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ou o Papa do Marketing |
A escolha do polonês Karol Wojtyla como Papa em 1978, representou um grande avanço na divulgação da fé católica. João Paulo II pode ser considerado um dos grandes marketeiros do nosso século, como afirma Kater Filho: “O gesto de chegar a um país e beijar o solo, que inicialmente deve ter sido espontâneo, foi uma grande jogada de marketing”. Este gesto simples o tornou conhecido mundialmente, sendo repetida inúmeras vezes por todo o mundo. Foram 113 países visitados em 22 anos. A distância percorrida seria a mesma que 25 voltas ao redor do mundo, levando sempre seu carisma de ex-ator e poeta. Este novo líder atribuiu à Igreja Católica, uma imagem muito mais dinâmica, menos presa a Roma; o que já iniciou pelo fato de ser o primeiro Papa não católico em mais de 400 anos. O catolicismo nunca teve-se uma presença internacional tão forte antes de Wojtyla. Politicamente, atuou decisivamente na redemocratização da Polônia e no fim do comunismo do Leste Europeu, promoveu o desarmamento, reabilitou Galileu Galilei e promoveu um início de diálogo com outras religiões. Foi também aos países com os quais o Vaticano não mantinha boas relações diplomáticas. Com isso, inverteu a lógica histórica. João Paulo II levou o produto “fé” até o seu consumidor. Mas seria possível a um papa revolucionar a Igreja Católica, defendendo seus dogmas seculares? A análise feita por Carlos Heitor Cony[1], é bem apropriada, e lança uma luz sobre o assunto: “Para liderar uma Igreja que atravessa 20 séculos de história e se considera depositária de uma verdade religiosa e moral, o papa não pensa por si nem pode agir de acordo com as verdades provisórias da sociedade. Quando é eleito, ele se obriga a defender uma verdade. Uma verdade que não pode ser colocada periodicamente em leilão para saber qual a mais mercadológica, a mais moderna, a que dá mais ibope. Se tudo der errado, ele deve voltar às catacumbas, como os primeiros papas, para continuar professando a fé pela qual está disposto a sacrificar a vida (os primeiros 50 papas foram assassinados pelos imperadores romanos)." Talvez seja essa a diferença e o motivo da durabilidade da mensagem da igreja frente à outras, entre elas, a mensagem publicitária. A igreja defende uma verdade secular e absoluta. As verdades de fé não são definidas por alguém, mesmo que este alguém seja uma maioria. Um fiel católico, ao aceitar um dogma, aceita não porque lhe agrada ou agrada a todos, mas porque se trata de uma verdade revelada, de origem divina. Sobre isto, Cony nos apresenta um exemplo: "Há uma diferença fundamental entre um papa e o Faustão, por exemplo. O papa não pode oferecer dois números de telefone para o ‘sim’ ou o ‘não’. Disque tal número se concorda, disque esse outro se discorda. O placar decidirá a questão (...). Se a religião da qual é o líder e guardião está perdendo adeptos, o problema é dos adeptos, não dele. Se ficar falando sozinho, aí sim, o problema será dele. Mas a religião que professa começou exatamente assim: com uma voz clamando no deserto." [1]Folha de São Paulo, 30 de agosto de 1997 |
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