Os autores do
Realismo são adeptos do determinismo, pelo qual a obra de arte seria determinada
por três fatores: o meio; o momento; e a raça (esta dizendo respeito à
hereditariedade). O avanço das ciências, no século XIX, tem grande influência,
principalmente sobre os naturalistas (daí falar-se em cientificismo nas
obras desse período).
Ideologicamente, os autores desse período são autimonárquicos
(defendem o ideal replubicano); negam a burguesia (a partir da célula-mãe
da sociedade, daí a presença constante dos triângulos amorosos - o pai
traído, a mãe adúltera e o amante, este sempre um "amigo da casa"); são
anticlericais (destacam-seos padres corruptos e beatas hipócritas).
- Romance realista
É uma narrativa mais preocupada com a análise psicológica,
fazendo crítica à sociedade a partir do comportamento de determinados
personagens. Faz uma análise da sociedade "por cima", visto que seus personagens
são capitalistas, pertencentes à classe dominante.
Este tipo de romance é documental, sendo retrato de uma época.
Foi cultivado no Brasil por Machado de Assis, em obras como
"Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba" e "Dom Casmurro".
- Romance naturalista
Sua narrativa é marcada pela análise social a partir dos
grupos humanos marginalizados, valorizando o coletivo. A influência de
Darwin é marcante na máxima naturalista segundo a qual o homem é um animal,
deixando-se levar pelos instintos naturais, que não podem ser reprimidos
pela moral da classe dominante. A constante repressão leva às taras patológicas,
bem ao gosto dos naturalistas; esses romances são mais ousados, apresentando
descrições minuciosas de atos sexuais, tocando até em temas como o homosexualismo.
Foi cultivado no Brasil por Aluísio de Azevedo ("O Mulato"),
Inglês de Sousa e Júlio Ribeiro. Raul
Pompéia é um caso a parte, pois seu romance, "O Ateneu", apresenta
características ora naturalistas, ora realistas, ora impressionistas.
Existem várias semelhanças entre o romance realista e o naturalista,
podendo-se até mesmo afirmar que ambos partem de um ponto comum para chegarem
a mesma conclusão, sendo que percorrendo caminhos distintos.
- Parnasianismo
É a manifestação poética do Realismo, sendo uma estética
preocupada com a "arte pela arte" ou a "arte sobre a arte", com seus poetas
à margem das grandes transformações do final do século XIX e início do
século XX. Essa estética manifesta-se no final da década de 1870. Sua
influência básica é francesa, a partir do nome, uma alusão às autologias
publicadas na França a partir de 1866, com o título de "Parnase contemporain".
Caracteriza-se por uma postura anti-romântica, baseando-se
no binômio objetividade temática / culto da forma. A objetividade temática
surge como negação ao sentimentalismo romântico, buscando a impassibilidade
e a impessoalidade. Retoma-se a Antigüidade Clássica, com seu racionalismo
e formas perfeitas. Surge a poesia filosófica, de meditação, porém artificial.
O seu traço mais comum é o culto da forma (forma fixa representada
pelos sonetos; a métrica dos versos alexandrinos perfeitos; rima rica,
rara e perfeita).
Como nomes dessa corrente, podem ser citados: Alberto
de Oliveira, Raimundo Correia, Olavo
Bilac e Francisca Júlia.
Via Láctea
- Soneto XIII
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A vida láctea, como um pálido aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procura pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
(Olavo Bilac).
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