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‘Hollywood brasileira’ foi feita de talentos

Mônica Santos (Diário do Grande ABC)

No início, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz não economizou nenhum centavo para que pudesse se transformar na Hollywood brasileira. Além de importar equipamentos, técnicos e diretores estrangeiros, contratou os mais importantes atores brasileiros na época.

As histórias isoladas, de nomes como Anselmo Duarte, Tônia Carrero, Eliane Lage, Alberto Ruschel, Marisa Prado e Mazzaropi, entre tantos outros, fazem parte de todo um processo de criação e inovação, que ficou registrado na trajetória da Vera Cruz e teve o poder de levar ao estrelato até mesmo um cão (leia reportagem nesta página). Anselmo Duarte já era ator quando chegou aos estúdios de São Bernardo. Havia sido contratado pela Atlântida em 1947, e se preparava para estrear na direção, mas trocou o Rio por São Paulo devido a uma proposta milionária. Na Vera Cruz atuou em quatro filmes – Veneno, Appassionata, Tico-Tico no Fubá e Sinhá Moça. Nos dois últimos, teve os papéis de maior destaque, ao viver, respectivamente, Zequinha de Abreu e o advogado Rodolfo.

Com o fim da Vera Cruz, Duarte atuou como roteirista e escritor, antes de estrear como diretor em Absolutamente Certo, com grande sucesso de público e crítica. No entanto, seu maior sucesso ainda estava por vir. Era O Pagador de Promessas, que em 1961 conquistou cinco prêmios internacionais, com destaque para a Palma de Ouro, em Cannes, França, e a indicação ao Oscar de 1963. Duarte ainda fez outros filmes e, em 1997, recebeu um prêmio especial no Festival de Cannes.

Quem dividia os papéis de galã com Duarte era Alberto Ruschel – também muito visado pelo público feminino na época. Ruschel iniciou carreira artística como cantor, mas sua estampa o levou ao cinema em 1947, quando estreou em Este Mundo É um Pandeiro. Sempre atuando em papéis fortes e de alto teor dramático, ele acabou contratado pela Vera Cruz em 1951 e, a partir daí, sua carreira deslanchou.

Participou de Ângela e Appassionata, entre outros filmes, mas sua consagração veio com o papel de Teodoro, em O Cangaceiro. Fora da Vera Cruz, Ruschel fez outros filmes antes de morrer, aos 77 anos, em 1996. Entre as estrelas também figura Renato Consorte, não só pela qualidade, mas pela quantidade de filmes que fez na Vera Cruz. Consorte iniciou carreira de ator no TBC e em 1949 participou da criação da Vera Cruz, na qual fez de tudo um pouco. Sua estréia no cinema foi em 1950, em Caiçara. Acabou atuando em praticamente todos os filmes produzidos no estúdio, que ao lado de outros trabalhos, perfazem um total de 40 atuações no cinema. Atualmente, ocupa um cargo no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, e faz participações esporádicas no teatro e no cinema, além de ser um dos principais incentivadores da preservação da memória da Vera Cruz.

Tico-Tico no Fubá – Entre as atrizes, impossível não citar Tônia Carrero. Ela estreou no cinema em Querida Suzana, em 1947, ao lado de Anselmo Duarte, mas logo em seguida foi com o marido Carlos Thiré para a Europa. Ao voltar ao Brasil, sua intenção era trabalhar no TBC – o que faria mais tarde –, mas acabou impedida por Cacilda Becker, que então era apaixonada pelo italiano Adolfo Celi, seu segundo marido. Então, Tônia entrou para a Vera Cruz, atuando em Tico-tico no Fubá.

Na companhia, ainda participou de outras duas produções: Appassionata e É Proibido Beijar. O pequeno número de filmes, no entanto, não impediu que ela fosse sempre lembrada como um dos maiores talentos do cinema brasileiro. Já Eliane Lage, ainda hoje desconhecida por boa parte do público, tem seu nome cravado na história do cinema brasileiro. Ela nunca havia pensado em se tornar atriz, até conhecer o diretor Tom Payne (que mais tarde tornou-se seu marido). Foi Payne que insistiu para que fizesse um teste na Vera Cruz. Aprovada, participou de Caiçara, Terra é Sempre Terra, Ângela e Ravina, mas seu maior sucesso foi, sem dúvida, como a protagonista de Sinhá Moça. Os poucos filmes foram suficientes para comprovar seu talento e o título de a Greta Garbo de Vera Cruz.

Eliane abandonou o cinema em 1958, recusando vários convites, e trocou a vida glamourosa pelo interior do Goiás, onde foi criar gado e cuidar das filhas, ao lado de Payne, de quem se separou anos mais tarde. Ainda passaram pelos estúdios da Vera Cruz muitos outros nomes que fizeram carreira no cinema e no teatro brasileiros. Entre eles, não poderiam deixar de ser citados Cacilda Becker e Amácio Mazzaropi. Ela esteve em Floradas na Serra, o segundo e último longa-metragem do qual participou em toda sua carreira.

Já Mazzaropi, rodou nos estúdios de São Bernardo três filmes: Sai da Frente, Nadando em Dinheiro e Candinho – neste último criou seu personagem definitivo, o típico caipira paulista que impulsionou sua carreira e fez história. Ilustre anônima – Com a instalação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo, um sonho fantástico passou a fazer parte dos habitantes do Grande ABC.

Todos, claramente ou às escondidas, queriam fazer parte do atraente mundo do cinema. Muitos tentaram o estrelato, mas apenas Olga Castenaro o alcançou. Olga, que trabalhava numa tecelagem, tentou a sorte e candidatou-se a um teste, com a vantagem de que havia sido eleita a Rainha da Primavera de São Bernardo, no fim da década de 40. Acabou aprovada e a primeira providência da jovem, que morara com os pais e irmãos, foi escolher um nome artístico. Tornou-se, então, Marisa Prado, que estreou em Terra é Sempre Terra.

Os filmes produzidos nos primeiros anos não atingiram o sucesso esperado pelos produtores, mas independentemente disso, os atores ganharam nome e destaque. Não foi diferente com Marisa, que no ano seguinte atuou em Tico-tico no Fubá, ao lado de Duarte e Tônia. Ela também esteve em O Cangaceiro, o primeiro sucesso internacional da Vera Cruz, e em Candinho, entre outros.

O sucesso no cinema nacional não foi suficiente para segurar a estrela em ascensão. Marisa recebeu propostas para atuar no cinema europeu, partindo então para a Espanha, em 1954. Lá, participou de vários filmes, entre eles Orgulho (Manuel Mur Oti) e Tarde de Touros (Ladislau Vadja), mas não conseguiu obter o êxito obtido em sua curta carreira brasileira. Marisa morreu em 1982, na cidade do Cairo (Egito).

Fonte: Diário do Grande ABC (www.dgabc.com.br)


1. Vera Cruz foi fundada em um sítio

2. ‘Hollywood brasileira’ foi feita de talentos

3. Cavalcanti trouxe técnicos estrangeiros para os estúdios // Matarazzo, Zampari e Chatô criaram o mecenato moderno 

4. Carybé desenhou ascenas da produção // Cachorro Duque chegou a ganhar mais que astros // ‘O Cangaceiro’ consagrou companhia

 

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