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Implicações clínicas da hiperatividade simpática

 

A ativação do sistema nervoso representa um poderoso mecanismo para aumentar ou restaurar em poucos segundos a performance cardíaca, cuidando de alterar tanto a freqüência cardíaca quanto o volume sistólico, mediante otimização das condições de carga, do estado inotrópico e do sinergismo de contração.

 

Fisiologicamente, a descarga simpática melhora as características mecânicas (inotropismo e lusitropismo) e elétricas (automatismo, condutibilidade e excitabilidade). Analisando o fenômeno contrátil, a descarga simpática acelera a velocidade de encurtamento e o ritmo de desenvolvimento de tensão; por outro lado, o relaxamento é facilitado com o aumento do tônus simpático.

 

A ativação do sistema adrenérgico é útil, enquanto mecanismo de compensação, na medida em que pode elevar rapidamente o débito cardíaco, como no exercício, na reação de luta ou fuga ou na vigência de hemorragia aguda, representando óbvia vantagem evolutiva à espécie animal que o possua; ao mesmo tempo, funciona como o principal mecanismo de compensação aguda.

 

Descargas simpáticas repetitivas podem manter normais a pressão sangüínea e a perfusão sistêmica, denotando boa estabilidade hemodinâmica. 

 

Com o progredir da disfunção cardíaca, o sistema simpático passa a ser cada vez mais ativado, porém isso logo se torna cardiotóxico; como a atividade persistente é desadaptativa, a dessensibilização miocárdica às catecolaminas talvez venha a ser um mecanismo protetor contra os efeitos deletérios mais graves, como a necrose miocárdica induzida por intoxicação pelo cálcio e produção de radicais de oxigênio livre.

 

Além dos efeitos indesejáveis citados, a nor-adrenalina causa vasoconstricção sistêmica, com aumento na resistência periférica total. Isso pode reduzir adicionalmente o débito cardíaco gerado por um coração insuficiente: todo aumento na pós-carga se reflete em maior dificuldade de esvaziamento ventricular esquerdo.

 

Além disso, aumenta a contratilidade e a freqüência cardíaca, dois determinantes do consumo miocárdico de oxigênio (MVO2). Se a reserva coronariana estiver comprometida, com tendência à isquemia miocárdica, pode haver gasto sem reposição de ATP e fosfocreatina, depleção dos estoques energéticos e adicional deterioração da performance cardíaca por falta de energia para o trabalho sistólico e diastólico.

 

Portanto, como os demais mecanismos de compensação cardiovascular, distúrbios funcionais e anatômicos envolvendo o sistema nervoso autônomo contribuem para a péssima performance hemodinâmica, para o desenvolvimento das manifestações clínicas (incluindo arritmias), para a história natural, para o curso clínico e para a mortalidade da insuficiência cardíaca.

 

Quando tolerado, o bloqueio adrenérgico inibe a regulação down e aumenta a população de receptores beta-1 no miocárdio; isso se associa a uma melhor performance cardíaca. Assim, é possível modificar a história natural intervindo na hiperatividade simpática com betabloqueadores tipo carvedilol.

 

                               

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