
A
anti-gravidade existe?
Mas há dois problemas. Primeiro: eles surgem e somem num piscar de
olhos. Tão rápido que nem dá tempo de transformá-los em túneis do
tempo. Segundo problema: no nascimento, eles seriam infinitamente
pequenos. Seria preciso achar alguma coisa que pudesse aumentar o
tamanho do wormhole e mantê-lo aberto durante um período maior. Essa
"alguma coisa", para Thorne, seria matéria com gravidade negativa,
ou antigravidade. De novo, ele se socorreu na Teoria da
Relatividade, segundo a qual dois fatores produzem gravidade. Um é a
massa, sempre positiva. O outro é uma pressão que a massa cria à sua
volta, e a pressão tanto pode ser positiva (de fora para dentro)
quanto negativa (de dentro para fora). Em algumas situações, a
gravidade da pressão
negativa supera a da massa. Portanto, sobra gravidade negativa. A
matéria nessas condições seria útil. Ela serviria para manter o
wormhole aberto e aumentá-lo. Os argumentos de Thorne convenceram
diversos cientistas, que agora tentam projetar um "gerador" de
wormholes. O italiano Claudio Maccone, do Centro de Astrofísica de
Turim, acredita que um eletroímã pode dar conta do recado. Ele
começou a fazer contas em 1994, concluindo que o eletroímã
precisaria ter no mínimo 3 quilômetros de comprimento.
O wormhole resultante teria baixa densidade, o que não é o ideal.
Mas poderia alterar a trajetória de um raio de luz, e se isso
acontecer é sinal de que a idéia do eletroímã funciona. Outros
estudiosos resolveram olhar para o céu em busca de wormholes
naturais, gerados de alguma forma durante a evolução do Universo, e
que podem ser gigantescos. Se eles tiverem gravidade negativa, devem
criar efeitos de luz marcantes, como as imagens duplas.
É o que sugere John Cramer, da Universidade do Estado de Washington.
Por isso, caso uma estrela apareça com a imagem duplicada, é muito
provável que ela esteja passando por trás de um wormhole. Dos
grandes. E será magnífico captar esse efeito na Terra. Teríamos uma
demonstração de que a antigravidade expande mesmo o wormhole.
Teríamos também um "sim" da natureza para as mais ousadas
conjecturas já feitas sobre o tempo
O Paradoxo dos irmãos gêmeos |