ACERVO 

memóriasonline

AG00003_.gif (10348 bytes)

Home
História - 1
História - 2

Novidades
Reportagem
Editorial
Coluna do Ísola
Boletim Filmografia

Acervo
Bibliografia
Arquivo
Links
Créditos
Release

Contatos

mail.gif (4196 bytes)Fale com Memórias On Line

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carybé desenhou as cenas da produção

Mônica Santos

A história do artista plástico argentino Carybé (1911-1997) passa pelos estúdios da Vera Cruz. Foi ele que, ao lado de Pierino Massenzi, criou os cenários e figurinos para O Cangaceiro. Dizem que chegavam a queimar e desfolhar árvores para aproximá-las das paisagens nordestinas. Mas Carybé fez ainda mais: ele se tornou o primeiro e único desenhista de produção do cinema nacional.

Um dia antes de cada filmagem, ele desenhava todas as cenas em várias angulações, para que os atores pudessem visualizar o que desejava o diretor Lima Barreto. Foram mais de 1,6 mil desenhos, muito rústicos, mas responsáveis pela qualidade das cenas rodadas em tão pouco tempo.


Cachorro Duque chegou a ganhar mais que astros

Mônica Santos

Entre as principais estrelas da Vera Cruz figura também um cão. O pastor alemão Duque, nascido no Rio Grande do Sul em 1947, foi adestrado por seu dono Jordano Martinelli para guardar cargas.

A sorte brilhou para Duque em 1950, quando caiu nas graças da equipe da Vera Cruz durante as tomadas externas de Terra é Sempre Terra, feitas no Sul do país. O cão foi contratado e estreou nas telas em 1951, em Ângela. Porém, foi no ano seguinte, ao lado de Mazzaropi, com Sai da Frente, que ele roubou a cena e se transformou no cachorro mais famoso do cinema nacional – consta que ganhava mais que muitos artistas famosos da época.

Campeão de adestramento, Duque se tornou símbolo da Escola para Cães Duque, que seu dono fundou em 1955, em São Bernardo. Também atuou em Nadando em Dinheiro, Uma Pulga na Balança (ambos de 1953), Candinho (1954), A Carrocinha (1955), Ravina (1958), e em O Vendedor de Lingüiças (1962).

O cão mais famoso do cinema brasileiro morreu aos 18 anos, em 1965, não sem antes deixar uma nova geração sua no canil de Martinelli (morto em 1990). Alguns de seus descendentes trabalharam na TV, como o Lobo, astro da série Vigilante Rodoviário.


‘O Cangaceiro’ consagrou companhia

Mônica Santos

O nono trabalho realizado nos estúdios Vera Cruz, O Cangaceiro, de 1953, entrou para a história do cinema como uma obra-prima. A fita, com argumento e direção de Lima Barreto, é baseada na aventura de Virgulino Ferreira, o Lampião, mais famoso cangaceiro do Nordeste nos anos 30. O filme, que mostra o conflito entre dois cangaceiros por conta de uma professora raptada a quem um deles pretende libertar por amor, tornou-se um clássico.

A história escrita por Barreto mescla reminiscências dos faroestes norte-americanos com a Guerra de Canudos, descrita por Euclides da Cunha. O roteiro foi aprovado pela Vera Cruz após Barreto vencer as resistências do produtor Alberto Cavalcanti e de Franco Zampari, o fundador da empresa. Em meio a dificuldades materiais e sob as pressões dos produtores, Barreto completou O Cangaceiro em menos de seis meses. No elenco, estão Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton Ribeiro, Vanja Orico, Adoniran Barbosa, Neusa Veras, Zé do Norte e Ricardo Campos.

As cenas foram todas rodadas em Vargem Grande, no interior de São Paulo, onde a equipe recriou o agreste nordestino. Porém, os cenários e figurinos de Pierino Massenzi e Carybé (leia reportagem nesta página) e a atuação dos atores conferiram à fita a qualidade necessária para se projetar internacionalmente. Mais que isso. O Cangaceiro consagrou toda a produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz no exterior, além de ganhar os prêmios de melhor filme de aventuras e melhor partitura musical no Festival de Cannes, em 1953. O motivo é simples: ao retratar a história de Lampião, Barreto apresentou ao mundo o faroeste nordestino brasileiro, uma temática até então inédita.

O sucesso do filme, no entanto, não beneficiou os cofres da Vera Cruz. Todo o dinheiro de bilheteria ficou com a norte-americana Columbia Pictures, que comprou o filme para distribuição no país e no mundo. Foi a mesma distribuidora a responsável por uma mudança no final da história nas cópias exibidas na Europa e nos Estados Unidos. Por exigência das autoridades locais, o bandido teve de morrer no final. Barreto realizou então uma cena para a versão estrangeira, na qual o vilão Capitão Galdino morre após liquidar o herói Teodoro.

Fonte: Diário do Grande ABC (www.dgabc.com.br)


1. Vera Cruz foi fundada em um sítio

2. ‘Hollywood brasileira’ foi feita de talentos

3. Cavalcanti trouxe técnicos estrangeiros para os estúdios // Matarazzo, Zampari e Chatô criaram o mecenato moderno 

4. Carybé desenhou ascenas da produção // Cachorro Duque chegou a ganhar mais que astros // ‘O Cangaceiro’ consagrou companhia

 

• [volta] •