De Olho no Grajaú
 
  edição 1
maio de 2004



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História de uma vida sofrida

Dona Josefa, hoje com 54 anos de idade, é uma senhora que luta para tentar uma vida melhor.

Nascida na Bahia, cidade de Olindina, veio para São Paulo com o intuito de uma vida melhor. Mas a sua vida, a cada dia que ia se passando foi tornando-se mais difícil. Teve duas filhas, a primeira com um rapaz que morou um certo tempo junto com ela. Criou suas duas filhas, a primeira que se chama Ana Dolores, casada tem três filhas e um marido maravilhoso, que cuida bem de sua família.

A segunda se chamou Sandra Regina que faleceu há um ano e dez meses. Teve outro filho com um rapaz com quem se casou..., esse filho lindo, moreno jambo chama-se Denilson. Passa o tempo... Dona Josefa separou e conheceu o sr. Marcos, com quem teve três meninas lindas, hoje todas elas casadas.

Uma delas, diz que se casou com um Anjo, de tão bom que é o rapaz.

Na época, ela passou por muitas dificuldades, por isso se entregou aos vicíos. A bebida, o cigarro, foi vítima desses vicíos malditos que destroem a vida do ser humano.

A bebida, principal alvo da destrição do seu casamento. Por perder a casa que morava, por motivos de briga, foi morar em um cômodo no fundo da casa de sua sogra. Cada dia que ia se passando eram mais discussões, suas filhas foram crescendo no meio daquele conflito todo. A primeira filha, a avó pegou para criar, pois a menina ficou muito doente a ponto dos médicos dizerem que ela poderia ter poucos dias de vida.

Por causa da bebida, o companheiro a deixou e voltou para casa de sua mãe. Foi o fundo de posso de Dona Josefa... Com isso se entregou mais aos vícios principalmente a bebida. Ficava em bares e mais bares. Não tinha dinheiro para comer, mas para a bebida sempre dava um jeito. Enfim, virou mendiga e foi morar na rua porque não tinha onde morar, todas as noites chorava muito. Em uma de suas noites frias de solidão, ela conheceu seu Lorival, com quem vive hoje.

Os dois sem ter onde morar, fizeram um barraquinho nas ruas perto de Santo Amaro, um bairro muito conhecido aqui na cidade de São Paulo. Eles catavam papelões nas ruas e ela lavava roupas para ter o que comer, foi muito sofrimento, recorda-se Dona Josefa com lágrimas nos olhos.

Atropelada cinco vezes, na quinta vez, o Hospital onde ficou internada conseguiu entrar em contato com sua filha Ana, que a tirou daquele lugar solitário.

Alugou uma casa, ajudou seu Lorival a pagar o aluguel. Por causa de seus vicíos ela ficou com problemas serissímos de saúde, pois o médico foi bem franco ao dizer a ela que se não parasse de beber iria morrer. Obedeceu seu médico, pois acreditava que Deus não a deixaria só.

Hoje mora com seu Lorival, em uma casinha simples, humilde, mas bem organizada, pois diz ela, que odeia bagunça. Relembra hoje que uma de suas maiores tristezas, foi a morte de sua filha Sandra Regina, assassinada cruelmente, morreu com dois tiros, um no calcanhar e o outro na cabeça. Pobre moça morreu de graça, o motivo: rincha com uma vizinha. Foi tirar satisfação com a moça, e quando ela virou as costas o namorado da garota lhe deu os tiros, sem dó nem piedade. Sua filha Carolina, hoje com doze anos, ainda tentou impedir, dizendo para o rapaz “ não mata a minha mãe, por favor”. Mas não adiantou os apelos de Carol, foi então que ele acertou o segundo disparo que foi na cabeça. Conseguiram levá-la para o Hospital, mas Sandra não resistiu, morreu.

Sandra deixou três lindas meninas. Dona Josefa sonha hoje com uma vida melhor.

Tem seu brechosinho na garagem de sua casa, lugar simples onde mora com seu Lorival, mas que é muito feliz. Diz gostar do lugar onde vive, pois todos admiram e a respeitam.

Dona Josefa diz agora ter uma vida digna.

Andrea Oliveira da Silva
Fabiana dos Santos Maciel

 

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