VERAS

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  ABELHEIRAS  
 
 

A LOPES DE AZEREDO

 

 

 

 

Estava uma abelheira em meio ao monte,

numa caverna estreita, onde se erguia,

a boca hiante em frente do horizonte.

Saiam dela abelhas em colheita

de mel, destras, aladas, peregrinas

e além, pelo vergel, longe voavam;

e, travessas, aéreas, pequeninas

iam umas e então outras voltavam.

 

 

 

 

Na caverna do peito, a humanidade

possui o coração que é — uma abelheira.

Habitam-na com toda liberdade

abelhas — esperanças. Da maneira

daquelas, vão, também, volúveis, estas:

Umas alam seu vôo e vão embora,

enquanto que outras chegam leves, lestas,

e entram cantando música sonora.

 

 

 

 

Há ainda um outro ponto semelhante

nas moradas de abelhas diferentes:

É ele uma anomalia cruciante

que apenas traz tristezas inclementes:

A abelheira de barro sói, perfeita,

ficar sem uma abelha, abandonada —

também a que nós temos entre o peito

de esperanças sói ser desabitada.

 

 

 

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