
Segundo seus biógrafos, Kepler
era um místico torturado, que chegou às suas descobertas tateando
entre o erro e o acerto. Tentando provar uma coisa, descobriu outra,
e nos seus cálculos cometeu muitos erros, que se cancelaram
mutuamente.
Johannes Kepler(1571-1630), era filho de
mercenário. Pretendia originalmente entrar para a Igreja Luterana e
estudou em Tubingen, onde se entusiasmou pela astronomia, passando a
adotar a teoria copernicana, mostrando-se hábil matemático, a ponto
de ser convidado a ser professor de matemática em uma das escolas
luteranas de Graz.
Kepler praticou a astrologia e em Graz
publicou um calendário profético, que tornou a sua reputação quase
lendária. Ele acreditava na harmonia do universo e na existência de
uma relação entre o cosmos e o indivíduo - por isso a sua inclinação
pela astrologia.
A sua inclinação pela Teologia dava-lhe
crença nos desígnios divinos do universo, o que o conduziu ao que
acreditou ser uma grande descoberta, sendo publicada em 1597, em um
livro mais conhecido como "Mistérios do Universo". Esta
descoberta era de que, usando a cosmo copernicano, com o Sol no
centro, poderia colocar nos espaços entre as esferas que continham
os seis planetas em suas órbitas, os cinco poliedros regulares da
geometria euclidiana. Um cubo entre as esferas de Júpiter e Saturno;
um tetraedro entre as esferas de Júpiter e Marte, e assim por
diante. Como só há cinco poliedros regulares, Kepler acreditava
haver encontrado a chave do Universo, a razão porque só havia seis
planetas, e estes espaçados do modo como os astrônomos haviam
determinado. Uma argumentação mística-matemática, que demonstrava a
natureza de Kepler.
A perseguição religiosa leva Kepler e
sua família a abandonarem Graz, indo para Praga em 1600 onde se
encontra com Tycho Brahe, que falece no ano seguinte, sendo então
designado "matemático imperial". Kepler foi instado por Tycho nos
momentos finais de sua vida, a analisar suas observações
planetárias, e formular novo conjunto de dados planetários - as
Tabelas rodolfinas - que acreditava, iriam confirmar suas próprias
teorias acomodatórias e provar que o esquema de Copérnico era
insustentável.
Por esta época Kepler observava o
movimento planetário de Marte, tendo levado muitos anos para
concluir que o movimento de Marte não se comportava nem como as
teorias de Tycho, nem de acordo com a teoria copernicana. Apesar de
suas idéias preconcebidas a respeito da harmonia do Universo, Kepler
ateve-se somente às suas observações.
Seu trabalho é publicado em 1609, em ,"A
Nova Astronomia". Seus resultados contrariam a tradição, tudo
aquilo que os gregos e os astrônomos tinham considerado sagrado.
Mostrou que Marte orbitava em torno do Sol segundo uma elipse. A
órbita circular dos gregos e a crença em um movimento planetário
uniforme estavam enterrados. Após examinar todas as observações de
Tycho Brahe, tornou-se evidente que os outros planetas se
comportavam da mesma maneira. Entre 1619 3 1621, publicou uma
descrição em três partes, em seu "Epítome da astronomia
copernicana".
Kepler apresenta um sistema
universal de estrelas fixas no espaço, um Sol fixo, e uma única
órbita elíptica para cada planeta, com uma adicional para a Lua.
Embora suas elipses possam ser consideradas quase como círculos,
como no sistema de Copérnico, da descrição planetária. Entretanto,
afastou a idéia de que todas as órbitas planetárias teriam como
ponto médio o centro da órbita terrestre.
1a
lei - A órbita de cada planeta é em forma de elipse, com o Sol
localizado num dos focos.
2a
lei - Em quaisquer intervalos iguais de tempo, uma linha traçada
do planeta ao Sol, varrerá áreas iguais.
3a
lei - Os quadrados dos tempos de revolução de quaisquer dois
planetas ao redor do Sol são proporcionais aos cubos das suas
distâncias médias ao Sol.
As leis de Kepler estabelecem que
os planetas devem mover-se mais rápido quando perto do Sol (
periélio ), e mais devagar quando distante do Sol (
afélio ), o que explica a aparente irregularidade do
movimento dos planetas nas suas órbitas em torno do Sol. E a
terceira lei estabelece que em qualquer sistema de satélites é
impossível que estes se movam com uma velocidade qualquer, a
distância qualquer do centro. Uma vez escolhida a distância, a
velocidade fica definida. As leis de Kepler não explicam
porque a órbita dos planetas é elíptica e percorrem áreas iguais em
tempos iguais. Também não explica porque a relação período-distância
se mantém. Nem diz respeito a queda dos corpos.
Kepler
merece consideração por ter sido o primeiro cientista a perceber que
o conceito de Copérnico da Terra como planeta, e as
descobertas de Galileu, exigiam a existência de uma Física
só para o movimento dos objetos terrestres e celestes.
Entretanto, era ainda muito apegado a Física de Aristóteles,
acreditando inclusive que a Sol
exercia ação do tipo magnética sobre os planetas. Essa força algumas
vezes chamada anima motrix - não agiria em todas as direções,
mas num único plano, o plano da eclítica, no qual estariam
situados todos os planetas .
As dificuldades salariais de Kepler em
Praga, e a morte da esposa e filho mais velho em 1611, são exemplos
das circunstâncias nas quais vivia. Praga é sacudida por uma
revolta, tendo Rodolfo, patrocinador de Kepler abdicado. Emigra em
1612 para Linz onde "Epítome" e "Harmonia" são
publicados, tendo se casado outra vez. Mas em 1625 é forçado a ir
para Ulm, onde as "Tabelas rodolfinas" aparecem pela primeira
vez em 1627, vindo a falecer três anos depois.
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