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"O
Brasil é o meu público"
Veja - Sente saudade do teatro?
Mazzaropi - Oh, se sinto. Mas de vez em quando dá pra matá-la. Faço alguns shows beneficientes em circos e teatros do interior. Veja - Representando coisa séria? Ou vivendo o caipira Mazzaropi? Mazzaropi - É muito difícil separar um do outro. Eu já fiz teatro sério: interpretei "Deus lhe Pague" e "Anastácio", de Juracy Camargo: "Era uma vez um Vagabundo", do Wanderlei, e várias peças do Oduvaldo Viana. Em todas elas eu sempre fui Mazzaropi. Não interessa se fazia o público rir ou chorar. Ele sempre estava vendo o Amzzaropi, pois eu não posso mudar meu jeito de rir, falar, olhar. Veja - Você vai muito ao teatro? Mazzaropi - Sim, bastante. Veja - O que pensa do novo teatro, do palavrão, do nu? Mazzaropi - Não tenho nada contra ele. Pelo contrário, até gosto das peças que tem nu, palavrão, mas quando eles vêm por necessidade, por decorrência da própria história. Não do palavrão, do nu forçados. De um punhado de gente pelada se esfregando maliciosamente pelas paredes do teatro: do sensacionalismo para ganhar público. No início, eles vão conseguir encher os teatros - é certo. Mas e depois, este público volta? Não, claro que não volta. Nem a minoria que vai ao teatro consegue aguentar ficar vendo gente pelada e ouvindo palavrões o tempo inteiro. Calculem a população de São Paulo e façam uma relação do número de teatros que nós temos e vejam quantos estão cheios. Vejam quantos lugares têm esses teatros - e verão que a frequência é mínima. O grande público fica em casa. Aceita Chacrinha, Sílvio Santos, Hebe Camargo, vê televisão. Vai ao cinema ver os meus filmes e depois eu passeio pelas ruas e ouço um pai de família: "Mazzaropi, seus filmes são ótimos. A gente pode levar a família para assisti-los". Já imaginaram se eu aparecesse pelado para esse público? Ele nunca mais iria me assistir no cinema. Veja - Você falou na aceitação da televisão. Por que não volta a fazer? Mazzaropi - Já tenho muito trabalho com a Pam-Filmes. Faço um filme por ano - mas ele dá um trabalho! Cinco meses de preparação de roteiro, cenário, etc. Dois meses para filmar. O resto é problema de distribuição. Não dá para fazer mais nada. E não estou mais na idade de ter patrão. Tenho meu negócio, trabalho a hora que quero. Não dou satisfação a ninguém. Na TV eu iria ter patrão. Veja - Mas você gosta de televisão? Mazzaropi - Oh, se gosto. Assisto sempre. Tudo que consegue se comunicar com o público me fascina. Gosto do Sílvio Santos e da Hebe, principalmente. Eles vieram do nada como eu. Ganham dinheiro para divertir o público, e divertem. Não adianta nada a crítica chamar a Hebe de burra. Ela nunca disse para ninguém que era professora. Não adianta dizer que ela só fala bobagens - o público gosta do que ela fala. E quem manda é o público. Veja - Tem planos para o futuro? Mazzaropi - Sim, continuar fazendo filmes até morrer - é a única coisa que sei fazer na vida. Quero morrer vendo uma porção de gente rindo em volta de mim. 1 - Introdução - Amácio Mazzaropi 2 - Mazzaropi - História de vida 3 - Cinema e Filmes
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