Vida e Obra de Bernardo Guimarães
  poeta e romancista brasileiro [1825-1884 - biografia]

 
HOME | ISAURA ROMANCES | POESIAS | DOWNLOADS | PREFÁCIOS | CARTAS
  LIVRO 'ROMANCISTA DA ABOLIÇÃO' | CAUSOS | BG DE CADA UM | BG DIVERSOS
  DESCENDENTES | GENEALOGIA |
CURIOSIDADES | CONTEMPORÂNEOS DE BG
  ICONOGRAFIA | BLOG | EXPEDIENTE |
DEU NA MÍDIA | E-MAIL | LINKS

   

Filhos de BG
Pedro B. Guimarães
Horácio Guimarães
Afonso Guimarães

Netos
Alphonsus de Guimaraens  (sobrinho)
José Guimarães Alves
Armelim Bernardo Guimarães

Bisnetos
Alphonsus de Guimaraens Filho (sobrinho)
Mª Ap. Guimarães A. Palma [Mariah]
Isabel Teresa Guimarães Alves
Lívia Alves Guimarães
Rúbio Gama Alves

Trinetos
Maria Fernanda Alves Guimarães
André Nigri
João Bernardo Guimarães
Juliana Rennó Bernardo Guimarães
Marcelo Guimarães


Parentesco dos Guimarães
com os Guimaraens




Depoimento de descendente
Alphonsus de Guimaraens Filho (1920), sobrinho-bisneto 


O meu tio Bernardo (*)

O meu tio Bernardo,
cruzando tais paragens há cem anos,
mais de cem anos, viu subitamente
transmudar-se o que era
ermo, somente o ermo, e na valada
linda cidade branquejando.
"Aí murmurará a voz de um povo",
num verso registrou.

Estou a vê-lo daqui, de austeras barbas
e chapéu sertanejo, surpreendendo nos rios
torres, palácios, coruchéus brilhantes.
E a tudo, a tais visões,
e à paisagem em que seus olhos tinham
a paz, total, do ermo, a tudo envolvia
a especialíssima ternura bernardina,
a que nunca faltou sabor e o frêmito
de lendas, costumes, solidão dos campos,
de cantigas do povo, e do ponteio

longínquo (dir-se-ia que inaudível
de tão longínquo)
de uma viola...

 

No Catetinho (*)

Ali no Catetinho há olhos d'água
bosque em que a sombra como que reluz.

Do Catetinho foi que Juscelino,
como o terno Bernardo, imaginou

ao longe uma cidade se espraiando.
Qual não teria sido o sentimento

que o dominou na solidão completa
deste planalto! Pois que ontem, agora,

ao longe se ergue a que ofegante alma
adivinhou, ao grande descampado

fluindo em brisa e luz, transluminosa
e docemente branquejando como

bando de garças. (Foi assim que um dia,
pitando o seu cigarro do mais puro

fumo goiano, o meu tio Bernardo
dentro do coração te adivinhou.)

 

(*) Em Ao Meu tio Bernardo e No Catetinho, AGF remete ao poema O Ermo, no qual   Bernardo Guimarães teria antevisto a construção de Brasília.  Ambas as poesias, do   livro Ao Oeste Chegamos, foram escolhidas em 14 de setembro de 1998 pelo próprio autor e pela  "muita querida Hemyrene", sua mulher, para constar deste  site. Agradeço aos dois. (PRL)