ACERVO |
memóriasonline
Home Novidades Acervo
|
Do
planalto abençoado para as telas do mundo : a Vera Cruz O cenário Nascia a Vera Cruz num momento muito especial da cidade de São Paulo e arredores, palco de inúmeras manifestações culturais, no bojo do processo de redemocratização do país ,com o fim do Estado Novo e da Segunda Guerra.É período de ufanismo com São Paulo alcançando a dianteira do processo de crescimento e modernização do país. É a tal São Paulo que não pode parar.É a cidade que mais cresce no mundo.Tudo parecia acontecer e dar certo naqueles anos do início da década de cinquenta. Multidões afluiam aos cinemas.As salas de exibição multiplicavam-se pelos bairros,constituindo programa obrigatório das famílias.A televisão não passava de uma ficção futurista,daquelas dos seriados de Flash Gordon,mas que em breve por aqui desembarcaria pelas mãos de uma outra espécie de cacique : Assis Chateaubriand. Todavia ,mesmo durante sua primeira década de existência (1950 - 1960 ) , a TV não constituiria concorrência para o cinema,este sim o veículo de comunicação popular das grandes massas.O cinema brasileiro da época resumia-se nas precárias comédias carnavalescas cariocas- as chanchadas-estreladas por artistas como Oscarito,Grande Otelo , Eliana Macedo,Zezé Macedo e tantos outros.O público formava quilométricas filas para acompanhar estes filmes ,recheados pelos sucessos musicais do momento interpretados pelos grandes astros dos programas de auditório.Ir ao cinema,além de tudo,era a única oportunidade de ver " ao vivo " os nomes famosos do rádio . Os irmãos Zampari Franco Zampari (1898-1966)chegou ao Brasil em 1922 , a convite de Ciccillo Matarazzo (1898-1977)seu companheiro de bancos escolares na Itália. No Rio de Janeiro foi comandar diversos empreendimentos do grupo Matarazzo.Competente administrador fez fortuna e passou a investir na sua paixão :o teatro. Vem para São Paulo e dedica-se à idéia de criação de uma companhia de teatro,constituída em nível compatível às melhores da Europa. Nasce assim em 11-10-1948 o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) .Para suprir a carência de profissionais habilitados no mercado brasileiro contrata na Itália um contingente de técnicos,cenógrafos e diretores ,que irão constituir no meio cultural paulistano a "Picolla Itália". Nomes como Aldo Calvo (autor dos painéis existentes no cine Vitória de São Caetano até a divisão em duas salas),AdolfoCeli,LucianoSalce,Ruggero Jacobbi,Flaminio Bollini,Gianni Ratto e muitos outros encontraram por aqui um amplo círculo de conterrâneos,um ambiente cultural fervilhante,uma cidade extravasando vitalidade e um horizonte profissional apontando para o infinito.Vinham de uma Itália empobrecida pela guerra e anteviam aqui oportunidades inexistentes na Europa,embora no contexto cinematográfico estivesse passando o cinema italiano pela mais profunda transformação de sua história: o neo-realismo ,um cinema pobre,feito a céu aberto,com artistas amadores e restos de filme virgem deixados pelas tropas americanas.Não era este o estilo escolhido pelos italianos que para cá vieram.Curiosamente seria o neo-realismo italiano o grande estimulador de uma corrente cinematográfica que surgiria no Brasil, no final da década de cinquenta ,e que causaria impacto mundial: o cinema novo.Surgia assim a Vera Cruz orientada para um estilo de cinema em declínio e, cuja concepção melodramática,encontrava forte concorrência da produção argentina e mexicana que ocupavam importante parcela do mercado exibidor brasileiro. 2. O cenário. Os irmãos Zampari. 3. Cavalcanti. 1951e 1952 : anos de consolidação. 4. 1953:ano de ouro. 1954: epílogo. |