VERAS

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  No campo santo  

 

 

 

De um lado, triste, lúrida, vetusta,

a mata, a extensa mata,

de arvores verdes, vê-se tão funesta!...

Oh que silencio!... Que mudez augusta!...

Diante dessa vista, assim tão mesta,

nossa alma fica abstrata.

 

 

 

 

Fora, a campina vasta, toda flores

cheias de cor e aroma;

florinhas roxas que ali são colhidas,

só para ornarem os exteriores

das pobres campas — úmidas jazidas,

que o tempo e o verme broma.

 

 

 

 

Queixas e prantos saem de almas revoltas

de filhos na orfandade

e vagam para sempre no infinito.

Que liturgias para o céu vão, soltas!

Que culto triste! Que funéreo rito!

É o rito da saudade!

 

 

 

 

Suspira o vento, ao agitar as ramas

finas que o vento entorta,

de altos ciprestes, tristemente esguios.

Triste suspiro, de onde é que dimanas?

pergunta a alma da gente, em calefrios,

que a dor já não suporta.

 

 

 

 

Quando, na tua paz, ó Campo Santo,

eu tanta queixa escuto,

com a liturgia triste do cipreste,

a vista sinto rorejada em pranto

e minha alma de tédio se reveste,

reveste-se de luto.

 
 

 

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