Guerra do Paraguai

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soldado paraguaio de bruço, Vitor Meireles

   Em 2005, completa 140 anos do início da Guerra da Tríplice Aliança, o terrível conflito que quase dizimou toda população masculina do Paraguai, além de ceifar milhares de vidas brasileiras, argentinas e uruguaias. Esta guerra, em seus detalhes, é quase desconhecida dos brasileiros e é de admirar que após 140 anos, alguns documentos ainda são mantidos em segredo, talvez eterno, como se a guerra fosse uma ameaça presente.
   As traduções constante deste site são de autores que viveram e participaram de alguma forma da guerra.


Causas da guerra:

CAPTURA DO NAVIO MARQUÊS DE OLINDA


Final guerra:

MORTE DE FRANCISCO SOLANO LÓPEZ



Introdução*

Trad. Eduardo Q. Galvão

      Entre os anos de 1864 e 1870, a pequena nação paraguaia lutou contra uma combinada força, contituída pelo Brasil, Argentina e Uruguai, na chamada guerra da Triplice Aliança.
      Também conhecida como a Guerra do Paraguai. Este conflito foi o mais sangrento de toda América Latina. Certamente, com exceção da Guerra Civil norte-americana, de todo hemisférico ocidental.
      E o mais desnecessário.
      O mais estúpido.
      Além das desavenças regionas, a guerra foi precipitada por dois personagens que dividiram um sonho, que se tornou o pesadelo de todos os envolvidos.
      O sonho que eles dividiram, não era inteiramente irrealístico, devido as circunstâncias do tempo, de tornar o Paraguai o centro de um império, que embraçaria a inteira região do Rio da Prata: o Paraguai, a Confederação Argentina, Uruguai e o Brasil - nação de língua portuguesa, maior em extensão territorial que todos os outros juntos, que sonhavam em hispanizá-la.
      O Uruguai e a Confederação Argentina, tendo se livrado do julgo do imperialismo espanhol, estavam sendo consumidos por uma devastadora guerra civil e para se firmar como nação independente destruiram uma convivência geopolítica pacífica. Ambos temiam o Brasil, um desajeitado gigante, cujo acesso ao interior, vital para seu desenvolvimento, dependia dos rios que podiam facilmente ser bloqueados pelo Paraguai. Os diplomatas, sem uma visão continental, entreviam como única esperança para a sobrevivência de cada nação, a desunião regional. Mesmo o Paraguai, embora o menos populoso e mais vulnerável geograficamente e politicamente, se vagloriava de ter o mais armado, o melhor treinado e o mais motivado exército, não somente entre as nações beligerantes, mas de toda América - certamente em todo hemiférico ocidental, sendo até superior ao exército da União no começo da Guerra Civil Americana.
      Este sonho, que Napoleão Bonaparte e sua Josephina, poderiam muito bem realizar. Francisco Solano López e sua amante Eliza Alicia Lynch, não eram Napoleão e Josephina, mas, no entanto, em ilusões, se imaginavam como eles.
      Madame Lynch, como era conhecida, era uma atraente aventureira irlandesa a procura de riqueza e glória. Seu amigo. também uum jovem atraente, era megalomaníaco a procura de alguém para alimentar seu admirável ego.
      Francisco Solano López, filho mais velho do Ditador-Presidente do Paraguai, Antonio López, visionava ser o imperador do Novo Mundo e esta ambição era estimulada - e dividida - por Eliza Lynch, uma jovem divorciada que se via uma imperatriz. Para uma garota do Condado de Cork, tal elevação na escala social, parecia mais infinitamente compensador - e decididamente mais respeitável - do que permanecer, como vivia, em Paris, durante o Segundo Império, como uma bem sucedida cortesã, fazendo seu comércio.
      O sonho tornou-se pesadelo, Argentina, Brazil e Uruguai emergiram como nações unificadas; as cidades paraguaias foram aniquiladas; a economia completamente completamente destruída; e a população masculina reduzida mais de 90 por cento. O que começou como um esquema para fazer do Paraguai a mais sofisticada e importante potência do continente sul americano, terminou como desastre que naufragou a desafortunada nação paraguaia num pântano de insignificância e atraso do qual ainda não emergiu.
      López tinha prometido, que a guerra que ele mesmo havia começado de forma constragedora e e inepta diplomacia e com infudada confiança em seus talentos como líder militar - encorajado durante cada passo de todo caminho por Madame Lynch -, não terminaria enquando ele não fosse morto. Ele cumpriu o prometido.
      Sua amante, também havia prometido vingar dos aristocratas paraguaios que a tinha rejeitado de forma humilhante, outro voto que também foi cumprido.
      O último gesto desafiante de López foi declarar "Yo muero con mi patria" ("Eu morro com minha pátria", embora a declamação mais apropriada teria sido "Meu país morre comigo").
      O último gesto desafiante de sua amante foi fugir para Europa com todas as riquezas que roubou daqueles que tinham desdenhado dela - a riqueza que ela e seu amante expropriaram de forma sagaz, vergonhosa e ostensivamente, para ajudá-los a construir seu sonho impossível.
      Hoje, os dois são hoje reverenciados como grande herói e heroína paraguaios.

*O presente texto foi traduzido da introdução do Livro "Madame Lynch & Friend", Marvin Alyn Brodsky, 1975, Harper & Row. Publishers. Inc., New York.

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