Guerra do Paraguai

Aspecto da Guerra do Paraguai

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              Na tentativa de interromper o progresso dos aliados, López ordenou um vigoroso assalto dirigido às linhas de comunicações aliadas. Com este propósito determinou um ataque sobre cidadela de Porto Alegre, no lado oposto do rio em Paso Gomez. O objetivo era cortar as linhas de comunicações aliadas e, principalmente, capturar todo material bélico possível, como os preciosos canhões Withworth; e alimentos. López não intecionava manter a posição depois de tomada, mas meramente destruí-la. Uma força de oito mil homens marchou durante a noite para as proximidades das linhas inimigas, cruzou o Bellaco, pela passagem de Yataity Cora, ao quebrar do dia e imediatamente investiu contra o campo aliado: a cavalaria atacou as fortificações pelo lado direito, enquanto a infantaria as trincheiras que cobriam o campo em frente. Após a fatal ordem, os soldados entraram no campo aliado com a ordem de destruir, tomar e carregar tudo o que pudesse. No amanhecer do dia 3 de novembro,
              "os paraguaios marcharam em passo duplo silenciosamente, encontrando os inimigos adormecidos. No momento em que alcançaram a primeira linha de trincheira dois tiros foram dados e houve mais algumas descargas de musquete apenas. A infantaria varreu tudo que encontrou diante dela, colocando fogo a medida que ia progredindo e explodiu, inclusive, o depósito de pólvoras. A segunda trincheira foi tomada com a mesma facilidade. Após estes sucessos, a tropa paraguaia debandou, como López tinha ordenado e começou o saque, a pilhagem e a destruição. Porto Alegre atuou bravamente, mas não os seus soldados, mesmo assim conseguiu juntar alguma tropa para defender a cidadela, que naquele momento estava apavorada e atônita. Os paraguaios desordenadamente atiravam contra eles conseguindo matar e ferir muitos. Os paraguaios saquearam todo campo, até que finalmente os brasileiros e argentinos vieram em socorro a Porto Alegre e massacraram muitos paraguaios que tentavam sair com o produto do saque. Os cavaleiros paraguaios atuaram com distinção no ataque a cidadela, conseguindo chegar nas trincheiras localizadas em volta das fortificações quase sem ser notados e neste ponto desceram dos cavalos, sem camisas, com espada na mão, escalaram as trincheiras e a seguir atacaram três fortificações e colocaram fogo no acampamento. No primeiro alarme do ataque paraguaio, grande reforço da cavalaria Aliada foi despachada do campo central do exército Aliado em Tuyucué e ao chegar na cidadela travaram heróico combate contra a cavalaria atacante, no momento em que eles tinham tomado as fortificações do acampamento. A cavalaria aliada investiu decisivamente sobre a cavalaria paraguaia em um combate corpo-a-corpo que durou mais de uma hora, até que os paraguaios bateram em retirada. Toda luta cessou às 9 horas". – P.231-33.
              Os atacantes conseguiram capturar e levar para suas linhas 14 canhões de diferentes calibres, incluindo um Whitworth de 32 libras, mas deixaram no campo de batalha 1200 homens mortos ou gravemente feridos, além de muito outros, que apesar de feridos, conseguiram fugir. As perdas aliadas foram de cerca de 1700 homens.
              Sabendo López que, após este severo teste em Paso Gomez, os Aliados não estavam intimidados com seus ataques, retraiu sua posição, recuando suas tropas em pequenos grupos e devagar. Continuou ainda mantendo sua linha avançada em Tayi e fortificou Humaitá. Ele também ordenou a construção de outra trincheira interna, nas terras altas, no local chamado Elevado Paso Pacu, na Laguna López, no meio leste do quadrilátero paraguaio. Ao longo desse elevado o Coronel Thompson planejou e iniciou nova linha de trincheira paralela da face sul do Bellaco e esta se juntava com a velha trincheira de Espinelo. Uma forte barreira foi construída no ângulo da velha trincheira à esquerda do Bellaco, sendo que a antiga trinceira foi desativada e os canhões ali fixados (150 peças) foram retirados: a artilharia de grosso calibre foi instalada em Humaitá e a mais leve, nas novas trincheiras em Paso Pacu, na retarguarda, ou envida como reforço para em Espinelo, localizado atrás de Humaitá.
              Talvez possa parecer espantoso para o leitor que o exército de López fosse ainda capaz de permanecer em Humaitá, após os aliados terem ocupado Tayi, no rio Paraguai, em sua retarguarda, mas para isso concorreu dois motivos: o primeiro, desatenção do esquadrão de encouraçados que não fez nenhuma tentativa de passar Humaitá e dominar o curso do rio, acima do forte; e o segundo, López conseguiu uma nova linha terrestre de abastecimento, aberta entre Timbo e Monte Lindo, que cruzava o Gran Chaco nas margens do rio Paraguai, abaixo de Tayi. Para se manter essa rota, uma bateria de 30 canhões foi instalada e uma forte destacamento foi colocada em Timbo, pois era uma posição de grande importância, devido sua localização de apenas 5 quilômetros abaixo de Humaitá e da rota de terra firme, através da qual todo suprimento era transportado para o forte.


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