
Estigma de físico maluco
É uma hipótese tão doida que Thorne viu-se diante do risco de ser
chamado exatamente disso: doido. Tornou-se muito zeloso da imagem de
seus colaboradores, Michael Morris e Ulvi Yurtsever, além da sua
própria. Tanto que, em seu livro, escreveu que temia "que a
reputação científica de Morris e Yurtsever fosse manchada com o
estigma de físicos malucos de ficção científica". Decidiu não falar
mais sobre o assunto com a imprensa. Procurado pela SUPER, apenas
reafirmou, por telefone e pela Internet, sua opção pelo silêncio.
Morris foi mais claro: "Muitas coisas que dizemos não significam o
que normalmente a imprensa acha que significam. Nós não
gostamos de ver esse assunto ser sensacionalizado e ninguém quer ser
acusado de ter contribuído para a sua sensacionalização". A SUPER,
com esta reportagem, cumpre seu papel de informar, revelando a
importância que Thorne e Morris deram à pesquisa sobre o tempo. Como
diz o físico brasileiro Carlos Escobar, do Instituto de Física da
Universidade de São Paulo, "o tema, sem dúvida, deve ser coberto
pela imprensa. Com toda a seriedade."
As viagens no tempo
ainda não estão garantidas por vários motivos. Tecnologicamente, nem
se fala. Se é que existem de fato, os wormholes têm um peso bem
maior que o do planeta Terra. Não existe veículo capaz de carregar a
boca de um monstro desses, como seria necessário para montar uma
máquina do tempo. Mas o maior problema é teórico. Porque a origem
dos wormholes tem a ver com a energia espalhada pelo espaço. Mesmo
onde não há nenhum átomo ou fragmento de átomo, existe luz e força
gravitacional, e isso é energia. Ou melhor, é um caos: a energia, em
vez de se espalhar por igual, pode muito bem, sem aviso prévio,
acumular-se de forma brutal num ponto qualquer. Pois aí poderiam
nascer os wormholes.
A antigravidade
existe? |