Depoimento de
descendente
Isabel Teresa
Guimarães Alves (Bebel), bisneta
Estou
muito contente porque pela primeira vez entro na Internet e com tema tão
agradável: meu bisavô Bernardo Guimarães, a quem me sinto muito ligada através
de meu nome: Isabel Teresa. Isabel foi o nome escolhido por meu pai para
homenagear sua mãe, filha de Bernardo Guimarães, a qual faleceu prematuramente,
aos 42 anos, deixando oito filhos.
Ainda a meu nome foi acrescido Teresa, mulher
de B.G., que também ficou viúvo prematuramente, mas conseguiu com bravura e
energia criar seus filhos e depois os netos, filhos de Isabel.
Posso imaginar a
determinação e coragem de vovó Teresa para tarefa tão difícil, principalmente
quando não se tem recursos suficientes. Mas conhecendo os fatos de sua vida,
acredito que essa segurança e determinação já se manifestaram desde sua mais
tenra idade.
Conta-se que ela quando uma
jovenzinha com quase 17 anos, em Ouro Preto, sua cidade natal, à janela da Rua
São José, com sua irmã Germana, vaticinou:
--Aquele que está passando
sob nossa janela é o autor do livro que estou lendo, Cantos
da Solidão, o famoso poeta Bernardo Guimarães. É ele o homem com quem vou
me casar.
Realmente, em 15 de agosto de
1867, casou-se na Igreja de São José, em Ouro Preto, Bernardo Joaquim da Silva
Guimarães, o até então solteirão de 42 anos, com a jovem Teresa Maria Gomes de
Lima, com apenas 17 anos, dando início a uma grande família.
Sempre me interessei por
conhecer fatos e dados de meus antepassados e, assim, procurei tomar conhecimento
da biografia e obra de Bernardo Guimarães. Dessa maneira, pude perceber seu
talento e sua viva inteligência, observando as diversas facetas de sua
personalidade peculiar:
Seu patriotismo, tomando parte
ainda adolescente, nas tropas legalistas da Revolução Liberal de 1842.
Seu lado irreverente, revelado durante sua
juventude acadêmica na famosa faculdade das Arcadas em São Paulo (1847-1851), ao
lado de seus grandes amigos Álvares de Azevedo e Aureliano Lessa, trio
inseparável, que deu origem ao famoso Triunvirato.
Seu romantismo exacerbado, próprio da época
através dos belos diálogos dos casais.
Seu talento e segurança como professor de
português, latim e francês em Ouro Preto e Queluz de Minas Gerais.
Seu poder descritivo, mostrando regionalismos e
costumes das tribos indígenas, em várias obras.
Seu lado artístico, não apenas literário, mas
musical e plástico, como tocador de violão e flauta, criando partituras, e como
hábil entalhador, esculpindo peças de madeira, como nos revelou seu filho, nosso
tio-avô Pedro Bernardo Guimarães, numa visita à nossa casa, na rua Afonso de
Freitas, São Paulo.
Sua posição abolicionista, na obra mais famosa, A
Escrava Isaura, demonstrando coragem e entusiasmo pela causa, cuja lei só
iria acontecer em 1888, portanto, quatro anos após sua morte.
Sua visão profética, em O
Ermo, antevendo uma grande e moderna cidade no planalto central, onde só em
1960 seria erguida Brasília.
Seu lado jornalístico,
atuando como redator do jornal Atualidades, quando residiu no Rio de Janeiro
(1855-1857) e mais tarde como repórter do Senado F federal, junto ao seu amigo
Machado de Assis.
Sua altivez, renunciando ao
título oferecido por D. Pedro II. O Imperador visitou Ouro Preto em 1881 e quis
oferecer-lhe o título, encarregando-o de escrever uma "História de Minas
Gerais" (obra não concluída, devido à sua morte). Esta foi a resposta dada
ao monarca: " — De que vale um barão sem baronato?"
Seu ponto-de-vista arguto,
apresentando em numa de suas jocosas composições poéticas um parecer para a
Assembléia Provincial de Minas Gerais, em 1883, a respeito do estranho nome da Freguesia
de Madre-de-Deus-do-Angu.
É com muito entusiasmo e
emoção que faço este registro, acreditando no fabuloso poder de comunicação
da Internet, possibilitado estabelecer um intercâmbio de informações sobre
B.G., tornando sua vida e sua obra mais conhecidas.
Nesta oportunidade, agradeço
a iniciativa do meu sobrinho, o jornalista Paulo Roberto Lopes,
que deu começo ao assunto, criando este website e solicitando
colaborações.
Voltarei em
breve! |