Dados do exame físico
Os idosos costumam não exibir dispnéia ou ortopneia
típicas por estarem obnubilados; isso também pode ocorrer em jovens que têm,
em associação, choque cardiogênico. O paciente se apresenta taquipnéico com
incursões respiratórias curtas e superficiais; a cianose é freqüente.
A pressão sangüínea quase
invariavelmente está elevada, como decorrência do uso de mecanismos agudos
de compensação cardiovascular; a exceção óbvia é o indivíduo que também
desenvolveu o quadro de choque.
Por vezes, a TA diastólica se
apresenta > 120 mmHg, desafiando a argúcia do médico em determinar se isso
representa hipertensão maligna complicada com EAP ou o contrário.
Observar o fundo de olho à cata de
sinais típicos de hipertensão crônica é útil: um ECG mostrando hipertrofia
de VE também ajuda a diagnosticar hipertensão arterial sistêmica.
O ritmo cardíaco mais freqüente é a
taquicardia sinusal, mas o edema agudo de pulmão pode ter sido desencadeado
por fibrilação atrial em pacientes que dependem dessa contribuição atrial ao
enchimento ventricular (estenose mitral, IAM, cardiomiopatia hipertrófica).
Outras arritmias associada são:
taquicardias supraventriculares e ventriculares, bradicardia sinusal e
bloqueio AV total (3o grau).
A intensa congestão pulmonar, com
edema intersticial e alveolar, são evidenciados por tosse e dispnéia
intensa; estertores bolhosos e crepitantes (estes comprometendo mais que 50%
dos campos pulmonares, usualmente se estendendo das bases até ápices) e
mesmo sibilos são os sinais clínicos que revelam a grave alteração
fisiopatológica. Às vezes, é eliminado escarro espumoso com tonalidade de
sangue.
O detalhado estudo do precórdio e do
íctus, e a ausculta cuidadosa poderão revelar sopros e outros fenômenos que
revelam a natureza da cardiopatia subjacente. Entretanto, isso nem sempre é
possível, em função da exuberância de sons respiratórios.
Dados de Exames Complementares
O eletrocardiograma poderá revelar
IAM, arritmias ou sobrecarga de câmaras cardíacas; a radiografia de tórax
poderá exibir o clássico "edema em asa de borboleta", mas também ocorre
edema difuso ou mesmo unilateral.
A hemogasimetria arterial diagnostica
a insuficiência respiratória (hipoxemia com PaO2 < 60 mmHg) que surge na
fase de edema intersticial e piora quando sobrevêm o edema alveolar; cianose
é sinal de gravidade.
Se ocorre retenção de gás carbônico (hipercapnia),
com grave acidose respiratória, a tendência é o paciente ir à óbito, uma vez
que o pH torna-se catastroficamente baixo; essa complicação é
particularmente mais freqüente em indivíduos idosos, fatigados ou com
obnubilação.
O pH pode estar menor que 7,0, pois a
simultânea ocorrência de acidose respiratória e metabólica (acidose láctica,
decorrente da hipoxemia grave e do baixo débito cardíaco) tende a consumir
rapidamente os estoques corporais de bicarbonato; quanto mais reduzido a
débito cardíaco, pior a acidose.