cultura e ciência

A produção cultural, seja nas artes ou na ciência vem  sofrendo alterações importantes, impulsionadas pelo rápido e enorme desenvolvimento da tecnologia nas últimas três décadas. Analisaremos estes efeitos, sem discriminá-los totalmente dos anteriormente examinados na economia, seguindo o percurso de David Harvey (1992), através das alterações produzidas pela nova etapa de compressão tempo-espaço das últimas décadas, cujo impacto desorientado e disruptivo tem se feito notas sobre as práticas socio-culturais. O mercado da produção de imagens, que vem a substituir a preocupação pela própria mercadoria, levou ao que se pode chamar de indústria do simulacro, uma cópia tão perfeita que não se pode distinguir do original. A cultura de massa, na qual a volatilidade é uma das características fundamentais, produz e destrói com igual rapidez autores e reputações, assim como valores consumíveis para o momento. O passado, como o futuro, tornam-se peças de um presente fragmentário, onde seu valor está representado pela capacidade de inserir mais um símbolo num universo atemporal de outros tantos.

Isso porém não resume tudo: surge também um interesse por tudo aquilo que possa trazer um sentimento de verdade eterna à efemeridade. O revivalismo religioso, o retorno do interesse por instituições básicas (familia e comunidade), assim como a busca de raízes históricas são indício desta necessidade de algo fixo. "A casa se torna um museu privado que protege do furor da compressão do tempo-espaço."(Harvey, 1992) Assim, também o interêsse por pseudoteorias que "transcendem o mundo", que prometem uma estabilidade através dos tempos, como a psicoterapia transpessoal, ou da regressão a vidas passadas. As abordagens holísticas em geral sugerem uma identidade pessoal sem fronteiras de tempo e espaço.

A instantaneidade nas comunicações, proporcionada pelos satélites, que reduziram drasticamente os custos, assim como tornaram insignificantes as distâncias, a queda dos custos dos transportes, pela conteinerização, a televisão de massa, que permite a colocação simultânea na tela da sala de estar da classe média um acontecimento local e um do outro lado do mundo, a guerra no Oriente Médio e a queda da bolsa em Tóquio, assim como nos coloca presentes a uma expedição para a recuperação dos destroços do Titanic, no fundo do mar. A Copa do Mundo ao vivo, as Olimpíadas, o assassinato de um ditador, tornam as imagens banais e efêmeras e os acontecimentos de uma época não mais que produtos da mídia, que se distribuem na medida das exigências e demandas de consumo, criadas em boa parte pela própria mídia.

Tudo isso, pode, como afirmou o pós-estruturalismo francês, ter determinado a "morte do sujeito", que tem como conseqüência a incapacidade de pensar a si-mesmo. Pode-se pensar entretanto, por caminhos diferentes. Talvez a "proliferação pós-moderna de sinais e imagens do mundo possa determinar uma transmutação radical nas estruturas profundas da subjetividade humana, talvez isso marque um ponto positivo entre identidade e política, a criação de um espaço reflexivo e discursivo para o mapeamento da autonomia individual e coletiva (Elliott, A, 1995, p. 320).

 O psicoterapeuta tem que considerar estas duas possibilidades ao pensar sua prática para os tempos atuais. Muda o sujeito, muda o objeto e muda a técnica, impossível separar um do outro.

 

 a clínica nos tempos pós-modernos


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