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planalto abençoado para as telas do mundo : a Vera Cruz 1953:ano de ouro Em 1953 o sonho de Zampari parecia estar concretizado.O objetivo de produzir e lançar seis filmes é atingido: "Uma pulga na balança"; "A família Lero-Lero";"Esquina da Ilusão"; "Luz Apagada" e duas super produções de enorme bilheteria nacional e internacional: "Sinhá Moça" e "O Cangaceiro". Estas últimas colocariam em destaque o cinema da Vera Cruz nos exigentes circuítos europeus,além de trazer para o Brasil sua primeira grande premiação internacional,o prêmio de melhor filme de aventura no Fesival de Cannes para "O Cangaceiro". Este último era obra pessoal de uma contravertida personagem:Lima Barreto(1906-1982)um cineasta-jornalista paulista ,quase sempre desacreditado e tido por maluco pelos estrangeiros empoleirados nos estúdios de São Bernardo.Em 1952 Lima Barreto arremata importante prêmio no Festival de Veneza com seu curta metragem "Santuário" e ,conhecedor da crise que começa a rondar a empresa, convence um importante credor da Vera Cruz a pressionar a diretoria a autorizar a filmagem de seu projeto.Para fugir das críticas e dos problemas que sucediam em São Bernardo,leva toda produção para sua cidade natal,Casa Branca,no interior de São Paulo e lá fica por intermináveis nove meses, consumindo 750.000 dólares,envolvendo-se em brigas que recheavam as colunas sociais e até policiais da imprensa de São Paulo. Premiado em Cannes o filme fatura, só no mercado brasileiro; 1,5 milhões de dólares.Caberia à Vera Cruz apenas 500.000 dólares deste total,pouco mais da metade do custo do filme.A receita no exterior chegou às dezenas de milhões de dólares,foi considerado uma das maiores bilheterias da Columbia Pictures na década de cinquenta. A Vera Cruz não recebiria um dólar adicional desta receita. A comercialização internacional pertencia à Columbia que adiantara recursos para que os estúdios de São Bernardo continuassem em atividade. Assim o maior sucesso da Vera Cruz tornou-se,irônicamente,seu maior prejuízo. 1954: epílogo No auge do sucesso a Vera Cruz está financeiramnte quebrada.O mesmo acontecendo com Zampari. Acreditando na possibilidade de continuidade do projeto dispôs de sua fortuna pessoal e acabou perdendo tudo. O depoimento de sua espôsa para Maria Rita Galvão é contundente: "Nós levávamos uma boa vida(...)Nossa casa era muito grande e agradável,eu tinha tempo,gosto e dinheiro para poder levar vida de sociedade(...) A Vera Cruz foi um sorvedouro,um Moloch que consumiu tudo o que era nosso,inclusive a saúde e a vitalidade de meu marido.Ele nunca conseguiu se recuperar do golpe.Morreu amargurado,pobre e só."(1) Fustigada pela campanha movida pelos jornais e revistas de Chateaubriand, a Vera Cruz encaminha para o encerramento de suas atividades com dívida imensa. O credor principal o Banco do Estado de São Paulo assume a direção da empresa e agiliza a conclusão dos filmes em estágio avançado de produção :um policial "Na senda do crime";uma comédia "Éproibidobeijar";outroMazzaropi "Candinho" e a derradeira superprodução e grande sucesso de bilheteria "Floradas na Serra" com a principal estrela do teatro brasileiro na época :Cacilda Becker. No Natal de 1954,num modesto e decadente cinema do centro de São Paulo, o Cine Paratodos, era exibida como complemento ao filme principal,a derradeira produção da Vera Cruz,"São Paulo em Festas" documentário dirigido pelo mesmo controvertido e premiado Lima Barreto,registrando em imagens magníficas as comemorações que marcaram as festividades do 4°Centenário de São Paulo.No momento em que São Paulo atingia o auge de suas potencialidades,a Vera Cruz que seria a contrapartida cinematográfica deste processo chegara ao fim de sua aventura. 2. O cenário. Os irmãos Zampari. 3. Cavalcanti. 1951e 1952 : anos de consolidação. 4. 1953:ano de ouro. 1954: epílogo. |