VERAS

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  Em abismo  

 

 

«E a isto chamam viver!...

Que horrenda ironia!...»

Luiz Murat

 

 

 

 

Estou rojado ao báratro, ao abismo

enorme, escuro — perigosa Cila!

Junto a minha alma existe o ceticismo

e o desespero agita a minha argila.

 

 

 

 

Sofro atroz mágoa, acérrimo tormento!

A tudo que me cerca, a tudo, a tudo,

em ânsias interrogo e atento estudo,

a suspirar em pertinaz lamento.

 

 

 

 

E nesta escuridão do feio pego

em que rojado estou nos claros pinos

quero subir!... Porem, se esforço emprego,

sofro ânsias, pesares, desatinos.

 

 

 

 

E vivo sempre assim! Não!... Não é vida

sentir em tudo palpitar o engano,

tristemente afastado do oceano

da ventura sonhada e apetecida.

 

 

 

 

Distante do prazer, longe da crença,

vendo além o ideal distanciado,

desejo ao nada ser já, já lançado,

pois ele só tais mágoas me compensa.

 

 

 

 

Mas, se me volveres teus olhares,

astros, talvez fanais de nova Crença...

então aspirarei a vida extensa,

lendo Evangelhos... e beijando altares...

 
 

 

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