Romantismo
 

- José de Alencar -

  José Martiniano de Alencar nasceu a 1º de maio de 1829, em Mecejana, Ceará. Filho de um senador do Império, muda-se para o Rio de Janeiro ainda menino, e assiste, em sua casa, às reuniões que tramavam a maioridade de D. Pedro II. Em 1859 ingressa na política, atuando pelo Partido Conservador. Elegeu-se deputado provincial pelo Ceará e, alguns anos mais tarde, chegou a Ministro da Justiça. Abandona a carreira política e passa a fazer oposição ao Imperador, após ser preterido pelo mesmo para o posto de Senador (na época, um cargo vitalício). Morre, tuberculoso, em 12 de dezembro em 1877, no Rio de Janeiro.
  Foi o consilidador do romance, com sua obra caindo no gosto popular. Seus romances são um retrato de suas posições políticas e sociais: grande proprietário rural, político conservador e monarquista, escravocrata, um nacionalista exagerado. Todas essas posições, principalmente o

nacionalismo, transparecem em seus livros (inicialmente de forma espontânea e por fim premeditadamente). A sociedade ideal para o autor também está descrita em seus romances: ao chefe, ao "senhor", ao proprietário, tudo (dinheiro, obediência, respeito e lealdade). Uma sociedade que só interessa ao grande proprietário rural (como o próprio Alencar), daí as críticas do romancista a certos costumes urbanos.
  Alencar defende o "casamento" entre o nativo e o europeu colonizador, numa troca de favores (o primeiro ofereceria a terra virgem, enquanto o segundo, a cultura). Disso resultaria o Brasil independente. Isto é claramente percebido em "O Guarani", na relação de "Peri" com a família de "D. Antônio de Mariz"; e em "Iracema" (anagrama de "América"), na relação da índia com o português "Martim" ("Moacir", filho de "Iracema e Martim", o primeiro brasileiro, é fruto desse casamento).
  Outro aspecto importante, a ser considerado na obra de Alencar, é o medievalismo, bem explícito em "O Guarani".
  Didaticamente, a obra de Alencar pode ser dividida em:
- Romances urbanos ou de costume - retratam a sociedade do Rio de Janeiro no II Reinado, apontando alguns aspectos negativos da vida urbana e dos costumes burgueses. Esses romances giram em torno de intrigas de amor, desigualdade econômica, mas com final feliz, onde o amor sempre vence. São eles: "Cinco Minutos"; "A Viuvinha"; "Sonhos d' Ouro"; "Encarnação"; "Lucíola"; "Diva"; e "Senhora".
- Romances históricos - voltados para o período colonial (embora os romances indianistas também possam ser considerados históricos). São eles: "As Minas de Prata" (retrata o início da procura de metais); e "A Guerra dos Mascates" (reconstitui a luta entre Olinda e Recife).
- Romances regionais - mostram o íntimo relacionamento entre o homem e o meio físico. Suas duas obras regionalistas são: "O Sertanejo" e "O Gaúcho". Quando descreve o nordestino, o autor aproxima-se mais da realidade, pois era conhecedor do homem e da região. No retrato do gaúcho e de sua região, o autor comete erros, provocados pelo desconhecimento quase total da região Sul. Nos dois livros percebe-se a idealização (seus personagens são moldados a partir do conceito do "bom selvagem").
- Romances rurais - não totalmente isentos do caráter regionalista, são obras voltadas para o meio rural: "Til" (retrata as fazendas de café no interior de São Paulo); e "O Tronco" (retrata a fazenda Nossa Senhora do Boqueirão, no norte do Rio de Janeiro).
- Romances indianistas - foi o gênero que trouxe maior popularidade a Alencar. Além do indianismo que reflete o nacionalismo e a exaltação da natureza pátria, há uma grande preocupação histórica. Seu índio é um super-herói, de cultura, modo de agir e falar europeizados. São três romances: "O Guarani"; "Iracema"; e "Ubirajara".