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- Humanismo
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Os
últimos séculos medievais foram marcados por crises em todos os aspectos
da vida social. Forma-se uma nova concepção de mundo, um novo sentimento
de ser humano. O Feudalismo entra em decadência, esgotado por guerras
constantes que, aliadas às epidemias, fazem escassear a mão-de-obra rural
e a produção agrícola. O poder político se concentra mais nas mãos dos
reis, cuja autoridade, até então, se restringia aos limites dos feudos
reais. Fortalecidas, as monarquias afirmavam sua independência em relação
à Igreja e já não aceitavam tanto sua intromissão nos assuntos de Estado.
Por outro lado, já desde o século XI a atividade mercantil se reativara
e, em torno dela, a cidade, a vida urbana e um novo grupo social: artesãos
e burgueses se ocupavam mais com os lucros da vida terrena do que com
a recompensa da vida eterna. Nesta nova classe intermediária haviam setores
hierarquizados: o patrão e o obreiro, os mestres e os aprendizes. Os mais
ricos almejam o prestígio da nobreza, os mais pobres lutam por seus salários.
Emerge como novo indicativo de riqueza e poder, ao lado da terra, o dinheiro.
O conhecimento circulava mais agilmente pela cidade; a invenção
da Imprensa (Gutemberg - 1450), vem dinamizar definitivamente este processo,
tirando da Igreja a posse do acervo cultural: as obras podiam ser reproduzidas
em menor tempo e maior quantidade, propiciando a formação de bibliotecas
fora dos mosteiros. Embora o padrão cultural e intelectual ainda seja
aquele sinalizado pela nobreza e pelos setores eclesiásticos, é a classe
média quem financia a cultura e a vida urbana que fornece seus temas.
Assim, a conformação psicológica do burguês, mais centrada na observação
e no raciocínio, assume um papel importante na produção cultural. O "conhecer
pela observação" substitui gradativamente o "conhecer pela fé". Deus lentamente
desloca-se do centro da atenção do homem, que começa a prestar atenção
em si mesmo. É o movimento humanista que prepara uma definitiva transformação
na concepção do mundo: o antropocentrismo que se concretizará nos séculos
seguintes.
Esses novos valores, assumidos pelo homem a partir do século
XIV, deixarão sua marca na produção artística: na pintura, a figura humana
ganha forma, expressão e proporção; a música torna-se polifônica, a arquitetura
gótica agoniza.
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