VERAS

=====================================================================

 

 

  Groenlândia  
 
 

A BERNARDINO DE MIRANDA LIMA

 

 

 

 

Esta vasta região polar e curiosa,

tem uma tradição real e outra fabulosa.

É triste, horrenda, e fria, e estéril e escalvada:

sempre imensa no gelo está, petrificada.

Belos e atraentes são os visos das montanhas,

que tomam, dia a dia, ali, formas estranhas.

Se hoje assemelham tons, mais edifícios belos,

atalaias azuis e naturais castelos

em cujo interior jamais se viu adorno,

amanhã mirar-se-ão capelas tendo, em torno,

aparições fléxeis de gelo, flutuantes,

vaporosas, sutis, nevadas e tunantes...

Depois ver-se-á em mar giganteu desconforme,

quedam mil naus, mas naus de uma grandeza enorme!

 

 

 

 

Também soem ver-se ali, plantas altas, frondosas,

em bela fantasia, altivas e vistosas.

 

 

 

 

Ante o rico painel, o belo panorama

a irradiar sob a luz que lá do sol dimana,

vê-se tudo espelhando o seu gentil modelo,

em bela reflexão, nos ângulos do gelo.

 

 

 

 

Mas, quando chega ali um ar frio, pesado

e em tudo o que é de gelo entrando, encarcerado

é; preso e imóvel fica em dilação e mudo

até que faz, rugindo, em mil pedaços tudo!...

 

 

 

 

Como a natureza ali, nossa alma se extasia,

forma castelos no ar com o gelo fantasia;

e quando ela dá fim às obras opulentas,

tu, realidade (és o ar), altiva te apresentas,

em plena dilação; e, então, rugindo, espraias

e arrojas para além — castelos e atalaias!...

 

 

 

 

E maldizemos sempre o forte vandalismo

que nos roja do enlevo ao mais tristonho abismo.

 
 

 

Go to the Poem in English

Ir para o primeiro Poema

Ir para o anterior Poema

Ir para o próximo Poema

Ir para o último Poema

Ir para a Página de Abertura

Ir para o Menu em Português

Ir para o Sumário em Português