ao longo de muito tempo, alguns deles
perfeitamente desajustados e totalmente errados. Nos primeiros tempos os pais terão dificuldades em
falar sobre o assunto sem serem assaltados por um misto de dor e de ira. Embora cada caso seja um caso e cada família seja
diferente, e quer na descoberta acidentalmente da homossexualidade do seu filho,
ou quer seja dita pelo o próprio, quer seja adolescente ou adulto, quer que
tenha aceite a sua homossexualidade ou ainda se debate com ela. Os pais poderão
estar dispostos a ouvir ou alhearem-se. Todos, porém, se mostrarão
invariavelmente preocupados, em maior ou menor grau, com o futuro do seu filho. Por norma, os pais sentem revolta e culpados, mas
interrogam-se, "o que fizemos, para se vingar de nós desta maneira?" A
resposta é simples, absolutamente nada! Muito dos pais tendem a ver no
comportamento dos seus filhos atitudes de vingança para consigo próprios, este
pressuposto vingança, parte do princípio errado de que a orientação sexual do
filho é uma escolha consciente que ele poderia mudar se quisesse, coisa que não
é verdade.
Se pensa que foi alguém, um amigo por exemplo, que levou o seu filho para
"esta vida", está errado, já que o seu filho descobriu e não consegue negar
a sua orientação sexual, quer ser feliz assim como é! Por informações
através de conhecidos ou desconhecidos, pode começar a frequentar locais
onde se encontram um vasto grupo com a mesma orientação sexual - coisa que
pouco existe no Litoral Alentejano. Um filho que seja homossexual, designado
gay a pessoas dos sexo masculino e lésbicas do sexo feminino, são iguais a
todas as outras pessoas: amam, trabalham, riem, choram ... somente amam e
fazem a vida com um companheiro do mesmo sexo, por isso têm o mesmo direito
do que as outras pessoas. A sociedade
portuguesa, ainda se encara como uma sociedade protegedora e promíscua, vê a
homossexualidade uma má vida e preocupam-se muito com o falatório, é uma
sociedade que toda a gente sabe de tudo dos vizinhos, sobretudo em pequenas
cidades e aldeias, onde a moda e as noticias chegam sempre mais tarde,
preocupam-se a imagem que dão à família, aos amigos e aos vizinhos. Muitos dos pais que não aceitam um filho assim,
levam-no, ou tentam leva-lo, a um psiquiatra, mas como já foi dito e conclui-se
que a homossexualidade não é assim, nem assado, e nem sequer é uma doença, logo
um psiquiatra nada poderá fazer. O psiquiatra poderá ser uma ajuda preciosa se o
seu filho debater com depressões e angustias relacionadas com a sua orientação
sexual. Todos os conselhos que daria a um filho
heterossexual, servem plenamente para um filho homossexual, ajude-o a ele e a
si, não é por ser homossexual que tem uma maior probabilidade de apanhar doenças
como o caso da SIDA, ajude-o no caso de ser rejeitado e discriminado pela a
família, amigos e até mesmo no emprego, lembre-se mesmo que seja qualquer
orientação sexual, ele é sangue do seu sangue, osso do seu osso e não deixa de
ser seu filho! Somos todos iguais e todos diferentes!
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