VERAS

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  No capão  

 

 

 

Recesso grato que me atrai e prende!

Belo retiro, florida paragem!

Gosto de ouvir, na lúrida folhagem,

doces canções, que o vento agita e ascende.

 

 

 

 

Tua cascata rumoreja, rindo,

das harmonias límpido tesouro.

Ah, que prazer eu sinto ali a ouvindo,

à tarde, quando o sol tem raios de ouro!

 

 

 

 

Fito a queda das águas cintilantes,

esmaltadas de luz do sol ao ocaso

e penso ver caindo de brilhantes

uma caudal da altura ao solo raso.

 

 

 

 

Ali há cantos garridos das aves,

perto na selva um rumor de festa.

Numa virente sebe em trenos graves,

soluça um sabiá, Poe da floresta.

 

 

 

 

Aquela bronca e esconsa penedia,

que o musgo enastra em lúridos lavores,

já viu, de certo, Ipeca fugidia,

qual flor errante a ver as outras flores.

 

 

 

 

Correm meandros de água na verdura,

sob a alfombra em uns áditos secretos;

bailam por cima, cheios de candura,

bandos de borboletas, irrequietos.

 

 

 

 

És, ambiente belo e perfumoso,

convidativo a Náiades e a Ninfas

de colos nus a despertar-nos gozo

em cimbas áureas sobre a flor das linfas.

 

 

 

 

A frauta rude aqui bem soaria,

inda melhor a apaixonada avena.

Aqui a alma do artista se extasia,

sem a tortura atroz de uma só pena.

 

 

 

 

Em Maio tens risonha florescência,

brotos florais, palpitações de vida;

em Maio vaga em ti mais doce essência

e ao amor aqui tudo nos convida.

 
 

 

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