Guerra do Paraguai

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              Quando os fortes Humaitá e Timbo foram atacados, López ordenou que toda população abondonasse Assunção em 24 horas e deveriam permanecer na cidade somente os militares. Esta ordem foi obedecida com pontualidade. A capital foi mudada para Luqui, uma vila situada a cerca de 15 quilômetros de Assunção, localizada ao lado da estrada de ferro. Três encouraçados brasileiros subiram de Tayi para Assunção, bombardearam a cidade no dia 22 de fevereiro, mas não fizeram nenhuma tentativa de ocupá-la e, ao ser confrontados pela guarnição local, retornaram para Tayi.
              A situação da força naval Aliada era peculiar: a flotilha de madeira operava abaixo da bateria de Curupaity, que não podia passá-la ou destruí-la; sete encouraçados dominavam o percurso do rio, acima de Curupaity, abaixo de Humaitá. De Humaitá para Timbo o rio estava em poder dos paraguaios, acima de Timbo até Tayi, era dominado por seis encouraçados que haviam passados pelas baterias. A frota em Tayi não tinha comunicação através do rio com seus camaradas abaixo de Humaitá e recebia suprimentos por terra, através de uma longa rota, que dava uma volta no campo inimigo.
              A posição de López, no entanto, era crítica no mais alto grau. Se tivesse o comando naval brasileiro deixado alguns encoraçados entre Humaitá e Timbo, Lopez e seu exército estariam cercados em Humaitá, pois a nova rota de comunicação entre Humaitá, através do Chaco, até alcançar Timbo, era feita através do rio, não existia terra firme nesse trecho. Devido a essa situação crítica, López estava apressado, não podia perder nenhum tempo, para evitar o cerco a seu exército. Os aliados poderiam a qualquer momento atacar novamente as baterias em Timbo e colocar alguns de seus encouraçados nesse trecho do rio, para fechar seu único caminho de escape.
              Os paraguaios, então, apressaram os preparativos para escapar o mais breve possível e eles contavam com dois vapores para transportar todos os equipamentos bélicos, suprimentos e os doentes, através do rio até passar Timbo. Toda artilharia foi retirada de Humaitá, exceto alguns canhões leves deixados em Curupaty – um, perto de Paso de Gomez, e 12, na face leste do quadrilátero, lado oposto ao exército aliado. Antes de escapar do cerco, Lopez fez uma tentativa para recuperar o comando do rio. Acreditando que ao capturar um encouraçado pudesse expulsar os brasileiros do rio, treinou um pelotão em nado em remo e com vinte quatro canoas, cada uma contendo 12 homens, ordenou um ataque, na noite de 10 de março, a dois encouraçados.
              "As canoas estavam conectadas de duas a duas, através de uma corda de 18 metros de comprimento, que serviria para enlaçar os navio, de forma que ficassem uma de cada lado do barco, para permitir os homens subirem ao convés. Aproveitando a escuridão da noite e o elemento supresa, pois somente poderiam ser vistos quando estivessem ao lado dos navios ou pulando para dentro dos mesmos. Quando remavam de encontro aos encouraçads algumas canoas perderam o alvo e foram carregadas pelas correntes do rio. Durante o ataque os marinheiros dos encoraçados se fecharam nos compartimentos e abriram fogo de metralhas, a partir das torretes, sobre os paraguaios que se encontravam no convés. Imediatamente dois outros encouraçados vieram em socorro e também abriram fogo com pequenos canhões e metralhas sobre os paraguaio que estavam exposto, causando terrível devastação. Nessa operação os paraguaios mataram um comandante de um encouraçado e alguns de seus marinheiros, antes que eles pudessem se proteger nos compartimentos blindados. Nesse ataque, cerca de duzentos paraguaios foram mortos, deixando cerca de cem corpos nos convés dos navios. Muitos dos atacantes foram mortos na água, quando tentavam alcançar as margens do rio a nado. Os brasileiros perderam cerca de quarenta homens". P. 253,254.
              López rapidamente transferiu seu exército para de Timbo. Ele deixou, em Humaitá, somente uma guarnição de 300 homens, cerca de 200 armas de fogo e um pequeno estoque de munição. No dia 3 de março, os paraguaios passaram por Timbo, carregando suas armas, suprimentos e doentes, numa difícil e árdua marcha através da terra desabitada, cortadas por pântanos, lagunas e rios até chegar a Monte Lindo, na parte superior do rio Paraguai.
              Os Aliados, no dia 21 de março, antes de atacar Humaitá, tomaram as trincheiras quase abandonadas, defendidas por um pequeno destacamento e não houve resitência e seguiram para a face sul, em Sauce; encontraram resistència na face leste, em Espinelo. No dia seguinte todos os paraguaios abandonaram suas antigas defesas, incluindo Curupaity e se concentraram em Humaitá. Neste mesmo dia, os encouraçados fundeados em Tayi, atacaram e tomaram as baterias em Timbo e se estabeleceram no local, cortando, deste modo, toda comunicação com o forte. "Humaitá estava isolado e sua guarnição não tinha como receber reforço ou suprimento".


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