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Do planalto abençoado para as telas
do mundo : a Vera Cruz

Cavalcanti

Em setembro de 1949 desembarcava no Brasil,após mais de 30 anos de ausência ,o cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti,para uma série de conferências no Museu de Artes de São Paulo.Ironicamente Cavalcanti aqui estava a convite do maior antagonista do grupo Matarazzo : Assis Chateaubriand(1891-1968)que, bem a seu modo,irá comandar campanha implacável contra a Vera Cruz através dos Diários Associados.

Cavalcanti(1897-1982) é considerado um dos maiores nomes do cinema de vanguarda europeu.Sua passagem pelo cinema documentário da Inglaterra foi fundamental e responsável pelo criativo período do pós-guerra.Sua importância está registrada nos mais renomados compêndios da história do cinema mundial. Ficaria seis anos no Brasil,os piores de sua vida como deixaria registrado posteriormente em suas memórias.

Acompanhado de Zampari e Ciccillo vem a São Bernardo do Campo para conhecer as futuras instalações da Vera Cruz,fica entusiasmado e aceita um contrato de quatro anos para ser o Produtor Geral .Seu nome, de fama internacional , transfere confiabilidade e possibilita a vinda de inúmeros técnicos europeus de renome ,que jamais imaginariam vir ao Brasil fazer...cinema.Com a Universal e Columbia Pictures,Cavalcanti adianta contratos para a distribuição mundial dos filmes que iria fazer.O diretor/produtor via com clareza a impossibilidade de, sómente o mercado interno ,cobrir os custos das produções que estavam sendo planejadas.O mercado distribuidor nacional estava oligopolizado por algumas poucas distribuidoras norte-americanas , que ficavam com quase 70% da bilheteria. Mais grave era o fato de uma entrada de cinema na época custar pouco mais de 5 centavos de dólares(hoje custa em média 5 dólares,ou 100 vêzes mais), fruto da política populista de Getúlio Vargas ,de levar o maior número possível de pessoas aos cinemas,onde nunca faltava o obrigatório cinejornal enaltecendo as realizações do caudilho gaúcho.

A passagem de Cavalcanti pela Vera Cruz seria rápida e tumultuada,dois filmes concluídos no período de um ano:"Caiçara" e "Terra é Sempre Terra"e uma produção em andamento : "Ângela". Brigas constantes com Carlo Zampari- a quem acusava nada entender de cinema.Acusações de ser perdulário e perfeccionista extremado levaram à demissão.Abilio Pereira de Almeida comentava ,com humor,o fato de ter repetido 40 vêzes uma cena perigosa que jamais ficou como queria Cavalcanti e o fato de seus filmes consumirem 80.000metros ,quando a média era de 6.000 metros. Amargurado e revoltado Cavalcanti monta sua própria produtora -Kino Filmes-que após dois filmes acaba falindo. A crise com a saída de Cavalcanti em 1951,é a primeira de uma série que acompanhará a "fábrica de sonhos" até seu fechamento em 1954.

1951e 1952 : anos de consolidação

O lançamento das duas primeiras produções da Vera Cruz produz grande impacto junto ao público e à crítica. Esta última divide-se entre os chamados "conservadores" que elogiam a qualidade técnica e a temática universal dos filmes.Por outro lado os "progressistas" denunciam a falta de estilo,típica de uma produção industrial num meio não preparado para tal e,mais grave,um total distanciamento da realidade brasileira. Num único ponto todos concordavam,o salto técnico era impressionante.Pela primeira vez assistia-se a um filme nacional com qualidade técnica elevada.O espectador finalmente entendia e conseguia ouvir com clareza as falas de artistas brasileiros.

Em 1952 vamos encontrar a Vera Cruz funcionando com plena capacidade,lança no mercado cinco filmes: uma super produção que levou mais de um ano de filmagem :"Tico-Tico no Fubá" com Anselmo Duarte e Tonia Carreiro.O sucesso foi enorme, o retorno de bilheteria compensador. Dois filmes baratos contando com o carismático Mazaroppi-"Sai da Frente" e "Nadando em Dinheiro"-deram grande lucro e apontava um gênero que se devidamente explorado poderia resultar em grande sucesso : o personagem brasileiro típico,o caipira imigrante e os desacertos com a vida metropolitana.O filão não foi explorado,os estrangeiros da Vera Cruz não entendiam o humor de Mazzaropi ,não achavam graça nas expressões e falas que levavam a platéia ao delírio e,acima de tudo, repudiavam as constantes improvisações do ator em cena, fato impensável num produto industrial milimétricamente planejado. Os outros dois foram "Apassionata" e "Veneno" , típicos dramalhões influenciados pelas radionovelas e pelos lacrimejantes filmes que o cinema mexicano,italiano e argentino despejavam em nosso mercado.

Os elevados custos de produção,os contratos milionários,os longos períodos de filmagens,a distribuição dos filmes nas mãos da concorrência,tudo sinalizava para o insucesso da empreitada.Mas num curto prazo ,e por um período de dois anos , a emprêsa chegaria ao apogeu.

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1. Introdução.  As origens.

2. O cenário.  Os irmãos Zampari.

3. Cavalcanti. 1951e 1952 : anos de consolidação.

4. 1953:ano de ouro. 1954: epílogo.

5. A herança. Notas.